O Partido Socialista fretou um comboio à CP para transportar militantes do partido, desde Lisboa até Caminha, onde vai acontecer o seu evento de rentrée política. Inexplicavelmente, este comboio tornou-se o centro do debate político para PSD e CDS. Estes dois partidos viram neste comboio um problema grave para a nação e consideraram vergonhosa e inaceitável a atitude dos socialistas.
É possível que este comboio transporte alguma vergonha ou a falta dela. Mas aquilo que é inegável é a vergonha e também a falta de vergonha que o mesmo conseguiu pôr a nu.
É uma vergonha que deputados da nação digam o que disseram sobre esta situação. O deputado Carlos Silva (PSD) disse que este comboio, em particular, vai provocar atrasos no serviço e que a CP está a fazer um frete aos socialistas. Disse ainda que a CP tem recusado fazer este tipo de serviço, dando a entender que o faz, agora, só porque é para o PS.
Telmo Correia (deputado do CDS) também insinuou que a CP está prestar um “favor” ao PS. Carlos Abreu Amorim (PSD) também não conseguiu suster a sua profunda ignorância e falta de vergonha na cara, tendo usado o método e a rede social preferida de Bruno de Carvalho para escrever alarvidades sobre o assunto, chegando mesmo a escrever que a CP está a fazer um favorzinho de legalidade duvidosa ao partido que está no poder. Também João Almeida (CDS) insinuou que o PS está a ter tratamento especial por parte da CP.
Este comboio serviu mesmo só para isso, para expor uma vez mais a falta de vergonha na cara de alguns deputados e a sua falta de conhecimento em relação aos serviços prestados por uma empresa pública.
Há muitos anos que a CP disponibiliza este serviço. Quem nunca teve conhecimento de comboios especiais para eventos desportivos, comboios especiais para concertos e festivais, comboios especiais para eventos universitários, comboios especiais para os célebres passeios patrocinados pelas Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais, comboios especiais para as mais diversas entidades públicas, privadas ou grupos de cidadãos?
Isto sempre existiu e é perfeitamente enquadrado no serviço diário prestado pela empresa pública, sem causar grande transtorno. Ignorar este facto está muito para lá da pura ignorância. Fazer disto um assunto político só revela falta de competência política e de vergonha na cara.