Na reunião de especialistas que decorreu ontem no Infarmed, os ditos “especialistas” estiveram mais preocupados em demonstrar a suposta eficácia da vacinação do que olhar friamente para a situação actual e, sobretudo, para os meses de Inverno que aí vêm e apontar medidas concretas, já que aquilo que foi sugerido é praticamente nada, em relação ao que já estava em vigor.
É no mínimo estranho que perante a possibilidade de termos, muito brevemente, um caos no SNS, os especialistas e as autoridades políticas estejam mais interessados em dizer coisas do tipo: “estão a ver com a vacinação resulta”, ou “a vacinação fez toda a diferença” quando, em Portugal, a quase totalidade das pessoas acredita nestas vacinas - tendo aderido massivamente - e em que o número de pessoas elegíveis para vacinação e que não está vacinada é extremamente reduzida. O facto de esta gente estar constantemente a insistir na mesma ideia, como se do outro lado estivesse uma população que não quis ser vacinada, só demonstra que há quem não esteja de boa-fé em todo este processo. E não são as pessoas que aderiram massivamente à vacinação, com toda a certeza.
O que nós assistimos desde o início é que todos os caminhos vão dar à vacinação. E, mesmo que os dados apontem que estas vacinas claramente não atingem os pressupostos daquilo que deve ser uma vacina, a ordem é para manter o discurso, porque não se pode pôr em causa as vacinas. Não se pode discutir ciência.
Bem, aquilo que os dados demonstram é que as vacinas, de facto, apresentam um nível de eficácia que se esfuma num curto espaço de tempo. Há inúmeros estudos científicos que o demonstram.
No caso de Portugal, os especialistas dizem que apesar de haver um aumento significativo de casos, a verdade é que a vacina diminui a gravidade e a letalidade da doença. Dizem até que impediu que morressem milhares de pessoas. Pois é, os dados podem ser martelados como bem se entender, mas não há nada, mesmo nada, nenhum facto que possa comprovar essa afirmação. Notemos que, sempre que um especialista vem a público é para defender a eficácia das vacinas e, normalmente, concentra-se apenas numa parte dos dados, naqueles que podem erroneamente sustentar a verborreia. E o pior é constatar aqueles que devoram essa “verdade”, apenas porque um especialista o disse, mesmo que não haja grande aderência à realidade.
Eu também posso dizer o contrário daquilo que foi dito pelos especialistas e, pelo menos, eu apresento factos pra sustentar as minhas afirmações.
Ora vejamos, no Verão do ano passado faleceram 390 pessoas com Covid-19, sendo que no Verão deste ano faleceram 857 pessoas. Convém lembrar que no início do Verão deste ano já havia 25% da população completamente vacinada e no final essa percentagem rondava os 80%. Creio que não havia necessidade de o referir, mas como sei que muita gente anda distraída aqui fica o lembrete de que no ano passado a população vacinada era igual a zero.
Ou ainda, se compararmos apenas os meses de Setembro de 2020 e 2021, verificamos que no ano passado faleceram 149 pessoas, já em Setembro deste ano faleceram 232 pessoas. Ou seja, em Setembro deste ano, com uma elevadíssima taxa de vacinação faleceram mais pessoas do que em Setembro do ano passado, com zero vacinados. Isso é um facto. Para se poder afirmar que “a vacinação faz toda a diferença” é necessário esperar pelo final do próximo Inverno. Sendo que, obviamente, a mortalidade tem que baixar neste Inverno face ao anterior. Teria que baixar mesmo que ainda não houvesse vacinas, por uma razão muito simples, ninguém morre duas vezes. Ora, se no Inverno passado já ocorreu um enorme desbaste na população mais vulnerável, não é esperado que este ano se atinja as mesmas proporções, repito, mesmo que não houvesse vacinas. Mas como as há, para que se confirme o famigerado sucesso da sua eficácia, a mortalidade terá que ser mesmo muitíssimo inferior.
Poderia ainda usar como exemplo a mortalidade e a vacinação na África do Sul, onde a taxa de vacinação ronda apenas os 23% e a mortalidade absoluta é inferior à que se verifica em Portugal.
Portanto, dizerem que as vacinas contra a Covid-19 são muito eficazes e que fizeram toda a diferença é, neste momento, simplesmente patético e desonesto. Elas terão certamente alguma eficácia e terão feito alguma diferença, mas não aquela que é vendida todos os dias nos órgãos de comunicação social, como se esses se tivessem transformado em espaços oficiais de propaganda da big pharma.