Ainda bem que Passos Coelho salvou o SNS
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai de mal a pior. Toda a gente que recorre ao serviço público de saúde já há muito percebeu que este não responde com eficácia. São as filas de espera para consultas de especialidade, as filas de espera para cirurgia, as muitas horas de espera nos serviços de urgência, a redução das comparticipações do Estado, o aumento das taxas moderadoras, a falta de profissionais médicos e apoio médico, a falta de medicamentos, a falta de realização de exames, etc.
Passos Coelho, ao que parece ou quis fazer parecer, apercebeu-se de uma pequena parte deste infindável rol de problemas apenas há poucos dias. Terá sido um dos milagres de Natal. Passos terá acompanhado um familiar seu a um hospital público e ter-se-á surpreendido (ou não) com a incapacidade de resposta do serviço.
O que se pode esperar de um SNS que está a ser assassinado pelos próprios tuteladores do serviço? O que se pode esperar de um ministro da saúde que dá pulinhos de alegria com o crescimento do serviço privado na saúde? O que se pode esperar de um primeiro ministro e ministro da saúde que passam mais tempo em inaugurações de instituições/hospitais privados, do que a verificar a qualidade do serviço público, que deveriam defender com unhas e dentes?
Como é possível que determinados grupos privados, na área da saúde, continuem a abrir inúmeras unidades hospitalares, recorrendo a avultosos apoios do Estado, quer na construção das instalações quer no decorrer da sua actividade?
Como é possível estes governantes cortarem abruptamente nos apoios ao SNS, aumentando cada vez mais o apoio aos agentes privados? Eu não tenho nada contra os privados, muito pelo contrário, mas quero vê-los proliferar com os seus próprios meios.
O SNS caminha desenfreadamente para o seu fim, empurrado por governantes irresponsáveis, imbuídos de uma missão muito clara - privatizar a saúde em Portugal.
Ainda bem que Passos Coelho salvou o SNS (palavras do próprio), imaginem se assim não tivesse sido...