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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

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RAPIDINHA

COMO SE FOSSE NORMAL. Uma UE promotora da corrupção, da fuga de capitais e da lavagem de dinheiro. Uma UE ao serviço das elites, dos grandes grupos económicos, dos oligarcas e das máfias. Viva o "belo jardim" que é a União Europeia!

Black what?

Não foi a primeira vez, mas este ano ouviu-se muito falar em “Black Friday” e, não sei porquê, mas a tendência é para que o termo se vulgarize, à semelhança de outras americanices que por cá pegam de estaca (por exemplo, o Halloween). Qualquer dia festejamos o "Thanksgiving Day" ou o "4th of July"… Rais parta.

 

“Black Friday” é uma expressão que significa (além de Sexta-feira negra) o dia em que os parolos vão às lojas, na ânsia de poder comprar “coisas” com muito desconto. A parolice é tanta que, nos EUA, chegam a andar à pancada para ver quem leva a última caixa de “qualquer coisa”. Não, não quero dar azo à minha veia crítica sobre o consumismo, quero apenas questionar o porquê de sermos um povo que aprecia tanto as modas que vêm de fora, especialmente as norte-americanas. Porquê? Somos assim tão estúpidos, que não conseguimos criar as nossas próprias tradições? Ou será que as nossas tradições são demasiado inteligentes?

 

Pior que isso. Alguém acredita que vai mesmo encontrar alguma pechincha? A não ser uns valentes monos que só nestas alturas conseguem ver a luz do sol. Mais, como é que estes profissionais das compras em saldo ainda não compreenderam a verdadeira intenção destas modas? Na verdade, saldos, promoções e descontos existem todo o ano, mas, quer-me parecer que se lhe chamarmos um nome “estrangeiro” resultará sempre melhor. Daí, em Portugal, o conceito de “Black Friday” estar já bastante desenvolvido. Já se vê lojas a praticarem o “Black Weekend” e até mesmo a “Black Week”. Não tenho dúvidas de que já para o próximo ano teremos o “Black Month”, a “Black Season” ou, quem sabe, o "Black Year".

 

A todos quantos gostam de estar na vanguarda da imitação, eu sugiro que adoptem já o conceito de “Black Eternity”, afinal, tal como referi atrás, as técnicas de venda aliadas a campanhas de promoções, descontos e saldos estão sempre em vigor.

 

P.S. Já agora, não se diz o “Black Friday”, mas sim, a “Black Friday”

Eu pensava que Cavaco lia o meu blogue...

É verdade. Foi esta a conclusão a que cheguei, depois de ouvir o que disse Cavaco na tomada de posse do XXI Governo Constitucional. Ficou claro que Cavaco não lê o meu blogue, caso contrário, estaria esclarecido há muito tempo. Mais, bastar-lhe-ia ter lido o meu último texto e teria percebido que o seu tempo acabou.

 

Não importa continuar a demonstrar o seu profundo desagrado com este governo, dizer que vai estar atento, dizer que a Constituição só não lhe permite dissolver o Parlamento, como quem diz que pode demitir o governo. Então que demita, ainda queria ver se os tem no sítio para fazer isso. Ainda não se cansou de tanta babaquice?

 

Mesmo neste momento solene, Cavaco consegue ser (como sempre foi) o maior (putre)factor de instabilidade política. Fez questão de sublinhar mais uma vez que este não é o seu governo e que vai estar atento a qualquer deslize, como que se as qualidades governativas lhe pertencessem. Já todos sabemos que o seu governo era o outro, mas esse, tal como ele, está acabado e bem acabado. Cavaco desrespeita a Constituição, desrespeita a Assembleia da República, e, note-se bem, desrespeita o lugar que ocupa e que nunca soube estar à altura. Cavaco não consegue respeitar ninguém, nem mesmo ele próprio.

 

Vá... Alguém na Presidência que lhe mostre este texto, para que ele entenda de uma vez por todas que o seu tempo acabou. Cavaco, já eras. Esclarecido?

Fim do cavaquismo

Custou mas foi.

 

Pode ainda faltar dois meses para a eleição do próximo Presidente da República, mas já se pode afirmar com toda a segurança que, com a indigitação (ou indicação, Cavaco pode chamar-lhe o que quiser, não vai mudar nada, nem mesmo a podre matéria de que é feito) de António Costa para primeiro-ministro, finalmente, o cavaquismo chegou ao fim. Por essa razão estava a custar tanto a Cavaco Silva tomar a decisão. As eleições do passado dia 4 de Outubro serviram para três coisas importantes: primeiro, acabar com uma coligação de Direita que nunca deveria ter assumido funções governativas; segundo, para, pela primeira vez, unir a Esquerda em torno de uma solução governativa; terceiro, acabar definitivamente com Cavaco Silva.

 

O destino tem mesmo destas coisas. São estas situações que me fazem continuar a acreditar que a vida encarrega-se sempre de fazer justiça, ainda que seja da forma menos esperada. Cavaco nunca deveria ter sido eleito presidente da República, muito menos duas vezes, mas foi. Cavaco também nunca deveria ter sido eleito primeiro-ministro, mas foi, três vezes. E eu duvido se Cavaco deveria ter sido dado à luz, mas foi. Fazer o quê?

 

Cavaco foi o pior político que a Democracia portuguesa conheceu. Foi o que mais tempo esteve no poder, o que mais danos (muitos deles irreversíveis) causou ao país. Quando deixou o cargo de primeiro-ministro em 1995 e, logo de seguida, perdeu as eleições presidenciais para Jorge Sampaio, pensou-se que esta figurinha triste nunca mais daria as caras. Infelizmente quis o destino que voltasse em 2006 para a Presidência da República, onde tivemos que o suportar durante dez longos anos. Em 2011 tentei levar para a frente um “movimento” que impedisse a sua reeleição e foram muitos os que se juntaram desde a primeira hora, mas não foi o suficiente. Cavaco foi eleito, ao abrigo de uma das grandes lacunas da lei eleitoral portuguesa que continua a considerar os votos brancos como votos meramente estatísticos, sendo que está mais do que claro, para todos, que são “expressas” manifestações da vontade dos eleitores. Se para ser voto expresso é necessário colocar uma cruz válida, então, deveria existir uma opção no boletim de voto que dissesse: “nenhuma das anteriores opções de voto”. Com a devida contabilização dos votos brancos, Cavaco não teria sido reeleito e perderia, com toda a certeza, na segunda volta. Eu sei que são águas passadas, mas só de pensar no tanto que se teria evitado caso essa figura não tivesse sido reeleita, além do gostinho especial que seria colocar o seu nome, como o primeiro presidente a não conseguir a reeleição… Pois é… Mas não foi assim, fazer o quê?

 

Contudo, tal como referi atrás, o destino encarrega-se de fazer justiça, mesmo que não seja aquela que tanto gostaríamos que fosse feita. Na verdade, foi um cenário que poucos se atreveriam a cogitar há alguns meses atrás, ou seja, Cavaco ser obrigado a dar posse a um governo de Esquerda, em que o primeiro-ministro indigitado (ou indicado) nem sequer venceu as eleições. Reparem nesta ironia, em 2011 Cavaco orquestra uma campanha para acabar com o governo minoritário do Partido Socialista, que havia vencido as eleições em 2009. Agora, Cavaco é obrigado a dar posse a um governo minoritário do Partido Socialista que não venceu as eleições. Isto é lindo! É justiça poética!

 

Muito tempo se perdeu e muito mais perdeu o país. O governo de Esquerda do António Costa vai mudar o rumo das coisas? Não sei. Espero que sim. Mas deixem-me saborear primeiro este momento especial que é, nada mais, nada menos, que o fim do cavaquismo. Sim. Cavaco acabou. Já vai tarde. Mas vai com uma marca histórica no currículo: o presidente que foi obrigado a dar posse a um governo que não suporta e que teve que se submeter à vontade de comunistas e bloquistas. Lindo! Lindo! Lindo!

 

Agora que quinou definitivamente, no seu epitáfio deveria aparecer: “Chupa Cavaco!”.

Afinal Cavaco tem dúvidas

Quais são?

 

a) Cavaco quer que o acordo com o PCP garanta que não vai deixar de haver brinde no bolo-rei;

b) Cavaco exige que o acordo com o Bloco de Esquerda garanta que não haverá limite nem cortes nas reformas acumuladas por ex-políticos;

c) Cavaco quer que o acordo com Os Verdes seja mais exigente no que respeita à preservação das cagarras e à criação de dourados (“não é o macho das douradas”) em cativeiro;

d) Cavaco exige que, a partir de agora, os ex-presidentes da República tenham direito a dois camiões de bolos-rei, por ano;

e) Cavaco exige a António Costa que informe o actual presidente da República (que Cavaco desconhece), a forma como este o poderá indigitar sem ter que assinar por baixo, sem que ninguém saiba e sem que o nome dele fique para sempre ligado a um governo de Esquerda;

f) Cavaco exige a António Costa que proceda a uma alteração imediata na Constituição, que permita a dissolução do Parlamento a qualquer altura.

 

Portanto, Cavaco está cheio de dúvidas e por isso faz muitas exigências. Mas a maior dúvida que Cavaco tem neste momento é saber o que é pior para o seu currículo: indigitar António Costa ou renunciar ao seu próprio mandato? Ele quer passar a ideia de que se está a divertir com tudo isto, mas na verdade está a passar pelo maior suplício da sua vida política e eu estou a adorar.

Humanistas de proximidade

Imediatamente após os ataques terroristas em Paris, ocorridos no passado dia 13 de Novembro foram imensas as demonstrações de solidariedade. Pessoas de todo o mundo apressaram-se a manifestar o seu pesar e solidariedade para com os parisienses e França. A internet, principalmente através das redes sociais, permite que um determinado gesto se repita por milhões de pessoas em questão de poucos minutos. De repente, a bandeira francesa apareceu (sobreposta, com redução de opacidade) nas fotos de perfil dos internautas, muitos escreveram “A Marselhesa”, outros usaram expressões do tipo “Vive la France”, “Je suis Paris”, “Liberté, Égalité, Fraternité”, velinhas e flores, etc. E o que é que isto tem de errado? Nada. Nada disto é errado. Muito pelo contrário. A menos que seja um gesto de pura imitação.

 

Contudo, muitos outros foram os que criticaram este tipo de comportamento, alegando que quando ocorrem ataques deste tipo na Síria (todos os dias), no Iraque, no Líbano, na Nigéria, no Mali ou até mesmo na Turquia, ninguém quer embarcar nestas “carneiradas”. É um facto. Na verdade, ninguém tem um comportamento semelhante para com os nossos “semelhantes” do Médio Oriente ou África.

 

Eu tendo a concordar mais com este segundo grupo. Não é que os primeiros estejam completamente errados, mas, eu julgo que o sentimento que qualquer ser humano tem por vítimas deste tipo de barbárie deve ser “sentido” de igual forma, independentemente da sua localização geográfica. Aquilo que eu sinto pela perda da vida de um qualquer desconhecido, seja ele francês, inglês, chinês, libanês, turco ou qualquer outra nacionalidade é a mesma coisa, e não me sinto tentado a demonstrá-lo em função da nacionalidade. Por que razão, aqueles que sentem necessidade de demonstrar publicamente o seu pesar não o fazem para todas as vítimas de ataques terroristas? Por que razão não vemos bandeiras libanesas, turcas, nigerianas ou sírias? Será por desconhecimento? Ou será porque, na verdade, para a maioria das pessoas que exibiu a bandeira francesa, a vida de um francês é mais preciosa do que a de um sírio, libanês ou nigeriano? Não faz sentido. Até porque muitas das vítimas de um ataque terrorista em Paris, em Londres ou Nova Iorque podem ser de outra nacionalidade, que não a desse país. Então, porquê esta febre de solidariedade apenas para alguns? Será que todos os que tiveram esse comportamento (milhões) tinham familiares, amigos, ou até mesmo conhecidos entre as vítimas? Claro que não. Então, repito a pergunta, porquê demonstrar efusivamente um sentimento de pesar pela perda de vidas desconhecidas em Paris e não fazê-lo por tantos outros desconhecidos de outros pontos do planeta? Muitos responderão que “só porque lhes apetece”, “porque são livres de fazerem o que bem entenderem”, etc. Está bem.

 

Muitos dos portugueses que também embarcaram nesta onda de pesar internáutico em modo “Bleu, Blanc, Rouge”, apressaram-se logo a responder aos que questionaram o seu comportamento selectivo, com quatro pedras na mão, demonstrando que essas questões que não eram críticas tocaram-lhes o centro da ferida. Então, a única justificação que vi repetida vezes sem conta, um pouco por todo o lado, foi a de que “é normal uma pessoa sentir-se mais solidária com os franceses, por causa da proximidade”. Continua a não fazer sentido. O que demonstra que quem “tocou na ferida” teve razão em fazê-lo. Então agora os nossos sentimentos humanistas são despoletados pela proximidade geográfica? Quer dizer que eu devo sentir maior tristeza e devo demonstrar mais solidariedade para com uma vítima que eu desconheço totalmente, mas que mora a mil e quinhentos quilómetros de distância, do que para com um familiar ou amigo que habita a cinco mil quilómetros de distância? Todos responderemos que não, obviamente. Já agora, os EUA ficam mais longe que a Nigéria, o Líbano, a Argélia, a Tunísia, a Síria ou a Turquia… será que a proximidade aos EUA estabelece-se por via das películas made in Hollywood, pelos Big Macs ou Coca-Cola?

 

Para mim, o que está em causa nestas barbáries não é a nacionalidade, a religião, muito menos a proximidade geográfica das vítimas, mas sim os actos hediondos praticados por terroristas. E esses podem ocorrer em qualquer parte do planeta, com maior probabilidade de ocorrência nuns sítios que noutros, contudo, a violência e o terror são os mesmos, pelo que os meus sentimentos, enquanto ser humano, perante a perda de vidas de meus semelhantes serão sempre sentidos e demonstrados com a mesma intensidade, sem distinção.

 

Que raio de humanismo de proximidade é este?

O taberneiro já não fala de Sócrates

Li hoje no JN um artigo de opinião escrito por Nuno Melo (o cuco-político). O título que Nuno Melo escolheu para o seu artigo foi “A taberna”, ora, vindo de um taberneiro não poderia ter feito melhor escolha. O artigo não é mais do que uma crítica ao comportamento de António Costa e outros membros do Partido Socialista, pois claro, o que haveria de ser? Enquanto operacional de linha da frente dos “direitolas”, Nuno Melo insurge-se contra todos quantos se têm dirigido a Cavaco Silva com alguma “animosidade”.

 

Nuno Melo começa o artigo com uma espécie de “Best Of” daquilo que, supostamente são insultos apoplécticos dirigidos a Cavaco. Nuno Melo é a pessoa indicada para o fazer, já que ninguém melhor do que um taberneiro para apanhar estas pérolas, na taberna ouve-se de tudo e Melo já tem cabelos grisalhos de tanto escutar. Então, indigna-se com aquilo que ele considera “insultos”, tais como “chefe de facção”, “nada, zero, inútil, traidor, autocentrado, calculista, contraditório, aquele que é formalmente presidente da República”. Sinceramente, não vejo aqui nenhum insulto, muito pelo contrário, vejo algumas boas definições de Cavaco Silva. Reparem que, Nuno Melo considera que chamar “Cavaco” a Cavaco também é insulto. E não admite que se refiram ao “chefe de Estado constitucionalmente representante da República” nestes termos. Chega mesmo a afirmar que “sem ‘açaime’, os operacionais de linha da frente do PS dedicam ao presidente a mesma solenidade institucional que concedem na taberna da terra aos responsáveis pelos incidentes futebolísticos da semana”.

 

Bom, eu sou capaz de insultar um árbitro que assinale três penáltis fora da área a favor do Benfica e mais três golos de bolas que não chegaram a ultrapassar as linhas da pequena área, de uma forma bem mais ligeira do que os insultos que sou capaz de dirigir a Cavaco. Porque, apesar da infâmia, ainda assim o árbitro continuaria a merecer-me mais respeito e consideração que Cavaco.

 

Repito, enquanto operacional de linha da frente dos “direitolas”, Nuno Melo surpreendeu-me bastante neste artigo de opinião. Não por ter vindo em defesa de Cavaco, como um pinscher desatrelado que não nos larga a beira das calças, nem mesmo por, finalmente assumir-se como um dos maiores taberneiros da política nacional. O que muito me surpreendeu foi o facto de não ter dedicado uma única frase a José Sócrates – a sua musa inspiradora, o que é obra. 

Cavaco já decidiu. Qual é a novidade?

Cavaco já decidiu o que vai fazer, mas há muito. Se bem se lembram, ainda durante a campanha eleitoral, Cavaco disse que sabia muito bem o que ia fazer no dia a seguir às eleições. O que ele não sabia era o que iam fazer os partidos da oposição e foi apanhado de surpresa.

 

Como não gosta de ser contrariado, muito menos que o obriguem a mudar de planos, Cavaco está, agora, apenas a vingar-se dos contratempos que a Esquerda lhe colocou e com os quais não contava.

 

Então, agora, a Esquerda e os portugueses terão que esperar pela decisão de Cavaco. Porque é esse comportamento mesquinho, que sempre preencheu a cabeça de Cavaco, que está em causa e em prática constante. Cavaco sempre soube que ia indigitar Passos Coelho como primeiro-ministro e nada nem ninguém o desviará dessa decisão, nem mesmo uma maioria parlamentar. Mas que raio? Ainda não conhecem a ave rara?

 

Cavaco já decidiu e vai manter a decisão, ou seja, dará continuidade ao governo de Passos e Portas, que é o seu governo. Claro, terá que ser um governo de gestão, que é o pior que o país poderia ter. Mas desde quando é que Cavaco e seus lacaios se preocuparam com o país? Não será agora.

 

Não foi por acaso que, hoje, na passeata pela Ilha da Madeira Cavaco disse “Eu estive cinco meses em gestão, eu como primeiro-ministro de um governo estive cinco meses em gestão”. Isto no mesmo dia em Passos disse “eu penso que dentro de duas semanas a nossa situação estará definitivamente clarificada pelo presidente”.

 

Caríssimos, não há cá coincidências nisto. E, se bem se lembram, esta gentalha da Direita sempre usou esta estratégia para fazer chegar as “grandes novidades” ao país, ou seja, levantar o véu aqui e ali, deixar cair “propositadamente” um ou outro facto, para depois, já com o terreno amaciado, fazer o carrinho a pés juntos.

 

Entretanto, Cavaco faz as figurinhas tristes a que está habituado, recebendo delegações de partidos, sindicatos, patrões, associações empresariais, tudo encenado, já que a decisão está mais do que tomada.

 

É claro que Cavaco não vai indigitar Costa como primeiro-ministro, porque além de não gostar dos socialistas, Cavaco não suporta comunistas e bloquistas. Dar posse a um governo socialista, apoiado por comunistas e bloquistas seria pior do que matá-lo, pior do que nunca mais comer bolo-rei, pior do que nunca mais ver as vaquinhas a sorrir ou escutar o som das cagarras. Já pensaram o que significaria para Cavaco, em pleno final do seu derradeiro mandato, ter que aceitar a rejeição do seu governo e dar posse a um governo de socialistas com o apoio de comunistas e bloquistas? Nem nos seus piores pesadelos. Isso seria como apagar todo o seu currículo (ou cadastro, depende do ponto de vista) político. Se Cavaco indigitasse Costa (obrigado pela Esquerda), seria como pagar por todos os seus pecados. Não acredito nisso, Cavaco mais depressa devolveria o que lucrou com o BPN.

Refugiados: solidariedade ou negócio?

Depois dos recentes atentados ocorridos em Paris, volta à ordem do dia a questão da integração dos refugiados na Europa.

 

Eu acho que devemos acolher todos aqueles que vêm por bem (certamente a esmagadora maioria), e que estão a fugir dos mesmos que perpetraram os ataques em Paris e em muitos outros sítios. Portanto, que fique desde já bem claro que sou contra qualquer forma de terrorismo, da mesma maneira que sou a favor do acolhimento e integração das suas vítimas.

 

Mas o que me tem causado alguma perplexidade são as “muito boas condições” (refiro-me concretamente a algumas boas casas) que se estão a oferecer aos refugiados que chegam a Portugal, quando sabemos que o mesmo não acontece para muitos portugueses que cá moram desde sempre e que aqui agoniam o pão nosso de cada dia. O que por aqui se vê é o contrário, ou seja, a retirarem as casas a muitas famílias portuguesas. Mas isso deve ser coisa desses malandros que andam a gastar o pouco dinheiro que têm onde não devem, pelo menos é o que diz Passos Coelho e seus pares.

 

Não! Não me venham com a lengalenga de que quem questiona o que se está a fazer pelos refugiados, são os mesmos que nunca fizeram nada por ninguém. Isso é outra grande mentira que muito tenho escutado por aí, e uma tremenda falta de vergonha na cara de muitos que o dizem. Até porque, no limite mínimo, estamos todos a contribuir para o acolhimento dos refugiados nessas habitações, já que tudo isso é pago com fundos comunitários e apoios do Estado, portanto, dinheiro meu, seu e de todos. Tal como referi anteriormente, sou a favor do acolhimento dos refugiados na Europa (Portugal incluído, obviamente). Mas fico espantado ao ver a qualidade das habitações, que ficaram imediatamente disponíveis, assim que soou a campainha em Bruxelas e cheirou a fundos comunitários.

 

Já viram as imagens de algumas das habitações a que me refiro? Pesquisem por "casas refugiados" e vejam.

 

Quantos de vocês moram numa habitação com essas características?

Quantos dos vossos familiares habitam em casas como essas?

Quantas pessoas conhecem a viver em condições muitíssimo pior do que essas? Alguns, nem sequer têm casa… E todos foram acusados, pelo governo ainda em funções, de viver acima das suas possibilidades.

 

A mim, parece-me que os refugiados que vêm para Portugal é que estarão a viver acima das suas possibilidades… Mas a culpa não é deles, que fique bem claro. Sendo que muitos deles, provavelmente, não terão acesso a casas tão boas como essas a que me refiro.

 

Na maioria dos casos, essas habitações pertencem a instituições do Estado, de solidariedade social e às câmaras municipais. Mas por que razão se encontram vazias? Com tanta gente a necessitar de uma habitação condigna... Provavelmente, porque as condições que exigem aos portugueses que nelas gostariam de habitar não são comportáveis com o nível de rendimentos que as pessoas usufruem. E, como sabemos, os fundos comunitários disponibilizados não são para ajudar os pobretanas dos portugueses, mas sim os refugiados. Há regras nisto.

 

Não sei… Mas parece-me que já muitos portugueses tentaram saber como conseguir o estatuto de refugiado, para poderem também usufruir de tais condições.

 

Eu gostaria muito que pudéssemos acolher muitas famílias de refugiados e dar-lhes as melhores condições do mundo, mas a verdade é que para os que cá vivem e labutam uma vida inteira essas condições não existem. Para não falar (mas já falando) dos milhares de jovens portugueses que gostariam de constituir família e que, para isso, necessitariam de uma casa (vá… uma casinha…) e nem sequer têm metade do apoio que é disponibilizado aos refugiados, mesmo a pagar. Esses (os jovens portugueses) têm que emigrar e ter, lá fora, uma vida muitas vezes pior do que a de alguns refugiados que cá entram. Desculpem, mas há algo de errado nisto.

 

O que me parece óbvio é que os fundos comunitários desbloqueados em Bruxelas vêm trazer um encaixe financeiro muito bom a quem está a disponibilizar essas casas (Câmaras Municipais incluídas). Sim, porque apesar dos refugiados não pagarem, o dinheiro vai entrar, e não é pouco. Dinheiro que é pertença de todos nós. Os proprietários recebem as “boas” rendas das casas que estavam às moscas e as Fundações (e outras associações) que intermedeiam e conferem um carácter mais solidário e despretensioso ao “negócio” também devem receber em troca, algo mais do que os fantásticos sorrisos de gratidão das famílias realojadas.

 

Não sei por que será, mas sempre que vejo solidariedade arquitectada por consórcios alicerçados em Câmaras Municipais, Fundações e Fundos Comunitários, eu torço logo o nariz.

Que Visão é esta?

A Visão online publicou ontem um texto sobre essa figura fétida que dá pelo nome de Pedro Arroja. É… Sempre que escrever o nome da peça será com a rasura, como sinal de protesto, pois recuso-me a escrever correctamente o nome desse coiso aqui no blogue.

 

Adiante. Quero aqui afirmar que sempre tive a Visão em boa conta, concordando ou não com o que lá aparece escrito. Mas há limites para tudo, ou não? Pelo menos é a visão (ou falta dela) que a própria Visão tem. Repare-se que, também ontem, a directora adjunta da Visão escreveu um texto com o título “A net e a nova intolerância”. Vejamos o que lá aparece escrito:

 

“Não tenhamos dúvidas, na internet, em matéria de crispação política e verborreia, voltámos aos tempos do PREC. Ou pior ainda. O comentário nos media (tv e imprensa) já espelha bem a crispação que se vive num país onde se experimentam novos territórios políticos – perigosos, porventura pantanosos. Mas nada como o que se vê online, onde vale tudo, até tirar olhos.”

 

Parece-me óbvio que a senhora directora adjunta da Visão está a referir-se a tudo isto num tom irónico, alertando para a perigosidade do mau uso da internet e as repercussões que isso pode ter na vida real. E se dúvidas houvesse, a autora do texto acrescenta:

 

“Há razões de fundo para tal. É o reverso da medalha deste maravilhoso mundo novo. Na net as pessoas mostram as suas facetas mais obscuras porque estão escudadas atrás de um ecrã. Dizem coisas sobre outros e aos outros que jamais diriam frente a frente (…) se alguém se excede na linguagem ou vai mais além no tom do comentário, facilmente consegue uns likes extra (…) As pessoas gostam de incentivar os excessos alheios a uma distância segura. O bom senso e a tolerância não contribuem para a popularidade online.”

 

Ou ainda:

 

“Um dia está Portugal inteiro a bater na Pipa, a bloguer da mala da Chanel (ainda alguém se lembra disso?), no dia seguinte o alvo são os bifes da Isabel Jonet, a seguir ataca-se José Rodrigues dos Santos por causa do comentário em direto, depois manda-se abaixo o Pedro Arroja e a sua crítica às “esganiçadas”. Quem não alinha na pancadaria em massa está out, e ninguém quer ficar out.”

 

Portanto, voltámos aos tempos do PREC ou pior e é, especialmente, no mundo online que vale tudo, até tirar olhos. Uso e abuso de linguagem excessiva, onde se manda abaixo uns e outros, incluindo Pedro Arroja. Tudo isto, muitas vezes, apenas para se conseguir uns likes extra e popularidade.

 

Então eu pergunto: Está a Visão a entrar pelos mesmos caminhos, ao publicar um texto sobre Pedro Arroja destacando algumas das afirmações que frequentemente vomita? Recorrendo até a uma foto do “esganiçado” em formato outdoor. Por falar em “vomitar”, sabiam que “arrojar” é um sinónimo, em sentido figurado? Apenas um pertinente aparte. O que pretende a Visão com essa infeliz publicação? Não é fazer jornalismo. Não é informar. Muito menos dar a conhecer uma figura que mereça ser destacada, muito pelo contrário. Está a Visão a tentar obter, facilmente, um aumento de pageviews e dos tais comentários escabrosos, que tanto repudia, mas que capta anunciantes? Estará a Visão com medo de ficar out?

 

Sinceramente espero que não seja esse o caso e que tenha sido apenas uma infeliz coincidência.

Que se lixem as eleições, perdão, venham elas e já!

Em 2012, Passos proferiu a célebre frase: "Que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal". Disse-o ainda na fase inicial do seu reinado e, mesmo tendo milhões de pessoas por todo o país a clamar por eleições antecipadas, Passos nunca quis sequer ouvir falar no assunto.

 

Em 2014, bem como no início deste ano, voltou-se a exigir eleições antecipadas e bastaria que Cavaco Silva, padrinho e mentor do governo de Passos e Portas, quisesse e nada do que estamos agora a assistir aconteceria. Se as eleições tivessem sido no primeiro semestre deste ano e o cenário fosse o mesmo, Cavaco já poderia dissolver o Parlamento, coisa que agora tanto deseja mas não pode fazer. É a ironia do destino. Cavaco não quis antecipar as eleições porque ficou à espera que as sondagens favorecessem o seu governo. Agora aguenta!

 

Mas o mais cómico de toda esta situação é ver a que ponto pode chegar o desespero de PSD e CDS, tendo atingido agora o seu ponto culminante (vejamos o que se seguirá) pela voz de Passos Coelho. O homem já não quer que se lixem as eleições, agora deseja-as como nunca antes. Até está disposto a alterar a Constituição para que isso possa ser possível, ainda pelas mãos de Cavaco. Eu até me ponho a pensar de qual cabecinha terá saído esta ideia. Da de Passos? Portas? Cavaco? Isto é que é querer o poder a qualquer custo

 

Verdade seja dita, esta gente sempre se esteve nas tintas para a Constituição, mas é muito estranho que durante os últimos quatro anos nunca tenham tentado mudar a Constituição, nos mesmos moldes em que pretendem fazê-lo agora.

 

Mas ainda se impõe fazer a seguinte pergunta: E se o resultado de eventuais novas eleições fosse o mesmo? O que diriam aqueles que agora, em desespero de causa, tanto as pedem. Provavelmente voltariam a exigir novas eleições, até que o resultado lhes servisse. 

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