Qual o melhor programa de lavagem de um partido e/ou de um político?
A quente ou a frio?
Os partidos e os políticos são como a roupa que usámos, é necessário lavar de vez em quando. A questão essencial, no caso dos partidos, é saber qual o melhor programa de lavagem a executar para que a lavagem resulte, sem deixar manchas, sem encolher ou causar outros danos.
No caso da roupa, a situação é bastante mais simples, a menos que seja uma daquelas nódoas impossíveis, senão basta ler as instruções de lavagem na etiqueta e já está.
Já em relação aos políticos a coisa é sempre mais complicada, porque na maioria dos casos estes não possuem etiqueta, e os que inicialmente a tinham já se desfizeram dela.
A sujidade na política portuguesa é de tal forma grande que, é possível que não exista programa capaz de a eliminar.
A imundice política alcançou proporções impensáveis nos últimos tempos, então os partidos, nomeadamente os do governo, não sabendo mais o que fazer para pelo menos aparentar alguma brancura foram até Belém. Consta que por lá habita alguém que é mestre em limpezas. Os partidos entraram em Belém quase irreconhecíveis pela sujidade que os envolve. Perguntaram ao mestre de limpezas: “Imaculado mestre, necessitamos de vós para nos limpar”, ao que o mestre retorquiu: “Que nódoas tão grandes meus queridos, como pôde isso acontecer?”, perguntou-lhes. “Sabe mestre, ele empurrou-me e eu estatelei-me no chão e fiquei neste estado” respondeu um deles com olhar cabisbaixo. “Então, e tu que o empurráste como ficáste tão imundo?” perguntou o mestre. “Mestre, quando ele estava no chão envolto de porcaria puxou-me e eu também caí no chiqueiro”, disse o outro.
O mestre de limpezas viu-se perante um cenário impossível de limpar. Foi então que ambos os partidos coligados pela sujidade sugeriram: “olhe mestre, e se nós repartirmos a sujidade consigo?! Dividida por 3 vai parecer menos sujo. Que lhe parece?”. O mestre foi peremptório e disse: “amigos, apesar da minha boa vontade, não poderei aceder a esse vosso pedido, pois estou tão ou mais sujo que vós. Olhai bem para mim e vede”. “Mas mestre...” diz um deles, “...ouvimos dizer que vossa alteza tem aqui um programa de lavagem especial que limpa tudo”. “É verdade!” retorquiu o mestre e acrescentou, “mas para poder lavar sem danificar é necessário ler as nossas etiquetas e...”. “Mestre, nós não temos etiqueta”, interromperam os dois partidos em uníssono, “...mas o nosso querido e amado mestre tem...”. Agastado com a conversa, o mestre replicou: “eu tenho, mas também ela está coberta de nódoas muito feias”.
O mestre pôs-se a pensar... Pensou! Pensou! Pensou! Até que, finalmente, o mestre de limpezas apresenta uma sugestão: “Já sei, vou chamar outro partido e vocês repartem a sujidade com ele. Mesmo que isso não aparente maior limpeza no vosso caso, seguramente significará maior sujidade para ele e assim não haverá termo de comparação. Que vos parece?”. Eles responderam: “Brilhante, mestre!”.
Desde então, os 3 partidos têm participado no programa de lavagem concebido pelo mestre de limpezas. Este programa tem uma duração de vários dias (e noites) e consiste numa intransigente e impetuosa esfrega mútua até que a sujidade se dissipe ou, na pior das hipóteses, que se homogeneíze entre todas as partes envolvidas.
Entretanto, considerando que a intensidade da esfrega pode resultar numa majestosa e excrementosa ejaculação, o mestre de limpezas decidiu refugiar-se a mil kilómetros de distância, numa tentativa desesperada de não ser atingido e engolido pela porcaria que ele próprio criou.
Em breve, teremos o resultado deste programa de lavagem. Parece que estou a ver os 3 partidos e o mestre de limpezas de mãos dadas, anunciando ao país que “branco mais branco não há”, apesar de aos nossos olhos não poderem estar mais sujos.
Eu acredito que toda esta porcaria só poderá ser removida num programa de lavagem manual, ao estilo das lavadeiras do rio, com muito sabão, águas correntes e muita porrada contra as pedras. Só as mãos do povo humilde e honesto terão o poder para eliminar tamanhas nódoas.
Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.