O eurodeputado do PS, Manuel dos Santos, apelidou a deputada socialista, Luísa Salgueiro, de cigana. Nas redes sociais, o eurodeputado escreveu: “Luísa Salgueiro, dita a cigana e não é só pelo aspecto, paga os favores que recebe com votos alinhados com os centralistas”.
Convém esclarecer que Manuel dos Santos é militante do Partido Socialista, pertencente à distrital do Porto, bem como Luísa Salgueiro, que será a candidata do PS à Câmara Municipal de Matosinhos. Importa ainda referir que Manuel dos Santos pertence à ala “segurista” do partido. Obviamente que estas declarações de Manuel dos Santos são motivadas por quezílias antigas, mas também surgem no seguimento do comportamento de alguns deputados socialistas, que agora se mostram contra a ideia da candidatura da cidade de Lisboa para receber a Agência Europeia do Medicamento, isto depois de terem votado no Parlamento essa mesma candidatura.
Confuso? Pois, não é para menos. A verdade é que em Maio deste ano, o Parlamento português votou, por unanimidade, uma proposta que veiculava a cidade de Lisboa como candidata a receber a Agência Europeia do Medicamento. Depois de Rui Moreira, Presidente da Câmara do Porto, ter-se insurgido contra a candidatura de Lisboa, muitos outros autarcas seguiram a sua indignação. E como estamos em ano de eleições autárquicas, foram muitos os deputados a voltar atrás nas suas intenções. Portanto, em Maio votaram a favor da candidatura de Lisboa e agora, porque lhes dá jeito, mostram-se vincadamente contra. É óbvio que isto não passa de uma ciganice.
Voltemos às afirmações do eurodeputado Manuel dos Santos. Ele chamou Luísa Salgueiro de “cigana” sendo que “não é só pelo aspecto”. Vejamos, apelidar alguém de cigano/a, mesmo que seja só pelo aspecto, não me parece que seja algo insultuoso ou, pelo menos, não é caso para tamanha discussão. Tratar-se-ia apenas de deselegância. Neste caso concreto, Luísa Salgueiro até aparenta ser de etnia cigana. Por outro lado, se considerarmos a afirmação fora do âmbito das aparências (aspecto físico), constatamos que o eurodeputado apenas recorreu a uma adjectivação comumente utilizada no dia-a-dia dos portugueses. Quem nunca ouviu a expressão “és cigano” ou “que ciganice”, quando se pretende evidenciar algum comportamento menos honesto? Não vamos agora dizer que o uso destas expressões são ofensivas à etnia cigana (como se eles se ofendessem com tão pouco), muito menos que são xenófobas ou racistas. Há ainda que considerar a hipótese de Luísa Salgueiro ter a alcunha de "cigana" atribuída pelos seus pares do partido... Não sei... Foi algo que se me ocorreu assim de repente.
António Costa, líder do PS, já veio defender a expulsão de Manuel dos Santos do partido. Por causa destas afirmações? Ele diz que sim, mas é óbvio que não. Como referi atrás, as quezílias são antigas. Costa parece querer aproveitar o momento para “chutar” um incómodo “segurista” para canto. Com esta atitude, António Costa só vem dar razão ao eurodeputado quando afirma que "Luísa Salgueiro é uma protegida de Costa e Pizarro".
O que está aqui em causa são tricas partidárias, que existem em todos os partidos, mas mais nuns do que noutros. Não se pode, portanto, retirar alguma razão ao eurodeputado Manuel dos Santos por aquilo que escreveu, porque é verdade. Não porque Luísa Salgueiro seja cigana, sabemos que não é, mas porque terá sido "ciganita" na referida votação. Toda a gente sabe que os deputados na Assembleia da República são uns arrebanhados (a maioria). Comportam-se como autênticos carneirinhos nas votações plenárias e, na maioria das vezes, nem sequer sabem o que estão a votar. Isso é notório. Manuel dos Santos também por lá passou, Seguro também, Costa também, enfim, todos. E todos eles foram, aqui e ali, uns bonitos carneirinhos. Ou seja, uns ciganitos da política portuguesa.
Enfim, ciganices da carneirada, é o que é.
P.S. Espero que os verdadeiros carneiros não se ofendam.