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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

Contrário

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RAPIDINHA

COMO SE FOSSE NORMAL. Uma UE promotora da corrupção, da fuga de capitais e da lavagem de dinheiro. Uma UE ao serviço das elites, dos grandes grupos económicos, dos oligarcas e das máfias. Viva o "belo jardim" que é a União Europeia!

Restaurantes < Bares < Discotecas < Botellónes

Os restaurantes estão a funcionar praticamente nas mesmas condições com que funcionavam antes da pandemia. As restrições ainda em vigor pouco ou nada alteram o funcionamento da maioria dos estabelecimentos. Os certificados digitais e os testes rápidos são coisas anedóticas.

Sendo espaços onde se verifica uma significativa concentração de pessoas, por períodos de tempo consideráveis e sem que se verifique o respeito pelas regras de distanciamento, muito menos, o uso da máscara, porque é impossível, é óbvio que são locais de propagação do vírus.

Para ajudar à festa, o Governo decidiu que os bares podem reabrir, já a partir de amanhã, desde que funcionem com as mesmas regras dos restaurantes. E como a festa ainda não é suficientemente grande, o Governo vai mais além e decide autorizar também a reabertura das discotecas, desde que funcionem com as mesmas regras dos bares, claro.

E porque é de festarolas que estamos a falar, não deverá faltar muito para que o Governo autorize – e até promova – as festas privadas e os “botellónes”, neste caso, desde que funcionem com as mesmas regras das discotecas.

Optimismo irritante e libertação da sociedade?

Após a reunião do Conselho de Ministros, António Costa disse: “apesar de termos um variante mais transmissível, temos menos óbitos, menos internamentos em unidades de cuidados intensivos e menos internamentos em geral”. Isto é verdade se compararmos, por exemplo, com os números do mês de Janeiro, mas é completamente falso se compararmos com Julho de 2020, que corresponde ao período homólogo e que mais sentido faz usar como termo comparação.

No mês de Julho de 2020 morreram 159 pessoas com Covid-19, neste mês de Julho já morreram 234 pessoas (contagem até ontem), portanto, um aumento de cerca de 50%. Já no que respeita aos internamentos em cuidados intensivos, a 29 de Julho do ano passado estavam 43 pessoas em unidades UCI, ontem (dia 29 de Julho) estavam 208 pessoas em UCI, quase cinco vezes mais. Já os internamentos a 29/07/2020 eram 403, ontem, 954 internados. Mais do dobro.

Saliente-se o facto de que agora há uma variante mais contagiosa em circulação, contudo, são as próprias autoridades da saúde que informam que, apesar de mais contagiosa, a variante Delta não é mais severa (em termos de morbilidade) do que as anteriores. Além disso, temos que recordar que em Julho de 2020 ninguém estava vacinado, nem se verificava a obrigatoriedade do uso da máscara na via pública.

Ora, num momento em que os números da pandemia em Portugal demonstram que a situação continua muito preocupante e sendo Portugal um dos países da Europa com maior mortalidade, os responsáveis políticos – Presidente da República à cabeça, mas também o Primeiro-ministro – vêm falar-nos em optimismo irritante e libertação da sociedade.

Anteontem, na reunião do Infarmed, os vários intervenientes falaram como se a pandemia já não existisse, fazendo uma interpretação estapafúrdia dos números e, pior que isso, desvirtuando a realidade dos mesmos.

Por exemplo, sobre a incidência disseram que a mesma acontece maioritariamente em pessoas não vacinadas, querendo passar a ideia de que são apenas os não vacinados que estão a fazer circular o vírus. Pois bem, em termos etários, a incidência está como sempre esteve, isto é, ocorre essencialmente na população mais jovem, porque é aquela que mais se movimenta e que menos cumpre as regras de distanciamento físico e etiqueta respiratória. Sempre foi assim, apesar de anteriormente nos dizerem o contrário, apenas para justificar que os estabelecimentos de ensino eram locais seguros, não ter que pagar aos pais para ficarem em casa, etc.

Ora, sendo precisamente a população mais jovem aquela que não está vacinada ou que está pouco vacinada, obviamente que vai coincidir com a população em que a incidência é maior. Mas sempre foi assim, não é o facto de termos a população adulta e mais idosa vacinada que faz com que a incidência seja maior nos mais jovens. A questão prende-se também com o facto de agora a testagem incidir muito mais na população mais jovem, que pretende obter uma certificação para poder deslocar-se “livremente”. Anteriormente, quase não se testava a população mais nova para se poder sustentar a ideia de que não constituíam um problema e para manter as escolas abertas. Se bem se lembram, Costa e Marcelo, no Verão passado, diziam até à exaustão que “os jovens não são [eram] um problema”. O comportamento de muitos jovens não se alterou, infelizmente - e as autoridades nem sequer fazem cumprir a lei - , e a narrativa de políticos e especialistas passou a ser de que são eles o problema, só porque não estão vacinados. Por outro lado, quem alterou e muito o seu comportamento foi uma boa parte da população adulta e dos mais velhos que já se encontram vacinados. Muita desta população baixou nitidamente a guarda e perdeu o receio à doença, muito por culpa da má comunicação que as autoridades tiveram, desde o início, sobre a vacinação. Muitas destas pessoas acreditaram que por estarem vacinadas já podem voltar à “vida normal”. A frase que mais se ouve da boca das pessoas já vacinadas, por estes dias, é: “Oh, eu já estou vacinado(a), não há problema”.

Atribuir à vacinação uma maior importância do que aquela que realmente tem – mesmo sendo a principal arma, neste momento -, comporta dois problemas graves: o primeiro tem a ver com o facto de as pessoas vacinadas deixarem de cumprir as regras antes do tempo – antes da eventual imunidade de grupo -, podendo também contribuir para o surgimento de novas variantes mais perigosas; o segundo, tem a ver com o facto de as autoridades ficarem sem argumentos para, no futuro, justificar por que razão uma elevada taxa de vacinação poderá não ser suficiente.

Nota-se, pois, uma cegueira por parte de políticos e especialistas em dizer as maiores barbaridades apenas para infatizar a necessidade de se vacinar, como se isso fosse um problema em Portugal. Os portugueses são dos que mais confiam nas vacinas e, como se sabe, neste momento há mais braços disponíveis do que picas. Vejam bem ao absurdo a que isto chegou, quando um “especialista” em saúde pública diz na TV que, agora, “o vírus anda atrás das pessoas que não estão vacinadas”.

Outra imbecilidade que se ouviu na reunião do Infarmed foi a que o porta-voz da DGS disse sobre os internamentos. Numa clara tentativa de querer insinuar que os internamentos acontecem sobretudo na população mais jovem, o indivíduo disse que, actualmente, a maioria dos internamentos se verifica na “faixa etária dos 20 aos 79 anos”. Mas que grande faixa etária! As estratégias que estes tipos inventam para distorcer a realidade. A esmagadora maioria dos internamentos ocorre acima dos 50 anos, sendo que as mortes se verificam essencialmente na população acima dos 70 anos, muito provavelmente já completamente vacinada. Se repararem, não há informação oficial sobre se os óbitos ocorrem na população já completamente vacinada, e isso é um dado importante, sobretudo saber se as mortes incidem mais em pessoas com uma determinada vacina. O facto de esta informação estar a ser sonegada à população leva-me a acreditar que as mortes estão mesmo a acontecer sobretudo em pessoas vacinadas, caso contrário, estaríamos a ser metralhados com a notícia contrária de manhã à noite.

Houve também quem dissesse que “apenas 2% dos internamentos correspondem a pessoas com vacinação completa”. Bem, eu nem sei o que é que uma pessoa que mente desta forma ao país merece. Em primeiro lugar, vários médicos que trabalham nas áreas Covid dos hospitais têm referido que são muitas as pessoas com vacinação completa que se encontram hospitalizadas. E basta olharmos para o que está a acontecer em Inglaterra, por exemplo, onde mais de 40% dos internamentos corresponde a pessoas com vacinação completa. Mas em Portugal é de apenas 2%.

O Presidente da República insiste que vê sinais de esperança nos números da pandemia e fala em fim da pandemia. O Primeiro-ministro diz que vai libertar o país no final do Verão. Será que esta gente não vê o que se passa no resto do mundo? Se vêm, como podem falar em fim da pandemia? Será que estão a pensar fechar todas as fronteiras, incluído o espaço aéreo? Seria algo inédito, já que este Governo tem por hábito fazer o contrário, ou seja, deixar entrar tudo e todos.

Que tipo de político pode considerar que é possível atingir a imunidade de grupo em Setembro e libertar o país, quando isso depende da situação no resto do mundo? Qual será a interpretação que esta gente faz da palavra PAN-DE-MI-A?

É lógico que compete aos governos de cada país implementar medidas de acordo com a situação que cada um enfrenta e que não é igual entre todos, a cada momento, contudo, não é aceitável que alguém possa decretar o fim da pandemia no seu país, quando isso não depende apenas daquilo que se passa dentro de portas. A menos que esse país se isole do resto do mundo.

Lá para o Outono, teremos que levar com toda esta gente a dizer que, afinal, as coisas não correram como se previu, que o vírus é imprevisível, trocou-nos as voltas, que ninguém poderia imaginar que isto iria acontecer, ou seja, o habitual.

Se eu estiver enganado (e oxalá esteja), será com enorme prazer e alegria que virei aqui reconhecê-lo.

Ai coitadinha da Simone Biles

Ai, coitadinha da Simone Biles, já não bastava ter nascido mulher e negra, ainda tem de lutar contra coisas tão difíceis como a pressão emocional. 

Ai, só mesmo uma valente campeã para ter a coragem de parar antes de colocar em causa o seu bem-estar mental.

Ai, como ela é forte ao recusar carregar todo o peso mediático que ousam colocar sobre os seus ombros.

Tenham juízo. Não há nenhum atleta de alta competição que não sofra com a pressão emocional, porque isso é perfeitamente natural. Alguns conseguem lidar melhor com esse factor do que outros. É a vida.

Aliás, sob um ponto de vista mais abrangente, a pressão emocional faz parte da vida de todas as pessoas e, como dizia o outro, “pressão é não ter o que comer”.

Agora que a supercampeã não conseguiu lidar com a pressão e se acagaçou toda, temos de levar com uma data de choninhas que só agora descobriram que a Simone também é humana.

Aquilo que se viu foi uma superatleta a desrespeitar as suas colegas de equipa, o seu país e as suas adversárias – as russas - que, por sinal, tiveram um desempenho imaculado, vencendo a prova com toda a justiça. Mas delas ninguém fala. São umas campeãs de segunda categoria. Só venceram porque a pequena Simone se esqueceu que estava nos Jogos Olímpicos e decidiu fazer uma birrinha.

A Simone Biles tem todo o direito de se ir abaixo, de não aguentar a pressão e de se recusar a competir. Apenas devia tê-lo feito antes de aceitar participar nos Jogos Olímpicos e, assim, permitir que alguém com menos cagufa estivesse à altura de assumir a responsabilidade.

O gajo de Alfama que é médico de saúde pública

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O médico de saúde pública Bernardo Gomes disse:

“A variante Delta vai andar ‘à caça’ das pessoas que não tenham sido vacinadas…”

Eh pá, este gajo sabe, porque os gajos lá dentro sabem.

A variante Delta é como a bomba dos “amaricanos” que só mata gajos muçulmanos, porque é uma bomba que vai lá pelo cheiro a caril.

Bem, podia ter-lhe dado para pior e dizer que a variante Delta vai andar à caça das pessoas que não bebem o café do senhor Nabeiro.

Otelo, obrigado pá!

Obrigado pelo importante papel que desempenhaste no 25 de Abril.

Obrigado por teres deixado bem claro que a maioria dos desígnios que originaram a Revolução nunca se cumpriu.

Obrigado por, mesmo depois de morto – paz à tua alma -, ainda teres o poder de fazer sair da toca uma imensa quantidade de fascistas e gentinha do antigo regime (filhos e afilhados), que desde o 25 de Abril vivem acobertados pelo manto da Democracia e purificados por certos partidos políticos – especialmente criados para esse efeito - que se autodeterminam como democráticos.

Rangel: bezana privada na via pública

Tem andado a circular um vídeo nas redes que mostra o eurodeputado Paulo Rangel a cambalear de bêbado pelas ruas de Bruxelas.

Desde logo, importa salientar que ninguém tem o direito de filmar e publicar um vídeo sem a devida autorização das pessoas visadas. Por conseguinte, também seria condenável se o referido vídeo evidenciasse o eurodeputado Paulo Rangel tranquilamente sentado num banco de jardim a comer uma maçã. Isto é um ponto que não oferece qualquer dúvida. Contudo, há o outro lado da moeda, que é o facto de um representante do povo português no Parlamento Europeu andar a cambalear pelas ruas de Bruxelas com uma valente carraspana.

Os titulares de cargos políticos e públicos têm responsabilidades éticas e comportamentais acrescidas face ao cidadão comum, obviamente. Achar que o comportamento do eurodeputado Paulo Rangel é normal, aceitável e que faz parte da esfera privada não faz sentido, desde logo porque aconteceu na via pública. Se Rangel estivesse em sua casa ou noutro ambiente privado qualquer seria uma coisa, agora, encontrando-se completamente embriagado na via pública é outra coisa bem diferente. Não que eu considere que seja motivo para o eurodeputado colocar o seu lugar à disposição, se eu quisesse ir por aí teria à minha disposição pipas de razões bem mais sóbrias. Mas que se trata de um comportamento inapropriado e vexatório, lá isso é verdade.

A propósito deste tema, lembro-me de há uns tempos, os dirigentes do PSD terem vindo a público defender um dos seus Presidentes de Câmara, quando este foi acusado de ter um comportamento inapropriado para com outras pessoas na rede social Facebook. Na altura, a direcção do PSD argumentou que as atitudes reprováveis do autarca foram cometidas na página pessoal do próprio no Facebook e não na página institucional, pelo que não havia nada de errado no comportamento do autarca. Que bonito.

Voltando ao pifo do Rangel, foi muito engraçado verificar que na justificação apresentada pelo próprio, ele informa que o acontecimento deu-se “há vários anos”, como se aquilo que aconteceu há vários anos não tivesse realmente acontecido (se fosse ontem já seria reprovável?). Ou como se “há vários anos” Rangel não fosse eurodeputado. Na mesma parca comunicação, o eurodeputado Rangel alega que se trata de um assunto da “vida privada”. Lamento, mas estar completamente embriagado na via pública não configura um comportamento exclusivo da sua vida privada.

Há ainda um pormenor delicioso nessa mensagem de Paulo Rangel, que é a referência a Sérgio Godinho. É sempre muito divertido ver um indivíduo de Direita – e logo Rangel, cujo passatempo favorito é desprezar as gentes de Esquerda - socorrer-se das palavras de uma personalidade de Esquerda, quando a bota lhe aperta.

Mas o mais impressionante no meio desta mixórdia foi constatar a enorme quantidade de figuras públicas que vieram em defesa de Paulo Rangel. É uma espécie de solidariedade bacoca (bacoca de Baco). Se fosse apenas para condenar a captação e divulgação não autorizada das imagens estaria tudo certo, mas o que essas pessoas fizeram foi muito mais do que isso. Essas pessoas defenderam que não há nada de criticável no comportamento do eurodeputado e que aqueles que o fazem são falsos moralistas ou puritanos. Na verdade, as pessoas que defendem que um eurodeputado possa andar a cair de bêbado na rua e que ninguém tem nada a ver com isso é que são falsas. São os “falsos moderados”, que aproveitam o episódio para se solidarizar publicamente e, assim, granjear capital de moderação – estratégia muito em voga -, para depois poderem bater com toda a autoridade moral em quem lhes aprouver. Por sinal, Paulo Rangel é um dos que faz isso com bastante frequência. Portanto, temos a brigada dos moderados a defender os excessos. Ele há coisas!

Eu gostaria de ver o que diriam estes falsos moderados caso a pessoa em causa fosse o ministro Cabrita. Malhavam-lhe até à exaustão.

Já agora, e se fosse Marcelo Rebelo de Sousa ou António Costa a cambalear de bêbados pelas ruas de Lisboa, depois de um jantar bem regado, também estaria tudo bem e ninguém tinha nada a ver com isso? Parece-me evidente que determinados cargos políticos exigem um determinado padrão comportamental, sobretudo quando em público e mesmo estando fora do horário de serviço. Quem não quiser estar sujeito a esses condicionalismos tem bom remédio.

Antes de terminar, gostaria ainda de salientar o facto de muitos daqueles que agora apoiam Rangel terem desafiado a atirar a primeira pedra, quem nunca passou por uma situação semelhante. Bem, sabemos que o consumo de álcool em Portugal se mede em pipas por metro quadrado e, ainda ontem, no Parlamento, o Primeiro-ministro disse: “vamos lá encher o copo, isso é que interessa aos portugueses”, mas – até me sinto embaraçado - a verdade é que eu nunca andei a cambalear de bêbado na rua. E a esmagadora maioria das pessoas que conheço também não. Bom, nenhum de nós é político ou figura pública. Talvez seja essa a explicação.

Mas foi bonito, sim senhor. Foi bonito ver a solidariedade demonstrada por toda a classe. Ah… e também por alguns políticos.

Branson, Bezos e Musk: quem faz xixi mais longe?

A comunicação social tem dado especial destaque às viagens que alguns multimilionários têm feito até ao "espaço”. Fazem transmissões em directo e comentam o evento como se o mundo estivesse a testemunhar a ocorrência de importantíssimos marcos históricos para a humanidade.

Para mim, este tipo de acontecimentos têm a mesma importância que os concursos de xixi. E, neste momento, parece que é Bezos quem vai na frente. O primeiro a entrar em acção foi Richard Branson, que não chegou sequer a tirar o pirilau para fora, tendo feito duas pinguinhas de xixi nas cuecas. Seguiu-se-lhe Jeff Bezos que, apesar de ter conseguido abrir o fecho-ecler, não conseguiu mais do que fazer xixi nas calças.

Agora, o mundo está ansioso pela distância que o outro indivíduo com nome de after shave vai conseguir atingir. Eu estou a colocar as fichas todas em Musk. Estou convicto de que ele - com toda a sua jactância - vai conseguir fazer xixi até à biqueira dos sapatos e assim vencer o concurso.

Licença para matar, ao serviço de Sua Majestade

O Governo Britânico decidiu que a partir de hoje deixa de ser obrigatório o uso da máscara, o distanciamento social e o teletrabalho. Os bares e discotecas reabrem sem qualquer tipo de limitação e os recintos para espectáculos passam a poder funcionar na capacidade total.

Portanto, o Reino Unido, que é o campeão da variante Delta e é também um campeão no aumento de novos casos de Covid-19 decide avançar com o desconfinamento “quase” total. E naquele que já é apelidado de “Dia da Liberdade”, no qual muitos acreditam que o SARS-CoV-2 foi definitivamente derrotado, o próprio Boris Johnson entrou em isolamento profiláctico. E, ao mesmo tempo em que incentiva as pessoas a retomar a normalidade – dando-lhes licença para matar (a vacinação, pelo menos) – pede-lhes para que: “por favor, por favor, por favor tenham muito cuidado”. É o típico humor britânico.

Daqui a mais ou menos duas semanas teremos o resultado.

Mais uma carta aberta pateta

Anda por aí um grupo de patetas a reivindicar que está na altura de retomar a normalidade e, nesse sentido, escreveram uma carta ao Governo na qual expõem a sua brilhante interpretação da situação actual.

Dizem que já não estamos a viver uma situação pandémica, mas sim endémica. Portanto, temos um grupo de médicos e farmacêuticos que, perante a preocupante situação actual, sustenta que já não existe nenhuma pandemia em curso. Defendem que não há razões para manter as actuais medidas de confinamento e defendem a abertura total e o fim das restrições.

Um tal de Jorge Torgal (um especialista) diz que "neste momento, a Covid-19 não é um problema de saúde pública em Portugal e que estão a morrer apenas 20 e tal pessoas por semana". O senhor Jorge Torgal está a precisar de rever os seus apontamentos da 2.ª classe, é que nas duas últimas semanas morreram quase 100 pessoas, praticamente o mesmo número de mortes verificadas na primeira quinzena do mês de Julho de 2020. É óbvio que a pandemia está bem presente, em Portugal e no mundo. Negar esta evidência constitui um episódio de pura senilidade.

Este grupo de especialistas também defende que o elevado número de novos casos não é preocupante porque isso não se reflecte num aumento do número de mortes. Outra patetice. O actual número de mortes é preocupante, na medida em que apresenta um valor aproximado ao número de mortes verificado no ano passado. Na primeira quinzena de Julho de 2020 morreram 100 pessoas, no período homólogo de 2021 verificaram-se 91 mortes. No entanto, estes seres iluminados fazem as suas contas comparando o número de mortos face ao número de novos casos, o que está completamente errado. É óbvio que o percentual que resulta dessa relação é bem menor agora, por uma razão muito simples, é que agora realizam-se mais testes. Mas as contas não se fazem assim, porque se no ano passado tivessem realizado mais testes, provavelmente o número de novos casos também seria superior.

Os números que devem ser avaliados com especial cuidado é o número de mortes e o número de internamentos, porque são números reais que não dependem do número de novos casos que, por sua vez, dependem do número de testes realizados. Se considerarmos o facto de que temos, agora, muito mais internamentos e mais doentes em cuidados intensivos do que em Julho do ano passado, sendo que o número de mortes é praticamente o mesmo, conclui-se que a situação é preocupante. Convinha lembrar a estes senhores que em Julho do ano passado não havia ninguém vacinado.

Devemos ainda lembrar estes imbecis que há, agora, uma variante mais contagiosa e que não está posta de parte a possibilidade de surgirem novas variantes ainda mais perigosas, que podem colocar em causa todo o esforço de vacinação desenvolvido até agora.

Como é possível alguém não perceber algo tão simples? Principalmente, alguém com responsabilidades acrescidas nesta matéria. Este é o grande problema que agora se coloca, ou seja, o de tentar reduzir ao máximo a incidência e a transmissibilidade, para que o vírus circule o mínimo possível e, assim, reduzir a probabilidade de surgirem novas estirpes que possam pôr em causa todo o processo de vacinação já realizado e o que falta cumprir.

Abrir a sociedade por completo e retomar a normalidade, neste momento, poderia significar deitar tudo a perder e, eventualmente termos que enfrentar um Inverno ainda pior do que o anterior. Imaginem o que seria se chegássemos ao próximo Inverno com uma ou mais variantes a circular, para as quais as vacinas não oferecem protecção. Daí a importância de se manter algumas medidas restritivas à circulação – que, na minha opinião, deveriam ser bem mais apertadas - e continuar a cumprir à risca com o uso da máscara, o distanciamento social e a lavagem frequente das mãos.

As actuais medidas restritivas só pecam por defeito.

Infarmedíocre

O Infarmed havia suspendido (na Quarta-feira) a utilização de um lote da vacina da Janssen, depois de se terem verificado alguns desmaios (síncopes) no centro de vacinação de Mafra. Ontem, o Infarmed anulou a suspensão alegando que as investigações realizadas (pelo próprio Infarmed) revelaram que “não foi detectado qualquer defeito de qualidade”.

Só mesmo o Infarmed para me fazer rir num assunto tão sensível. Em menos de 24 horas, o Infarmed levou a cabo um conjunto de investigações que atestou que a vacina é boa, segura e que não oferece qualquer dúvida. Que brilhantes que são os especialistas do Infarmed. Parece que os estou a ver a olhar com muita atenção para os frasquinhos, a cheirá-los e quiçá até a colocar uma gotícula no dedo mindinho para depois provar. Ou então colocaram os frasquinhos numa vasilha com água, e como os mesmos não flutuaram é porque a vacina está fresquinha e mais do que boa.

E para coroar a cantiga, o Infarmed considera que os desmaios verificados após a toma da vacina da Janssen se devem à “ansiedade” e ao “stress” associados à vacinação.

Ah sim? Então por que razão não se verificaram desmaios em mais centros de vacinação? E, principalmente, por que razão não acontece o mesmo com a toma de outras vacinas? Quem leva a vacina da Pfizer, por exemplo, não apresenta ansiedade e stress na altura da toma? O stress e ansiedade só atacam as pessoas de Mafra que levam a vacina da Janssen?

Quão medíocre é o Infarmed para se socorrer de uma explicação tão estúpida, para justificar aquilo que nitidamente não tem competência para explicar.

Já agora, aproveito para dizer que tenho ouvido algumas pessoas afirmarem que são vários os casos de desmaios aquando da toma da vacina da Janssen, em diferentes centros de vacinação. É um diz que disse, vale o que vale, mas são várias as pessoas que me garantiram que tal tem acontecido…

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