Passos só deu uma voltinha no carrossel
Pedro Passos Coelho é um diáfano, um puritano!
Quando confrontado sobre as acusações de ter recebido avultadas e reiteradas verbas (5.000 euros durante 3 anos) da empresa Tecnoforma, enquanto desempenhava funções de deputado na Assembleia da República, Passos respondeu que não se lembrava. Qualquer português lembrar-se-ia de ter recebido 5.000 euros como pagamento, quer na forma de salário ou ajudas de custo, mesmo que isso só lhe tivesse acontecido uma vez na sua vida, mas Passos Coelho não se conseguiu lembrar se isso aconteceu TODOS OS MESES, DURANTE 3 ANOS A FIO. Eu até o compreendo, afinal ele andou a fabricar currículo por outras paragens (Fomentinvest, empresas do sr. Ângelo Correia, etc.). Andar no carrossel pode deixar qualquer um atordoado. Por falar nisso, em 2009/2010 ele colaborou com a Fomentinvest. Não terá recebido nada? Trabalhou de graça? Ah pois! Terá sido apenas a troco da bucha e da gasosa.
Passos Coelho também não se lembrava se na mesma altura exercia o cargo de deputado em regime de exclusividade ou não. Pediu esclarecimento à Assembleia da República, ao que esta se apressou a atestar que Passos Coelho não estava em regime de exclusividade. Contudo, dois documentos assinados pelo próprio comprovaram que afinal estava em regime de exclusividade, ou terá sido apenas mais uma mentira de Passos Coelho para sacar ao erário público mais um cobres? A Assembleia da República também não fica bem nesta fotografia. Afinal, estava ou não em regime de exclusividade? Quem mente neste "pequeno pormenor"?
Passos foi "ganhando" tempo ao longo da semana. Deve ter-se reunido mil vezes com os compinchas da Tecnoforma, mais uns quantos advogados (os do carrossel) para que no final da semana pudessem todos matraquear em uníssono o mesmo palavreado. Quem quiser que acredite.
O mais grave de tudo isto é, não apenas, o facto de se tratar do Primeiro-Ministro, que deveria estar a cima de qualquer suspeita, mas também o facto de, mais uma vez, o carrossel laranja ter sido exposto à nação, como que a reclamar para que o vejam, para que o parem, mas a justiça insiste em ignorar estas ridicularias...
O mais importante é saber o que é a Tecnoforma? Quem fundou essa "coisa"? Quando? Com que objectivos? Que serviços presta e prestou? A quem? Em que condições?
Que estranho esta "coisa" que é a Tecnoforma estar ligada a alguns casos polémicos, envolvendo nomes como Passos Coelho e Miguel Relvas!
E quantas "tecnoformas" existem em Portugal?
O carrossel de que vos falo é muito grande e envolve muitos nomes, mas sempre os mesmos. Não é preciso ser-se investigador ou detective para rapidamente constatar que existe um engenho bem montado na sociedade portuguesa. Engenho que começou a ser contruido na década de 80 e ganhou dimensões monstruosas na década de 90. Foram anos fartos! Anos de Cavaquismo! Anos em que entraram milhões e milhões a fundo perdido! Esses milhões a fundo perdido foram direccionados para a criação de Fundações, ONGs, Universidades privadas (aquelas onde muitos se licenciaram e se licenciam sem sequer pôr os pés na faculdade), empresas de consultadoria, escritórios de advogados, sociedades de revisores oficiais de conta, "empresas" que se dizem prestadoras de serviços, sociedades gestoras de fundos de investimento, imobiliárias, empresas ligadas ao ambiente, às energias renováveis, ao comércio de carbono (CO2) e até mesmo bancos!
É só fazer uma pequena pesquisa na Internet e rapidamente se encontra o carrossel laranja. É só olhar e ver os mesmos nomes a vaguear por todos os tipos de instituições e organizações anteriormente referidas. É pegar num nome ao calhas e constatar que foi secretário de estado e/ou ministro de Cavaco Silva, agora é membro de um conselho de administração de uma dessas empresas, mas que entretanto também é membro do conselho de administração de uma Fundação e ao mesmo tempo também é membro do conselho executivo da mesma Fundação e que também é docente numa universidade privada (daquelas boas que mencionei atrás). Pois é! É assim mesmo! Mas, infelizmente, não é apenas um nome. O carrossel laranja alberga muita gente e, todos eles, circulam por todo o lado, são altamente polivalentes, ora se empoleiram na girafa, ora no cavalo, ora no pónei, na bicileta, na cesta giratória, no banco do jardim (por acaso, não me refiro ao BCP)...
Essas organizações foram criadas para açambarcar fundos comunitários e outras benesses do Estado, para manter relações de promiscuidade com o poder político e dar de comer a uma certa gentalha, que gosta de comer bem!
Se não acreditam, façam uma pequena pesquisa e comprovem com os vossos olhos. O grande carrossel laranja está à vista de todos! Quem o pára?