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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

RAPIDINHA

Diz o gajo que proibiu o exercício da actividade política a vários partidos da oposição e que cancelou a realização de eleições no seu país.

O que dizer deste tipo de jornalismo?

Ontem, por volta das 17h30, os vários canais nacionais de notícias transmitiram "em directo" a partida de Bruno Fernandes para Manchester. Um bando de repórteres, ali, especados atrás da vedação do aeroporto, onde se encontrava a pequena aeronave privada que iria proceder ao transporte.

Vi e ouvi, "reputados" jornalistas e comentadores profissionais profundamente comovidos com a partida de um jogador da bola, repito, um jogador da bola, fazendo previsões e estabelecendo cenários para o futuro. De quem? De um jogador da bola.

Houve ainda tempo para tecer prolíficos e pertinentes comentários à cor das malas, sobretudo a da filha do jogador que, ao que os jornalistas conseguiram apurar com aquele faro especial que só eles possuem,  é cor-de-rosa.

 

As 100 perguntas de Carlos Alexandre a António Costa

António Costa terá de responder, por escrito, a 100 perguntas colocadas pelo juiz Carlos Alexandre. O juiz responsável pela instrução do processo de Tancos queria, à força toda, que o Primeiro-Ministro respondesse presencialmente às suas questões, contudo, depois de o Conselho de Estado ter “decidido” por unanimidade que o depoimento deveria ser efectuado por escrito, não restou outra alternativa ao juiz que não fosse acatar a decisão.

Como é hábito, e de resto perfeitamente entendível, as grandes figuras do Estado, nomeadamente o Presidente da República e o Primeiro-Ministro, respondem a processos judiciais, na qualidade de testemunhas (como é o caso), por escrito. Foi sempre assim, por razões óbvias. Era o que mais faltava, que as maiores figuras do Estado tivessem que estar obrigados a ir depor presencialmente, sempre que se vissem arrolados como testemunhas em processos judiciais.

O juiz Carlos Alexandre não vê as coisas dessa forma, pelo menos não vê agora. É que não me recordo de ele ter tentado colher o depoimento (presencial ou por escrito) de Cavaco Silva, aquando do caso BPN. Bem, podem dizer-me que Cavaco não era testemunha, pelo que o seu nome não estava no processo, o que é ainda mais estranho, pois deveria constar e não como testemunha, mas sim como arguido.

Voltemos ao caso de Tancos. O nome de António Costa entra neste processo como testemunha do antigo Ministro da Defesa, Azeredo Lopes, sendo que a própria defesa do ex-Ministro prescindiu do depoimento de António Costa e, ainda assim, o juiz faz muita questão de trazer o nome do Primeiro-Ministro para a fogueira, alegando a importância do depoimento presencial.

A mim, cheira-me a tentativa de abuso do poder judicial sobre o poder político. Não, não se trata de um político estar a tentar fugir às suas responsabilidades, muito menos, de não querer responder às perguntas que o juiz entender, porque o vai fazer com toda a certeza. Quando um juiz insiste no depoimento presencial de um Primeiro-Ministro num caso em que ele não tem nada a acrescentar, leva-me a pensar que o juiz está a comportar-se como um agente político da oposição, que apenas pretende vulnerabilizar e colocar, à força, a segunda figura do Estado nas aberturas dos noticiários. Só para mostrar quem manda.

Após a autorização do Conselho de Estado, o juiz Carlos Alexandre viu-se sujeito ao cumprimento dessa decisão, mas como não aprecia ser contrariado, vinga-se com um amontoado de 100 perguntas que António Costa terá de responder em poucos dias. Notem bem, são 100 perguntas que, de antemão, o juiz tem para fazer a uma testemunha que, por evidências do próprio processo, não apresenta qualquer necessidade em ser ouvida.

Como é do conhecimento público, Azeredo Lopes já confirmou ao juiz Carlos Alexandre que, não só não falou com António Costa sobre Tancos, como ele próprio, Azeredo Lopes, não teve conhecimento de nenhuma informação sobre os acontecimentos relacionados com Tancos. Por conseguinte, que raio de outras perguntas terá o juiz Carlos Alexandre a fazer a António Costa além da única e óbvia questão: “O senhor Primeiro-Ministro teve conhecimento antecipado, através do Ministro da Defesa ou outra entidade, sobre o aparecimento do armamento roubado?”.

Depois desta singela pergunta e após António Costa responder com um previsível e taxativo “Não”, só me ocorre que as restantes 99 questões sejam do tipo:

“Tem a certeza, Sr. Primeiro-Ministro?”

“O Sr. Primeiro-Ministro jura que não sabia mesmo?”

“Não terá o Sr. Primeiro-Ministro comido muito queijo que até se esqueceu?”

Ou então,

“Sr. Primeiro-Ministro, olhe que mentir é muito feio. Deseja reconsiderar a sua resposta?”

“Sr. Primeiro-Ministro, sabe que quem mente vai para o inferno. Diga lá a verdade…”

Ou ainda,

“Sr. Primeiro-Ministro, tem a certeza que o senhor não é o cabecilha de uma rede terrorista e de tráfico de armas?”.

Enfim, em 100 perguntas deverá haver espaço para muita imaginação.

Sinto-me um visionário

Por que razão eu me sinto um visionário, sempre que rebenta um escândalo de corrupção em Portugal? Esta é a pergunta que me assalta de forma recorrente.

Sempre que um esquema de corrupção é posto a nu e, de repente, toda a gente fala sobre o assunto, eu apenas consigo sentir que essa verdade já andava por aí, completamente despedida, à frente dos olhos de toda a gente.

O último caso a saltar para a ribalta é o de Isabel dos Santos. De um momento para o outro ficaram todos chocados com aquilo que tem sido exposto sobre as negociatas dessa senhora, como se as partes mais interessadas nessas negociatas não a conhecessem de ginjeira. Eu próprio já escrevi aqui sobre este escroque, pelo menos desde 2014. Devo ser um visionário, sobretudo quando comparado com as entidades reguladoras e empresários de topo deste país.

Primeiro, foram os senhores da PwC que vieram a terreiro tentar sacudir a lama do capote, de seguida, foi a vez da senhora Cláudia Azevedo (Sonae) vir a público prestar-se ao ridículo papelão de Madalena arrependida, passando, desde já, as eventuais culpas no cartório para uns administradores não-executivos, como se ela não os conhecesse, não tivesse participado na sua escolha e, acima de tudo, não privasse com eles recorrentemente sobre os investimentos mais importantes do grupo empresarial a que preside.

É de facto incrível como os maiores empresários deste país nunca sabem de nada. A culpa é sempre de um funcionário qualquer. É assim em todas as áreas. Se bem se lembram, no BES a culpa era do contabilista, já no Benfica a culpa era do Paulo Gonçalves, agora, no caso da Sonae, a culpa será de um qualquer elemento descartável, porque a culpa não pode morrer solteira e a senhora Cláudia Azevedo tem que manter a idoneidade acima de qualquer suspeita.

Portanto, o esquema é sempre o mesmo. E funciona. Não apenas para os administradores da Sonae, como para os da Galp, para os do grupo Amorim e todas as outras empresas com quem Isabel dos Santos fez e mantém rendosas negociatas.

E é por tudo isto que não aceito que os políticos me venham falar no combate à corrupção, quando os incompetentes e corruptos responsáveis pelas entidades reguladoras, bem como entidades bancárias e do mundo empresarial continuam no exercício das suas funções como se nada tivesse acontecido. Também não aceito, apesar de todos os defeitos, e são mesmo muitos, que Isabel dos Santos seja a única a pagar pelos actos de que é suspeita e acusada, pois só os cometeu com o alto patrocínio das mais reputadas entidades portuguesas.

Consultoras de WC

A empresa PricewaterhouseCoopers (PwC), prestadora de serviços de consultoria e auditoria, informou que cessou relações com Isabel dos Santos e suas empresas.

Agora que já não é possível continuar a branquear mais, a PwC afirma: “Nós esforçamo-nos por manter os mais altos padrões profissionais na PwC e estabelecemos expectativas de comportamento ético consistente por todas as empresas da PwC na nossa rede global. Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação”.

Durante anos, a reputada e competentíssima empresa PwC não foi capaz de vislumbrar nada que pusesse em causa a idoneidade de Isabel dos Santos e a legalidade dos seus actos. Pior que isso, corroborou com elevado afinco os mais diversos actos de gestão das entidades por ela representada.

A verdade é que empresas como a PwC só existem enquanto existir pessoas como a Isabel dos Santos. São faces da mesma moeda. O problema é que quando uma das partes é arrastada pela descarga, a outra encrosta-se veementemente à borda interior da sanita, pois é daí que provém o seu alimento.

Rui Rio, um homem às “centras”

Fomos habituados a escutar que Rui Rio é um homem honesto, o político das contas certas, um homem às direitas. Mas, afinal não. Rui Rio é um homem às centras, pelo menos é assim que ele agora se apresenta.

Rio diz que não é de direita nem de esquerda, diz que é do centro. Contudo, dois minutos depois já está a dizer “que tanto é de centro-direita como de centro-esquerda”. Portanto, Rio coloca-se ao centro por considerar que é o melhor posicionamento político, aliás, o único que lhe permitir gingar para a direita e contorcer-se para a esquerda sempre que lhe apetecer ou a maré assim o exigir. Ora, isto não é mais do que o comportamento típico de qualquer político de direita que sonha com o poder.

Já aqui tenho dito e volto a referir que, em política, o centro não existe. Quem se coloca ao dito “centro” está só a tentar enganar o eleitorado. E fá-lo consciente e estrategicamente, porque o passado demonstra que a falácia costuma dar frutos.

Vejam bem o quão insidioso é o discurso de Rui Rio. Ele sustenta que “para o PSD crescer tem que se encostar ao centro e não à direita” e acrescenta: “Temos de crescer onde estão os votos e os votos estão mais à esquerda, é um raciocínio elementar”.

Raciocínio elementar é concluir que a estratégia de Rui Rio não passa por apresentar as suas ideias, as suas convicções e esperar que o eleitorado concorde com a sua visão política para o país e vote nas suas propostas. Não. Rio não acredita que a política se faça desta forma arcaica. Rio está convicto que para alcançar o poder não basta defender ideias, é preciso mistificá-las, baralhá-las e, sobretudo, direccioná-las para todo o espectro político e, assim, colher votos de todos os lados. O líder do PSD, que ainda não foi reeleito, está desesperado em tentar conseguir o maior número de votos, venham eles de onde vierem. E não haveria nada de errado nisso, desde que o objectivo se cumprisse pela força das suas ideias e não por falsos posicionamentos ideológicos.

O discurso de um líder político deve ser assertivo e transparente, e deve, acima de tudo, não esconder nem mistificar posicionamentos ideológicos. Não é aceitável que um líder político diga que “há áreas da governação em que estou à esquerda e outras em que estou à direita”, isso é ludibriar o eleitorado. Para que isso pudesse fazer algum sentido, Rui Rio teria que justificar, medida a medida, quais as áreas em que considera estar à esquerda e quais a que considera estar à direita. Caso contrário, e pelo que pudemos constatar no seu Programa Eleitoral, bem como, no seu discurso habitual, Rui Rio é, sem dúvidas e sem surpresas, um político de direita que está no lugar certo, isto é, ao leme de um partido vincadamente de direita.

Ou eu estou muito enganado em relação à pessoa de Rui Rio, ou então é ele que está brutalmente enganado em relação à essência do partido que representa.

Abster-se de votar o Orçamento do Estado é uma leviandade

Espanta-me que alguns partidos se abstenham de votar um documento tão importante para o país, como é o Orçamento do Estado. Aliás, acho que o regimento da Assembleia da República deveria ser alterado de modo a não permitir que os deputados se abstivessem de votar as matérias mais importantes para o país, como é o caso.

Que moral tem um deputado ou partido político ao criticar os cidadãos eleitores que optam por se abster, aquando da realização dos mais diversos actos eleitorais, quando eles próprios se abstêm de votar as matérias mais importantes para o país, na Assembleia da República? Parece-me que estão a ser fiéis representantes de todos quantos se abstiveram de votar nas Legislativas.

O que terão a dizer Bloco de Esquerda e Partido Comunista em sua defesa, agora que se abstêm de votar o Orçamento do Estado na generalidade, quando não são capazes de exercer o dever de representatividade de todos quantos votaram neles?

Pior ainda, o que terão a dizer em defesa da posição assumida, quando sabem de antemão que abster-se significa o mesmo que votar favoravelmente?

Eu até compreenderia e apoiaria o voto favorável ao OE 2020 por parte destes dois partidos, mas só se tivessem conseguido importantes conquistas junto do Governo, algo que não se verificou.

Assim, temos os partidos de Esquerda a deixar passar um Orçamento que de Esquerda não tem nada e temos os partidos de Direita a votar contra um Orçamento que até lhes agrada sobremaneira.

Eurostat é a estatística que aquece o coração

Um estudo recente do Eurostat revelou que 19,4% dos portugueses não tem capacidade financeira para aquecer as suas casas. Pelo que tenho lido e escutado, parece que a maioria das pessoas considerou tratar-se de uma quantidade preocupante e, apesar de inquietante, eu até considero o valor apresentado pelo Eurostat bastante quentinho.

Não sei qual a metodologia usada pelo organismo europeu no referido estudo, o que sei é que a quantidade de portugueses que não tem capacidade financeira para manter as suas casas devidamente aquecidas é muito, mas mesmo muito superior àquela que foi denunciada pelo estudo.

Toda a gente sabe que a maioria dos portugueses não tem capacidade para custear o tão desejado e merecido conforto térmico nos seus lares. Quando muito, conseguem amenizar o desconforto térmico em apenas uma ou, no máximo, duas divisões das suas casas e, somente, durante um período horário não superior a meia dúzia de horas por dia. Se atentarmos no facto de que a maioria da população idosa ser aquela que apresenta maior necessidade de atenuar o desconforto térmico, ser também aquela que apresenta menor rendimento e, acima de tudo, aquela que passa mais tempo nas suas casas, logo se conclui que não têm condições financeiras para fazer face a esta necessidade. Mas, note-se, o problema estende-se a todas as faixas etárias da população, o exemplo da população mais envelhecida é apenas o mais incontestável.

Sabemos também que a maioria das casas em Portugal são altamente ineficientes em termos energéticos. Pensemos numa casa com seis divisões e na quantidade de energia necessária para manter a habitação a uma temperatura de 20 graus centígrados. Qualquer que seja a fonte de energia utilizada acarretará uma factura de valor incomportável para maioria dos agregados familiares, não apenas a cerca de 20% da população. Eu diria que, se calhar, numa previsão até bastante optimista, apenas 20% dos portugueses conseguem manter as suas habitações adequadamente aquecidas.

Esta estatística do Eurostat é mesmo bastante quentinha, mas, tal como a Brasa, só aquece o coração.

Lembrete para António Costa

Durante esta semana será discutido na Assembleia da República o Orçamento do Estado para o ano 2020. O PCP e o BE já demonstraram que muito dificilmente aprovarão a proposta do Governo, sendo que a possibilidade de votar contra não está posta de parte.

António Costa ainda não percebeu que o cenário governativo mudou da anterior legislatura para esta, ou então está só a fazer de conta.

António Costa tem dito que não há razões para que os partidos de Esquerda não acompanhem o Partido Socialista na aprovação do Orçamento do Estado e afirma que “este Orçamento é, acima de tudo, um instrumento da execução do nosso Programa de Governo, o nosso compromisso eleitoral com os portugueses (…) os desafios estratégicos que identificamos no nosso Programa Eleitoral”.

Convém lembrar o senhor Primeiro-Ministro que o seu Governo não está mandatado pela maioria dos portugueses para aplicar as medidas apresentadas no Programa de Campanha Eleitoral do PS. Se fosse essa a vontade dos portugueses, António Costa estaria a governar com maioria absoluta.

A mensagem de Ano Novo do Presidente (a que eu ouvi)

Muito boa tarde,

Começar o Ano na ilha do Corvo é maravilhoso. Esta é, sem dúvida, uma das melhores ilhas do mundo. Os habitantes daqui chamam-se corvinos, tomem nota. E é daqui que vai um abraço caloroso, para vos aquecer, e um outro abraço muito empenhado, este, se calhar um pouco mais gélido, com a promessa de que 2020 será melhor que 2019.

Um ano melhor é o meu voto amigo. Voto esse que espero ver retribuído muito em breve.

Dois mil e vinte será, à semelhança de todos os outros, um ano de começo de um novo ciclo. Um ano de esperança, de paz no mundo, de combate climático, de combate às desigualdades, de mais e melhor emprego, de combate à corrupção, de uma Justiça mais rápida e eficaz, de melhor educação, de melhor saúde e vamos todos acabar com os sem-abrigo (não as pessoas em si, mas a sua condição de vida).

Não nos esqueçamos nunca que Portugal tem os melhores políticos do mundo, Portugal tem os melhores juízes do mundo, Portugal tem os melhores professores do mundo (alguns já jubilados), Portugal tem os melhores médicos do mundo, o melhor jogador de futebol do mundo, o melhor jogador de futsal do mundo, o melhor jogador de futebol de praia do mundo, o melhor treinador de futebol do Brasil (que é um mundo), Portugal tem ainda os melhores sem-abrigo do mundo, mas estes é mesmo preciso acabar com eles, por isso recuso-me a condecorá-los.

Somos um povo com quaise 900 anos de história, que nada teme e que acredita no Pai Natal. E, ao contrário do que afirma o Sr. Joaquim de Cavez, o Pai Natal não é Deus. O Pai Natal sou eu.