António Costa terá apanhado o vírus da mentira
Sabemos que se trata de um vírus que costuma atacar políticos, mas a estirpe que terá infectado António Costa parece ser daquelas que induz ao comportamento compulsivo.
António Costa disse que “se tivéssemos tido conhecimento atempado da existência da variante inglesa, seguramente o quadro das medidas que foram definidas para o Natal teria sido diferente e, seguramente, as restrições que entraram em vigor no início de Janeiro teriam entrado em vigor provavelmente logo a 26 de Dezembro”.
Ora, como toda a gente com boa memória e/ou acesso à Internet sabe, a “estirpe inglesa” foi anunciada pelo governo britânico a 14 de Dezembro. E também sabe que apesar de as medidas de confinamento vigentes no Reino Unido, em Dezembro, serem mais restritivas do que em Portugal, a 4 de Janeiro, Boris Johnson mandou encerrar praticamente tudo, incluindo as escolas, sobretudo devido ao potencial de contágio da nova estirpe.
Por cá, António Costa, não fez praticamente nada em Dezembro e ainda promoveu os ajuntamentos familiares, mesmo aqueles que contaram com a presença de milhares de emigrantes no Reino Unido, que vieram passar o Natal a Portugal, provavelmente em voos da TAP. Imagine-se a probabilidade de disseminação da estirpe inglesa nesse período.
Costa referiu ainda que “se soubesse”, “seguramente, as restrições que entraram em vigor no início de Janeiro teriam entrado em vigor provavelmente logo a 26 de Dezembro”.
Quais restrições do início de Janeiro? Aquelas que, com tantas excepções, não serviram para quase nada? E já agora, por que razão só “teriam entrado em vigor a 26 de Dezembro”? Ah, pois, “para salvar o Natal”, claro. Lembremo-nos que as escolas só fecharam há uma semana. É que da maneira que alguns falam, fica-se com a sensação de que julgam, ou pretendem fazer os outros crerem que foi há mais tempo.
Costa, na sua trajectória ilusória, também disse que “ninguém proibiu ninguém de ter ensino online”. É o habitual Costa pantomineiro a fazer joguinhos com as palavras, tentando desdizer aquilo que foi dito pelo Ministro da Educação e até por ele próprio.
Aquando do anúncio do encerramento das escolas, António Costa disse que o governo avançava com a “interrupção de todas as actividades lectivas”, pelo período de 15 dias. Pode agora dizer que não usou o verbo “proibir”, mas ao interromper por 15 dias está a afirmar que não há lugar a qualquer tipo de actividade lectiva, algo que o seu ministro Tiago Brandão Rodrigues corroborou pouco tempo depois, quando disse que “o cumprimento das regras é algo que deve acontecer. Todas as actividades lectivas estão interrompidas durante este período. Isso é muito claro”.
E neste caso, nem estou a dizer que a decisão do governo foi boa ou má, estou só a notar a facilidade e a compulsividade com que este governo deturpa o seu próprio discurso e as suas decisões.
António Costa tem sido um Primeiro-ministro que não feito outra coisa senão defender aquilo que julga ser a sua verdade. Onde é que eu já ouvi isto?