Árbitro castigado por falar futebolês
O árbitro Jorge Sousa está a ser alvo de um processo disciplinar (um “sumaríssimo”) que lhe foi instaurado no seguimento das palavras dirigidas ao guarda-redes Stojkovic, durante o encontro entre o Sporting B e o Real Sport Clube. Penso que toda a gente já se apercebeu do que se passou, já que as imagens e o áudio foram incessantemente repetidos nos mais diversos meios de comunicação. Curioso que, talvez pela primeira vez, se tenha conseguido ouvir em perfeitas condições aquilo que um árbitro fala durante o jogo. Ainda mais peculiar é o facto de não se conseguir ouvir nada daquilo que os jogadores lhe disseram.
Mas o mais estranho no meio de tudo isto é quererem crucificar um árbitro, por este ter recorrido à linguagem comummente usada nos campos de futebol. No decorrer de um jogo de futebol, o árbitro disse “caralho” e “puta da baliza”. Ui! Chamem já a Guarda!
Reparem, o árbitro é o indivíduo mais insultado do mundo. Insultos que vêm das bancadas, dos bancos e dos próprios jogadores. Isto acontece em todos os jogos e toda a gente vê isso como normal. Nesses casos, “o calor do jogo…” e “as emoções à flor da pele…” serve de justificação para tudo. Mas quando um árbitro usa uma linguagem imprópria é o fim do mundo. Porque o árbitro não pode insultar. O árbitro foi concebido para dar o exemplo. Acima de tudo, o árbitro foi feito para ser insultado e não o contrário. Inacreditável! Eu que pensava já ter visto tudo no mundo do futebol.
Note-se que não estou a defender que os árbitros possam recorrer ao insulto. Mas também não foi isso que aconteceu neste caso. O árbitro Jorge Sousa usou uma linguagem imprópria, é um facto, mas não insultou ninguém. Quando muito terá insultado a baliza e quanto à palavra “caralho”, no futebol é vírgula.
O Sporting, que é um clube que prima pelos bons exemplos, cujo presidente é um distinto símbolo de boa educação e respeito, cujo treinador principal nunca disse um palavrão ou dirigiu um insulto a alguém, apresentou queixa do árbitro Jorge Sousa, só porque este teve um comportamento (que se saiba, isolado) que, em matéria de insulto e má educação, não fica nem perto daquilo que os queixosos fazem reiteradamente.
Mas, como referi anteriormente, o árbitro foi feito para ser insultado e para dar o exemplo, o bom exemplo, já que os maus devem continuar a ser da exclusiva responsabilidade dos dirigentes, treinadores, jogadores, alguns comentadores e, claro, dos adeptos.
Sabem que mais, recorrendo ao estilo de um ilustre dirigente do futebol português eu digo: Bardamerda para todos aqueles que são falsos moralistas.