Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

RAPIDINHA

Diz o gajo que proibiu o exercício da actividade política a vários partidos da oposição e que cancelou a realização de eleições no seu país.

Resumo do Conselho de Ministros

- Passos Coelho entra na sala, já com a presença de todos os ministros, excepto a de Paulo Portas.

- Passos senta-se e diz: "Em primeiro lugar gostaria de dar os bons dias a todos os presentes...".

- Cristas interrompe-o dizendo: "Sr. Primeiro-ministro, olhe que o senhor vice-primeiro-ministro, o Sr. Dr. Paulo Portas ainda não chegou!"

- Albuquerque riposta: "Não faz mal! É melhor avançarmos senão não saímos daqui."

- Pires de Lima exalta-se: "Ou esperamos pelo Paulinho ou demito-me já!"

- Machete pergunta: "Alguém sabe onde se liga o computador?"

- Maduro e Moreira da Silva sentam-se na mesma cadeira e telefonam a Marques Mendes, dizendo que ainda há lugar para ele.

- Aguiar Branco, Miguel Macedo, Crato e Marques Guedes juntam-se para um poker (a dinheiro)

- Paulo Macedo faz de dealer.

- Paula Teixeira da Cruz diz que basta de impunidade.

- Mota Soares olha para todos sem pestanejar.

- Passos toma a palavra: "Bom, já estamos aqui fechados há cerca de 1 hora, pelo que sugiro uma pequena pausa nos trabalhos." Apenas uma indicação para não abandonarem as imediações da sala. "Não quero que pensem que aqui há lugar para cafezinhos e pândegas."

- Saem todos para pausar no corredor.

- Portas chega com 1h30 de atraso.

- Portas pergunta: "Mas que regabofe vem a ser este? Já não se pode ficar com a gravata presa na fotocopiadora, que é logo dia santo na loja?" E com ardor, berra: "Todos lá para dentro, já!"

- Passos é o primeiro a entrar e puxa a cadeira para Portas se sentar.

- Aguiar Branco, Miguel Macedo, Crato e Marques Guedes apressam-se a limpar a mesa de jogo. Aguiar branco recolhe as fichas, Macedo as cartas, Crato e Marques Guedes recolhem e dobram, com esmero, a toalha verde.

- Machete guarda o dinheiro no seu bolso.

- Cristas informa Portas que Albuquerque queria iniciar a reunião sem ele.

- Portas não aguenta e demite-se. Sai da sala e bate com a porta.

- Passos vai a correr atrás dele e implora-lhe que volte.

- Machete aproveita e saca a carteira a Passos.

- Portas diz que é irrevogável, a menos que Passos lhe prometa que o indicará para comissário europeu.

- Passos telefona a Cavaco; Cavaco diz que sim.

- Portas entra na sala de mãos dadas com Passos e este puxa a cadeira para Portas se sentar.

(Prossegue a reunião... já passaram 3 horas).

- Passos pede autorização a Portas para reconduzir os trabalhos.

- Portas pergunta ao ouvido de Pires de Lima e este diz-lhe que sim. Portas concede autorização a Passos.

- Passos diz a todos os presentes que é necessário aprovar o Documento de Estratégia Orçamental (DEO) e que todos os ministros presentes terão que contribuir com soluções.

- Machete consegue ligar o computador e verifica 129 e-mails, 352 tweets e 4824 posts, todos vindos de Aguiar Branco, Miguel Macedo, Crato e Marques Guedes perguntando-lhe pelo dinheiro do poker.

- Machete diz que não se lembra, que nunca jogou poker na vida e que não entende porque recebeu tantos e-mails, tweets e posts de gente que nem sequer conhece.

- Pires de Lima exalta-se e manda retirar todas garrafas de água do Luso e exige que se compre garrafas Vitalis.

- Cristas tem uma pequena discussão ao telefone sobre fraldas e papas.

- Machete aproveita para colocar as maozinhas dentro da carteira da ministra.

- Maduro e Moreira da Silva estendem uma toalha e fazem um piquenique em cima da cadeira. Telefonam a Marques Mendes a perguntar se quer aparecer. Mendes pergunta se há lugar para Rangel na cadeira.

- Paulo Macedo (ao telefone) manda cancelar todas as encomendas de algodão e gaze para os hospitais.

- Mota Soares passa os olhos pelo catálogo da Piaggio. Está tão compenetrado que nem pestaneja.

- Teixeira da Cruz recebe uma chamada telefónica do BCP e desabafa: "Basta de impunidade."

- Passos lembra todos os presentes que já se passaram 4 horas e que o restaurante tem hora de almoço marcada, pelo que devem apressar-se na apresentação de sugestões, para fechar o documento.

- Portas telefona para todas as empresas de sondagem e pede "dois dígitos” para o CDS-PP.

- Pires de Lima telefona para Leça do Balio e manda vir 40 cubas de super bock para as comemorações dos 40 anos do 25 de Abril. Do outro lado dizem-lhe que já é dia 28 de Abril, ao que Pires de Lima respondeu: "Então entreguem em minha casa."

- Machete aproveita a distracção de Pires de Lima e, sem hesitações, fana-lhe a carteira.

- Teixeira da Cruz recebe outra chamada da EDP, que lhe informa que a empresa prevê aumentar os lucros este ano e consequente redistribuição de lucros para os accionistas. Teixeira da Cruz sorri, manda beijinhos para Catroga e diz que basta de impunidade.

- Paulo Macedo envia um sms a cancelar todas as encomendas de compressas e betadine nos hospitais.

- Machete telefona a Dias Loureiro a perguntar se já tem tudo tratado com Relvas sobre as pendências com as ex-colónias.

- Passos ouve a conversa e diz que quer 20%, pois tudo o que vem de África interesa-lhe e que não há político mais africano que ele (nem Obama).

- Portas pergunta se os mares africanos têm profundidade suficiente para receber submarinos.

- Mota Soares termina de ler o catálogo da Piaggio e sem pestanejar, telefona para um concessionário da Audi e encomenda o novo A8.

- Maduro e Moreira da Silva terminam o piquenique e tentam puxar Marques Mendes (que se encontra às cavalitas de Rangel) para cima da cadeira.

- Desesperados com a perda do dinheiro do poker, Aguiar Branco, M. Macedo, Crato e Marques Guedes telefonam a Oliveira e Costa para tentar entalar Machete.

- Oliveira e Costa pede para aguardar e telefona a Cavaco...

- Albuquerque mira Portas de esguelha e diz que cortar 1400 milhões não chega. Sugere um swap e a privatização da EDP e da REN. Logo de seguida perguntou: "Quem sou?", "O que faço aqui?"

- Teixeira da Cruz levanta-se e diz que basta de impunidade.

- P. Macedo telefona a todos os hospitais públicos e Unidades de Saúde Familiar,  ordenando a proibição da entrada de doentes nestes locais.

- Maduro, Moreira da Silva e Marques Mendes divertem-se aos pulos em cima da cadeira.

- Rangel está sentado debaixo do acento, amuado e a fazer birra. Telefona a Durão Barroso e pergunta-lhe se ele tem alguma coisa a ver com o lugar que lhe atribuíram. Em todo o caso, exige a Barroso que lhe peça desculpa.

- Portas dá um murro na mesa e diz que Portucale é um caso perdido.

- Passos tenta corrigi-lo e diz: "o Dr. Portas quis dizer, Portugal...".

- Portas responde: "Portugal também."

- Duarte Lima telefona e acorda Machete. Diz-lhe que a PJ não descobriu o outro cofre que ele tem atrás da sanita. Machete suspira, mete a mão no bolso de Portas e volta a adormecer.

- Entretanto Teixeira da Cruz é informada que o caso BPN não avança porque os computadores que contêm o processo são arcaicos. A ministra abana a cabeça, diz que não há dinheiro para computadores novos e que basta de impunidade.

- Machete acorda em sobressalto e apodera-se da carteira da ministra.

- Passos liga o aparelho de videoconferência e diz: "Atenção! Temos a Sra. Merkel em linha".

- Levantam-se todos e, em uníssono, gritam: "Heil mein Führer!"

- Merkel diz: "Olha lá Coelho! Já te enviei por e-mail um documento com todos os cortes que tens que implementar, custe o que custar. É para obedecer sem perguntas. Fui!"

- A videoconferência durou apenas 88 segundos, tempo mais que suficiente para Machete fanar o cartão de crédito à Sra. Merkel.

- Passos pede autorização a Portas para concluir a reunião.

- Portas pergunta a Pires de Lima se autoriza e este diz que sim.

- Ao fim de 5 horas, Passos agradece o excelente contributo de todos para a elaboração do documento e informa a comunicação social que, em breve haverá uma declaração, logo que o documento seja traduzido de alemão para português.

- Passos informa que o almoço está prestes a ser servido, mas que Marques Mendes e Rangel têm que pagar do seu bolso.

- Saem todos para almoçar.

25 de Abril, sempre!

O 25 de Abril de 1974 foi, na minha opinião, o maior acontecimento na sociedade portuguesa em todo o século XX. Contudo, tem sido muito depreciado nos últimos tempos. Uns porque não conseguem identificar na sociedade actual os valores defendidos na Revolução de Abril, outros simplesmente porque não concordam com os valores da Democracia e da Liberdade.

 

Mas, 40 anos depois, existe Democracia em Portugal? Se atendermos ao facto do nosso sistema político-governativo ser composto pelos chamados "representantes eleitos", poderíamos dizer que sim. Mas, uma verdadeira Democracia encerra-se com o acto eleitoral livre e com o direito igualitário ao voto?

 

A minha resposta é NÃO! Uma verdadeira Democracia não se esgota na liberdade de expressão e direito ao voto. A verdadeira Democracia deve reflectir a participação e vontade dos cidadãos, principalmente no período que se segue às eleições. Por exemplo, quando vou votar numa eleição para a Assembleia da República, eu voto nas propostas que um dado partido político apresentou previamente. Imaginemos que esse partido se torna o mais votado, conseguindo uma maioria no parlamento. Mas, contrariamente ao programa eleitoral apresentado antes das eleições (em que eu e a maioria dos eleitores votámos), os governantes e deputados eleitos desatam a governar em sentido contrário. Que tipo de Democracia é esta? Onde os ditos "representantes eleitos" legislam e governam contrariamente à vontade dos que neles votaram. Trata-se de uma Democracia pouco ou nada representativa, porque os eleitores votam nas ideias e não na discricionariedade de meia dúzia de indivíduos.

 

Na verdade é este tipo estranho de Democracia que vigora em Portugal. Temos um governo suportado por uma maioria parlamentar, que decide como quer e lhe apetece, na esmagadora maioria das vezes contra os desejos da esmagadora maioria dos cidadãos. Tudo isto em nome de um interesse que, indubitavelmente, não é o interesse da maioria dos portugueses. Portanto, 40 anos depois do 25 de Abril, estou em condições de afirmar que a Democracia não é o sistema vigente em Portugal.

 

Esta manhã, tivemos uma pequena demonstração do que é um poder de costas voltadas para os cidadãos. Nas comemorações dos Capitães de Abril no Carmo, estavam milhares de pessoas embuídas do verdadeiro espírito democrático. Na Assembleia da República estavam os políticos, que na sua maioria são democratas autodeterminados e as moscas que invariavelmente neles pousam.

 

Já a comunicação social, como sempre, deu o devido destaque a quem não merece e concedeu umas notas de rodapé àqueles que, especialmente neste dia, deveriam ser homenageados e ouvidos. Pelo menos, deu para rir com o discurso de Cavaco Silva, que optou por não colocar um cravo na lapela, tal como quase todos os deputados da maioria de direita. Um cravo na lapela é um acto meramente simbólico, bem sei, mas a sua ausência no momento da comemoração revela muito bem o espírito com que se está. Cavaco balbuciou a leiguice do costume, onde quero apenas salientar o facto de ter alertado para a importância de combater a corrupção, mas (e este "mas" faz toda a diferença) alertou para o princípio da presunção de inocência. Desmistificando, parem lá de fazer acusações absurdas ao Oliveira e Costa, ao Dias Loureiro, ao Duarte Lima, ao próprio Cavaco, etc, etc, etc, porque até à data são todos presumíveis inocentes.

 

Para terminar, não posso deixar de salientar uma vez mais a enorme importância que o "25 de Abril de 74" teve e tem na vida dos portugueses. A Revolução de Abril abriu importantes caminhos que conduziram a importantes conquistas que, infelizmente, tendem a ser muito desvalorizadas pela população em geral e, em particular, por muitos políticos com responsabilidades actuais. 

 

O "25 de Abril" é um marco importante da história de Portugal, extremamente relevante e positivo na época em que aconteceu. Considero que o 25 de Abril precisa de ser renovado e adaptado aos tempos de hoje. E por isso digo: 25 de Abril, sempre!

Passos Coelho concede direito a... respirar!

Passos Coelho quer “fazer a função pública respirar”, afirmando que é necessário “remover entorses” e ”corrigir situações”. Talvez por se estar a comemorar os 40 anos da Liberdade, Passos Coelho queira lembrar aos portugueses, em particular aos funcionários públicos que, por se terem portado tão bem nestes últimos 3 anos, lhes será concedido o direito a respirar.

 

Como é seu hábito, Passos Coelho atira para o ar um conjunto de sandices sem explicar, uma e uma só vez que seja, o que realmente pretende fazer. E porquê? Porque, em realidade, ele não sabe, nunca soube e jamais saberá o que é governar um país. A sua berrante impreparação para ser Primeiro-ministro é de tal forma notória, que ele não tem outro remédio que não seja colocar a voz naquela tonalidade fanfarrona e mentir, mentir compulsivamente.

 

Passos “quer fazer a função pública respirar”, mas só um bocadinho, levantando ligeiramente as patorras dos pescoços dos desgraçados para que encham os pulmões de ar e, irremediavelmente, voltem à mesma condição, mas com novo fôlego para aguentar. Ou então é só impressão minha e Passos Coelho estaria apenas a referir-se aos muitos funcionários públicos que pretende mandar para a rua, para que respirem à vontade.

 

Passos Coelho disse também que o seu governo conseguiu defender o Estado Social e que os próximos anos serão “radicalmente diferentes”. Contudo, deixou bem claro que os salários não serão restituídos. Ainda referiu que discorda de Cavaco Silva quando este se referia aos “excessivos sacrifícios” impostos pelo governo ao longo dos últimos anos, mas simultaneamente, Passos disse que há “espaço de manobra para fazer o que o Presidente da República disse” (isto é, corrigir esses excessos). Bem, que trampolineiro o senhor Passos Coelho!

 

O Primeiro-ministro é mesmo um “manobrador”, um verdadeiro mitomaníaco que no meio dos seus devaneios deixa sempre cair algo de verdade e, neste caso concreto, o único facto verdadeiro que saiu da sua boca é que os salários não serão restituídos e ponto.

Subir não quer subir salário mínimo

O líder da equipa do FMI, que tanto tem explorado as debilidades portuguesas, chama-se Subir Lall. E qual o interesse no nome deste senhor? É que o seu nome quase nunca faz justiça às medidas que defende.  As principais medidas do FMI e da troika são os cortes. Que tipo de cortes? Cortes sob todas as formas possíveis e imaginárias. E olhem que nesta matéria, e apenas nesta matéria, estes senhores conseguem ser muito criativos.

 

Mas, eis que Portugal, essa nação de gente obediente e de vassalos governantes, consegue colocar um ponto de inversão na tendência troikiana de cortes constantes. E como é que Portugal consegue este grande feito? Simples, bastou falar no aumento do salário mínimo. A troika e o FMI nem querem ouvir falar em aumento de salário mínimo, alegando que a primeira preocupação deverá ser a criação de emprego. O senhor Subir afirma que a subida do salário mínimo dificultaria a situação dos desempregados com baixa qualificação. O que ele parece ignorar é que uma boa parte dos desempregados em Portugal são altamente qualificados e, certamente também ignora que muitos daqueles que têm emprego têm-no de forma muito precária, estando mesmo a auferir o salário mínimo ou pouco mais.

 

A lógica de pensamento económico do senhor Subir e seus compinchas (governo português incluído) é de que quanto menor o salário mínimo, maior a possibilidade de criação de emprego. Eles não chegam a afirmar, mas eu posso garantir-vos que ouço bem o seu pensamento a gritar que o ideal era pôr as pessoas a trabalhar sem ganhar nada, pelo menos durante uns tempos e, aí sim, o desemprego diminuiria.

 

Para terminar, resta apenas referir que não há dúvidas do quanto esta gente percebe sobre criação de emprego, vejam-se os valores das taxas de desemprego dos países intervencionados. Ó senhor Subir! Queira fazer o favor de fazer jus ao seu nome, quando voltar a falar de salário mínimo!

NOTÍCIA: o Benfica é campeão!

A grande notícia do dia é que o Benfica é campeão. E não hajam dúvidas que de facto esta é mesmo uma grande notícia, afinal não é todos os anos que isto acontece. Há mesmo que festejar até não poder mais (os benfiquistas, claro), pois é muito provável que as festas associadas à conquista do título não se repitam tão cedo.

 

Pode-se afirmar que festejar o título de campeão pelo Benfica é algo bastante raro nas últimas décadas. Repare-se que nos últimos 30 anos o Benfica foi campeão... 8 vezes. É verdade! Apenas 8 vezes! E, ultimamente (considere-se por ultimamente os últimos 20 anos), o Benfica foi campeão apenas por 4 vezes, o que dá uma média de um campeonato de 5 em 5 anos. Portanto, é sem dúvida alguma um grande acontecimento e, por isso, se compreende o ENORME destaque que a comunicação social (em todos os formatos) está a conceder a esta notícia, sendo que este meu pequeno espaço de escrita não poderia deixar de fazer referência.

 

Aqui fica.

 

 

 

Coligação PS-CDU? Porque não?

Sondagem mostra PSD a perder terreno

Fonte: RTP

 

Mais uma sondagem a demonstrar a queda do PSD nas intenções de voto, sendo que o outro partido da coligação que governa o país apresenta uns meros 4% de intenção de voto. Convém relembrar que, praticamente desde o início do mandato (já lá vão 3 anos), esta coligação com maioria parlamentar e presidencial (ui) tem vindo a perder o apoio dos eleitores. No entanto, como diz Passos Coelho, os mandatos são para se cumprir e, nem que a água do Tejo cubra o Cristo Rei o homem se demite. É um bravo!

 

Contudo surpreende-me o facto do PSD apresentar 30% de intenções de voto. 30%?! Será verdade? Bom, as sondagens são estimativas de voto, mas fazendo fé na veracidade dos resultados sou obrigado a concluir que uma boa parte dos eleitores portugueses é masoquista, gosta de chicotadas nas costas, de ser enganado, roubado e explorado aos limites. Eu nunca percebi esta relação de amor incondicional que algumas pessoas conseguem ter por quem lhes maltrata. Eu até compreendo (cada vez menos) que as pessoas façam más escolhas, mas insistir no erro é algo que me impacienta. Faz-me lembrar aquelas mulheres que são vítimas de violência por parte dos seus companheiros e, quando alguém lhes pergunta porque não os deixam, elas respondem que... "gostam muito deles".

 

Outra importante ilação a retirar dos resultados desta sondagem é o facto dos partidos de esquerda (PS, CDU e BE) apresentarem cerca de 55% das intenções de voto, sendo que a soma dos votos no PS e CDU bastariam para uma maioria parlamentar. Mas, será isso possível? Uma coligação entre socialistas e comunistas? Sinceramente, eu não encontro nenhuma razão para que tal não aconteça e até me parece a melhor solução governativa para o país, neste momento. Podem vir com os habituais argumentos de que os partidos apresentam ideologias diferentes, que os comunistas querem a saída do Euro e da OTAN, mas para mim isso são desculpas esfarrapadas! E uma coligação com o PSD já seria possível? Neste caso as ideologias já não chocam? Eu diria que mais importante que as ideologias políticas são as ideias. Num momento em que tanto se fala de unidade política em Portugal, não me parece fazer muito sentido apelar às ideologias políticas. As ideologias nunca foram nem serão factores de unidade, muito pelo contrário.

 

O PS lidera as itenções de voto com 36%, aumentando em dobro a diferença para o segundo partido mais votado (o PSD). Como se pode ver, o PS não apresenta condições para governar sozinho. E, por isso, é que considero que o PS deveria fazer uma coligação à esquerda. É notório que os eleitores consideram o PS como o partido da mudança, mas não lhe confiam a maioria dos votos. O PS é um partido de esquerda, mas que muita gente deixou de o ver como tal. Se o PS fosse visto como um verdadeiro partido de esquerda, provavelmente teria a maioria absoluta. Seguindo este reciocínio, a melhor coligação que o PS pode fazer é à esquerda e não à direita. Que raio de mudança haverá no cenário político-governativo se o PS se coligar com o PSD?

 

O CDS-PP apresenta apenas 4% de intenções de voto, o que para mim vai muito além do expectável e merecido. Paulo Portas dirá com certeza que o CDS-PP é sempre lesado nas sondagens e que todos o querem prejudicar. O CDS-PP é uma espécie de Sporting da política.

 

Fonte: RTP

 

Importa ainda destacar os resultados da sondagem sobre as figuras políticas, onde Jerónimo de Sousa assume o topo das preferências dos eleitores. É verdade que não há nenhuma figura política com nota positiva, o que não espanta ninguém. Mas há algo importante a retirar do facto de serem os líderes dos partidos de esquerda a assumirem o topo das preferências. Até mesmo a liderança bicéfala do BE, que tanta gente desdenha (Marcelo Rebelo de Sousa, por exemplo) aparece em segundo e terceiro lugares.

 

Resumindo, se o PS é o partido preferido dos eleitores (36%), se a CDU é (de longe!) a terceira força partidária (mais votos do que BE e CDS juntos), se Jerónimo de Sousa é o político com melhor avaliação, eu pergunto: Porque não uma coligação do PS com a CDU? Não excluindo a possibilidade de juntar o BE. Porque não? Não será isso que a maioria dos eleitores prefere? E não será também a melhor solução para o país, dentro do cenário político actual?

Duarte Lima é o Barrabás desta Páscoa

Impossível não escrever sobre a libertação de Duarte Lima, ex-líder parlamentar do partido PPD-PSD-BPN, que se encontrava em prisão domiciliária.

 

Considero de extrema importância não deixar passar este assunto sem o devido destaque, já que a comunicação social parece não estar muito interessada em fazê-lo.

 

Não sei se é coincidência ou não, mas o paralelismo com a libertação de Barrabás ganha muita força, especialmente porque estamos a poucos dias da Páscoa. Durante algum tempo, há muitos séculos atrás, era costume o governador romano permitir que o povo escolhesse um prisioneiro para receber o prémio da libertação, pela altura da comemoração da Páscoa. Há cerca de 2000 anos atrás, Jesus Cristo foi condenado à morte por crucificação, no entanto, antes da condenação Pilatos deu a possibilidade ao povo de escolher qual o prisioneiro a merecer a liberdade, Jesus Cristo ou Barrabás. O povo judeu escolheu libertar Barrabás, um ladrão e assassíno em detrimento de Jesus Cristo, um homem justo e inocente de todas as acusações que lhe eram imputadas pelos sacerdotes.

 

Cerca de 2000 anos depois, em Portugal ainda se verifica o mesmo costume, ainda que com alguns papéis invertidos. A justiçazinha portuguesa assume o papel dos sacerdotes principais, carregados de malícia e mordacidade. O povo encarna a figura de Pilatos, seguro de quem realmente merece ser condenado, mas sem coragem para impor a sua vontade. E Duarte Lima é Barrabás, o criminoso que ganha o direito à liberdade. Recordemos que Barrabás era um criminoso muito perigoso, mas era filho de gente influente, gente que se mexia muito bem no meio sacerdotal. O paralelismo atrás referido volta a fazer todo o sentido nos tempos modernos da nossa pátria. É que Duarte Lima também é "filho" de gente que se mexe muito bem no meio judicial português e, tenho para mim, que sabe demais sobre o escandaloso caso de extorsão que foi o BPN, sendo bastante provável que tenha forma de arrastar consigo alguns dos mais incólumes nomes da política portuguesa, nomeadamente gente do seu partido.

 

Tal como os antigos sacerdotes preferiram a libertação de Barrabás em prejuízo da libertação de Jesus Cristo, também a justiçazinha portuguesa decidiu favoravelmente a Duarte Lima, ao invés de fazer aquilo que lhe compete - Justiça.  E tal como Jesus Cristo o foi, também a Justiça continua a ser vítima de interesses desprezíveis e condenada à morte. Esperemos que um dia, à semelhança de Jesus Cristo, a Justiça portuguesa ressuscite.

 

 

 

Passos troca passos!

Depois da frívola entrevista de ontem é impossível não fazer um pequeno comentário sobre o assunto. Será mesmo um pequeno apontamento, bem à altura de Passos Coelho e do seu discurso verborreico.

 

O que se pode resumir da entrevista é que Passos Coelho raramente fala verdade, usando muitas vezes argumentos que são totalmente falsos como fez, por exemplo, na resposta à questão das rendas e dos "feudos" colocada por José Gomes Ferreira. Uma das poucas perguntas ousadas, no entanto pouco explorada. Aliás, notei um José Gomes Ferreira muito brando para quem há não muito tempo fartava-se de coleccionar seguidores na sua cruzada contra os poderes instalados, mas isso é outra história. Vejam lá que, Passos Coelho, afirmou que a negociação que o seu governo fez em matéria de energia foi muito bom para o Estado português que assim encaixou dinheirinho para abater na dívida. Montante que nem sequer chegou a fazer cócegas no valor da dívida, sendo que aquilo que seria uma fonte de receitas constantes para o Estado deixou de o ser. Passos chegou mesmo a dizer que, no caso da energia, se não tivessem negociado como fizeram, o valor da energia para os portugueses aumentaria cerca de 10% ao ano durante vários anos consecutivamente. Mas que impudência a deste tipo! Não sei se alguém embarcou nesta, mas o José Gomes Ferreira aparentemente comeu. Enfim...

 

Vamos ao que interessa.

 

Passos quer que se lixem as eleições, mas esta entrevista não foi mais do que um momento privilegiado de campanha. 

 

Passos dirige-se ao país, ignorando o desemprego e o aumento da pobreza.

 

Passos não apresentou políticas de criação de emprego e crescimento.

 

Passos acha que é cedo para falar nas eleições presidenciais, mas aproveita para lançar a candidatura de Durão Barroso.

 

Passos aproveitou para demonstrar que muitas vezes diverge da opinião de Cavaco Silva, sem no entanto perder a tremenda adulação que lhe tem, considerando-o o paradigma da presidência.

 

Passos considera que o resultado das eleições autárquicas, bem como o das europeias não encerra nenhum tipo de leitura para a sua governação. Passos considera que o seu "julgamento" deve ser efectuado apenas nas eleições legislativas e que os mandatos são para cumprir, excepto quando o seu partido não está no poder. 

 

Passos considera-se mandatado pela maioria dos portugueses para cumprir o mandato até ao fim, porque teve maioria nas eleições. Primeiro é importante recordar que o seu partido não teve maioria absoluta nas eleições. Segundo, aqueles que nele votaram, fizeram-no porque acreditaram no programa e nas ideias que ele apresentou em campanha. Mandataram-no para que cumprisse o que prometeu e não para fazer aquilo que tem feito. 

 

Passos considera que a coligação vende saúde e que o seu relacionamento com Portas é bom, tão bom que se prepara para o nomear como próximo comissário europeu fazendo jus à sua irrevogável demissão.

 

Passos considerou-se o herói da pátria, o salvador da nação, reiterando a sua convicção em fazer todos os sacrifícios que forem necessários para tirar o país da situação em que se encontra, desde que seja com o dinheiro dos outros, especialmente daqueles que menos têm. Assim até eu seria Primeiro-ministro e ainda evitava o despesismo dos ministérios, empresas de consultoria, etc.

 

Passos trocou os passos a ele próprio e a todos quantos continuam a apoiá-lo. Este jotinha de Massamá é mesmo uma anedota, daquelas que fazem chorar.

 

P.S. Afinal o breve comentário prometido no início tornou-se um pouco longo, é que às vezes eu sou como Passos Coelho, no que respeita ao cumprimento do prometido.

 

 

 

 

 

 

A vocação do PSD para ser oposição

É sempre interessante falar deste assunto, especialmente em tempo de campanha eleitoral, altura em que a situação se agudiza.

 

Em política existem os partidos do poder e os partidos da oposição, que podem variar o seu campo de actuação no tempo, dependendo dos resultados eleitorais obtidos. Contudo, em Portugal há um partido que sempre insistiu desviar-se desta regra, há um partido que mesmo quando está no poder actua como se fosse um partido da oposição. É claro que estou a falar do PSD. 

 

De facto, o PSD tem esta linha distintiva, esta deformidade congénita que tão bem o caracteriza. Sempre que estão no poder, os sociais democratas passam o tempo todo a atacar os outros partidos, com especial enfoque no PS, que é o maior partido da oposição e o único que partilha a alternância no poder. 

 

O PSD desfere ataques constantes ao PS, mesmo estando há 3 anos no poder. Ao longo destes últimos 3 anos, todas as declarações dos membros do governo têm sempre uma acusação implícita à actuação do PS. O PSD (na companhia do CDS-PP) nunca têm qualquer responsabilidade para com a situação presente nem nenhuma preocupação com o futuro, as suas inquietações são sempre para com aqueles que os antecederam. Para esta coligação os problemas são sempre do passado, mas de um passado muito selectivo, os períodos 1985-1995 e 2002-2005 nunca fazem parte da sua memória. E agora, com a aproximação das eleições europeias, é vê-los a reunir as tropas (PSD e CDS-PP) e apontar todas as baterias ao alvo preferido, o Partido Socialista.

 

Eu não estou a defender o PS, longe disso. A questão aqui é: Porque razão o PSD nunca assume as suas responsabilidades? Estando há 3 anos no poder e tendo sido a maior força política portuguesa representada no Parlamento Europeu nos últimos 5 anos, seria expectável que agora detivesse um rol de méritos para apresentar, ao invés de recorrerem aos subterfúgios de politiqueiros meia-tijela.

 

Ontem, na apresentação da lista de candidatura conjunta, os discursos de Paulo Rangel e Nuno Melo evidenciaram mais uma vez a verdadeira vocação do PSD e, neste caso, pode-se incluir o CDS-PP. As 3 palavras que mais se ouviram no discurso de Paulo Rangel foram "António José Seguro", já Nuno Melo preferiu proferir a palavra "socialistas" à razão de uma em cada três palavras ditas. É obra!

 

É demasiado evidente a verdadeira vocação do PSD - ser oposição. Com mil raios! As próximas eleições estão aí à porta e outros actos eleitorais seguir-se-ão no curto e médio prazos. Façam-lhes a vontade! Agora e sempre ámen.

Fascismo moderno

Para aqueles que insistem resisitir à ideia de que a Democracia não existe em Portugal, acabam de ter mais uma prova vinda da Assembleia da República - casa da Democracia. Claro que me estou a referir ao facto da Presidente da Assembleia da República não autorizar que os Capitães de Abril usem a palavra, no dia das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril.

 

É óvio que esta atitude de Assunção Esteves reflecte a vontade da maioria parlamentar de Direita, os herdeiros do Fascismo. E porque razão esta gentinha da Direita não permite que os Capitães de Abril possam discursar na AR? Porque o regimento não permite? Não, o regimento não se opõe que ilustres convidados possam fazer uso da palavra, muito pelo contrário. E mesmo que não permitisse, gente esclarecida e de boa-fé poderia sempre alterá-lo, desde que houvesse vontade para tal.

 

A questão é muito simples, os herdeiros do Fascismo não aceitam que as vozes incómodas dos Capitães de Abril se façam ouvir na AR e isto nada tem que ver com o regimento, mas sim com o "regime". Ou seja, aqueles que podemos considerar como pais da Democracia em Portugal, no mínimo padrinhos da Democracia, não podem falar na Casa da Democracia. Parece estranho, mas não é! Não é, porque a Casa da Democracia, bem como toda a nação continua conspurcada pelos herdeiros do Fascismo. O 25 de Abril de 1974 serviu para pôr cobro ao  regime fascista da época, mas não erradicou os fascistas, estes continuam por aí a ditar como lhes convém. Trata-se de gente que criou partidos ditos democráticos, para dissimuladamente dar continuidade ao regime.

 

Faz algum sentido que alguns dos que mais contribuíram para o 25 de Abril não possam discursar nas comemarações oficiais? Claro que não. Mas que Liberdade é esta que não permite sequer o uso da palavra em plena Casa da Democracia? 

 

A Presidente da AR continua com os seus tiques tiranos e a recorrer a expressões linguísticas que a definem muito bem. Mas, ela é apenas o reflexo dos muitos fascistas que permanecem na nossa sociedade. Eles estão na Assembleia da República, na Presidência da República, nos orgãos governativos, nas administrações dos grande grupos económicos (alguns deles provenientes do regime salazarista) e em muitos pequenos cantos da nossa sociedade. Em Abril de 74, conseguiu-se derrubar os líderes políticos do Fascismo, mas não se eliminou os muitos fascistas que ainda hoje se movimentam muito bem na nossa praça. Enviar o Caetano para o Brasil não resolveu o problema.

 

Para mim, mais importante que comemorar os 40 anos da Revolução, seria efectivar essa mesma Revolução de modo a limpar de vez este tipo de gentinha que deprava o nosso país há décadas.

 

 

 

 

 

 

Pág. 1/2