Considerando aquilo que veio a público sobre a incompatibilidade do ministro Pedro Siza Vieira, não consegui deixar de imaginar que, a dada altura, o Primeiro-ministro e o seu Ministro-adjunto poderão ter tido o seguinte diálogo:
Primeiro-ministro: Olha lá, ó Pedro, então tu não sabias que é incompatível acumular a função de sócio-gerente de uma empresa com a função de ministro?
Ministro-adjunto: Não. Não tinha noção.
Primeiro: Não tinhas noção? Então tu não és advogado? Não conheces a lei?
Adjunto: Sou. Mas só tirei 10 a Constitucional.
Primeiro: Tou bem lixado (com um grande F) contigo…
Adjunto: Então… Mas tu também não me perguntaste se eu era sócio-gerente de alguma empresa…
Primeiro: Irra! (com um C bem grande) Então tu não tiveste que entregar no TC a declaração de inexistência de incompatibilidades?
Adjunto: Nunca ouvi falar…
Primeiro: OK. Deixa para lá. Agora o que importa é que deixes de ser sócio-gerente da empresa. Pá… passa tudo para o nome da tua mulher e ela que assuma a gerência.
Adjunto: Ai é? E assim já não há problema?
Primeiro: Pois claro que não. Assim, passas logo a ser um ministro imaculado, que está aqui só pela defesa do interesse público.
Adjunto: Mas estar a minha mulher a sócia-gerente, na prática, é como se estivesse eu próprio, já que pretendo continuar a mandar na empresa e a usufruir dos rendimentos da sua actividade…
Primeiro: Pois claro que “na prática” é a mesma coisa. Mas tu achas que nós andamos a dormir quando fazemos as leis?
Adjunto: Então, quer isso dizer que, mesmo que eu tivesse sido sócio-gerente de uma empresa a vida toda bastaria que, aquando da entrada no Governo "passasse" as funções para a minha mulher ou um filho? E já não haveria incompatibilidade...
Primeiro: Nem mais. Tás a ver como tu até aprendes depressa.
Adjunto: Ehehehehe. Estou a ver que ainda sou moço de recados nestas lides…
Primeiro: Deixa lá. Foi só um lapso.