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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

Contrário

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A dignidade e a justiça do governo de Costa e Medina

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O Orçamento do Estado para 2022 contempla – tal como já estava previsto desde o ano passado – um aumento extra de 10 euros para as pensões até 1.008 euros. Também como já estava previsto, este aumento terá efeitos retroactivos a Janeiro deste ano. Recordemos que António Costa não quis efectivar esse aumento no início deste ano, porque havia eleições no final de Janeiro e Costa quis deixar no ar a ameaça de que se não votassem nele, não haveria aumento extraordinário. Como o resultado das eleições foi o que todos sabemos, parece justo dizer que a manobra de Costa surtiu os efeitos desejados.

Voltando ao aumento extraordinário das pensões até 1.008 euros, será que é justo aumentar extraordinariamente a pensão de uma pessoa que aufere 300 euros mensais e, simultaneamente, aumentar no mesmo valor a pensão mensal de uma outra pessoa que aufere 1.000 euros? Esqueçamos até por breves instante a ridicularia que representa o aumento extraordinário das pensões, será que o Governo deve aumentar uma mísera pensão de 300 euros no mesmo valor que aumenta uma pensão que é mais de três vezes superior?

O senhor Ministro das Finanças, Fernando Medina, disse que “Esta é seguramente uma das medidas que mais nos convocou para a aceleração na aprovação deste Orçamento. Porque é da maior importância e justiça que os pensionistas possam ver e encontrar no OE2022 resposta, não só ao aumento dos custos mas também à necessidade de reforçarem uma vida com um pouco mais de condições, um pouco mais de dignidade”.

Portanto, Medina diz que o seu governo acelerou a aprovação deste Orçamento especialmente para socorrer os pensionistas mais desfavorecidos, quando todos sabemos que esta medida já poderia ter entrado em vigor em Janeiro deste ano. Medina tem ainda o desplante de afirmar que este ridículo aumento de 10 euros vai dar resposta às necessidades dos mais desfavorecidos, que vai reforçar as suas condições de vida e conferir-lhes um pouco mais de dignidade.

Realmente, é preciso muito descaramento para considerar que uma esmola de 10 euros - que em muitos casos vai parar ao bolso de pessoas que sobrevivem com pensões miseráveis – é uma medida justa, que dá resposta às necessidades, que melhora as condições de vida e que atribui dignidade às pessoas, quando sabemos que estes 10 euros representam uma gotícula de água na cada vez maior labareda de aumento de preços dos bens essenciais.

A guerra não se resolve com armamento pesado

A guerra só acabará com diplomacia e negociação

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Alguém consegue vislumbrar algum esforço por parte do governo ucraniano ou da parte do Ocidente tendo em vista um acordo de paz? Sinceramente, eu não vejo nenhuma movimentação nesse sentido, muito pelo contrário. Aquilo que vemos – cada vez mais – é uma escalada no conflito, com o governo do senhor Zelensky constantemente a implorar por mais armamento e por mais envolvimento do Ocidente. Isto, para não falar na estupidez que são as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, que só servem para piorar o nível de vida dos cidadãos europeus.

Vejamos, a Ucrânia tem o direito de se defender da invasão russa? Claro que sim. O problema é que uma solução para a paz – e isso é o que mais importa agora - está muito para além da moralidade dos intentos ucranianos. É algo que tem que ser observado sob um ponto de vista realístico.

Portanto, sejamos realistas, a Ucrânia não tem – nunca teve – a mínima hipótese de vencer este conflito. Prolongar a duração do mesmo, só trará mais mortes ao povo ucraniano e maior devastação das infra-estruturas do país. É isso que o senhor Zelensky pretende? Mesmo que ele consiga obter um enorme arsenal de armas do Ocidente e que consiga resistir por muito mais tempo, que raio de vitória é que ele espera obter quando tiver o seu país destruído e os seus habitantes mortos ou com as suas vidas completamente destroçadas? Quererá o senhor Zelensky que a Ucrânia se torne num novo Afeganistão, Iraque ou Vietname?

Outra questão importante tem a ver com o facto de a soberania da Ucrânia não estar nem nunca ter estado em causa devido à invasão russa. Ao contrário daquilo que é amplamente difundido na comunicação social ocidental, Putin nunca esteve interessado em “anexar” a Ucrânia. Os objectivos de Putin passam por garantir a neutralidade da Ucrânia (fora da OTAN), por garantir a independência do Donbass, ou pelo menos garantir o cumprimento dos acordos de Minsk (2014), que o governo ucraniano nunca cumpriu e, por último, desmilitarizar a Ucrânia, que significa retirar as armas das mãos dos nazistas do Batalhão de Azov e do C14, que controlam o exército, a polícia e os serviços de informação na Ucrânia – um verdadeiro Estado dentro do Estado.

Perante este cenário que objectivamente só tem uma solução: usar a diplomacia e negociar um acordo de paz, vemos o Ocidente muito interessado em enviar toneladas de armamento para a Ucrânia, estando mesmo a considerar a possibilidade de enviar armamento predominantemente ofensivo, sendo que até já disseram que “todas as possibilidades estão em cima da mesa”. Portanto, esta gente só pode desejar uma de duas coisas: ou pretendem combater a Rússia em terreno ucraniano, até ao último ucraniano vivo; ou então pretendem evoluir para uma escalada desaustinada que conduza a uma terceira guerra mundial. Esta gente só pode ter perdido o juízo de vez. Aquilo que está absolutamente claro e evidente é que o Ocidente não está minimamente preocupado com o fim do conflito, o mesmo é dizer, com o povo ucraniano.

“Stand up (comedy) for Ukraine”

No momento em que o país está em guerra e que grande parte do seu povo tenta desesperadamente fugir dela e dele (guerra e país), o seu Presidente – Volodymyr Zelensky – anda a divertir-se em joguinhos do tipo “verdade ou consequência”, com os seus parceiros da comunicação social.

Agora que a sua intervenção na Assembleia da República já está confirmada e agendada, consta que Zelensky terá pedido para substituir a sua “aparição” no Parlamento português por uma presença no “Levanta-te e Ri”.

"Ai e tal, o drama, a tragédia, o horror, as atrocidades... Vamos mas é dar uma boa gargalhada, que tristezas não pagam dívidas".

A estrondosa derrota de Macron

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A principal ilação a retirar do resultado das eleições presidenciais francesas - realizadas ontem - é a de que o actual Presidente e recandidato (Emmanuel Macron) sofreu uma enorme derrota eleitoral. Um Presidente da República que se recandidata ao cargo e só consegue obter 28% dos votos é um Presidente brutalmente derrotado.

Claro que agora haverá uma segunda volta, onde concorrerão apenas os dois candidatos mais votados (Emmanuel Macron e Marine Le Pen), pelo que um deles terá obrigatoriamente que amealhar a maioria dos votos. O actual sistema eleitoral tem destas coisas, ou seja, permite que um candidato que não consegue sequer convencer 30% do eleitorado possa vir a ser eleito com uma maioria - é a maioria do candidato menos mau. Qualquer que seja o vencedor, será sempre um Presidente que não representa a esmagadora maioria dos eleitores. Reparem que se todos os eleitores que não votaram nem em Macron nem em Le Pen nesta primeira volta, voltarem a não votar em nenhum deles - como seria de esperar, pois não se percebe como é que alguém pode alterar o seu sentido de voto em apenas 15 dias -, o candidato que sairá vencedor no próximo dia 24 de Abril não conseguiria obter mais do que 20% dos votos dos eleitores franceses.

Independentemente do resultado que venha a acontecer, a verdade é que Emmanuel Macron acaba de sofrer uma estrondosa derrota. Mas a comunicação social prefere salientar a sua vitória pífia. 

Obama Nation

This track is not an attack upon the American people
It is an attack upon the system within which they live
Since 1945 the united states has attempted to
Overthrow more than 50 foreign governments
In the process the us has caused the end of life
For several million people, and condemned many millions
More to a live of agony and despair
The strength of your dreamin
Prevents you from reason
The American dream
Only makes sense if youre sleepin
Its just a cruel fantasy
Their politics took my voice away
But their music gave it back to me
The land where their lumpen are consumed by consumption
Killing themselves to shovel down food and abundance
I guess a rapper from Britain is a rare voice
America is capitalism on steroids
Natives kept in casinos and reservations
Displaced slaves never given reparations
Take everything from Native Americans
And wonder why I call it the racist experiment
Afraid of your melanin
The same as its ever been
That aint gonna change
With the race of the president
I see imperialism under your skin tone
You could call it Christopher Columbus syndrome
Is it Obamas nation or an abomination?
Is it Obamas nation or an abomination?
Is it Obamas nation or an abomination?
Doesn't make any difference when they bomb your nation
O! Say can you see by the dawn's early light
What so proudly we hailed at the twilight's last gleaming
Whose broad stripes and bright stars through perilous fight
O'er the ramparts we watched were so gallantly streaming
The worlds entertainer
The worlds devastator
From Venezuela
To Mesopotamia
Your cameras lie
Cause they have to hide the savage crimes
Committed on leaders that happen
To try and nationalize
Eating competitions while the worlds been starvin
Beat up communism with the help of bin-laden
Where would your war of terror be without that man
Every day you create more Nidal Hassans
Kill a man from the military, youre a weirdo
But kill a wog from the Middle East youre a hero
Your country is causing screams that are never reaching ear holes
America inflicted a million ground zeros
Follow the dollar and swallow your humanity
Soldiers committing savagery you never even have to see
Those mad at me, writing in emails angrily
Im not anti-America, America is anti-me
Is it Obamas nation or an abomination?
Is it Obamas nation or an abomination?
Is it Obamas nation or an abomination?
Doesn't make any difference when they bomb your nation
And the rocket's red glare
The bombs bursting in air
Gave proof through the night
That our flag was still there
O! Does that star spangled banner yet wave
O'er land of the free and the home of the brave
I don't care if him and Cheney are long lost relations
What matters more is the policies I lost my patience
Stop debating bringing race into conversation
Occupation and cooperation equals profit makin
Its over - people wake up from the dream now
Nobel peace prize, jay z on speed dial
Its the substance within, not the colour of your skin
Are you the puppeteer or the puppet on the string
So many believe that they was instantly gonna change
There was still Dennis Ross, Brzezinski And Robert Gates
What happened to Chas freeman (APAC)
What happened to Tristan Anderson its a machine that keeps that man breathing
I have the heart to say what all the other rappers arent
Words like Iraq, Palestine - Afghanistan
The wars on, and you morons were all wrong
I call Obama a bomber Cause those are your bombs

Zelensky é tudo menos herói

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O Presidente da República endereçou um convite ao senhor Volodymyr Zelensky para este discursar na Assembleia da República (a pedido desta), algo que o senhor Zelensky já aceitou e marcou na sua agenda de propaganda.

Convém referir que o PCP não votou favoravelmente à intenção da AR convidar o senhor Zelensky a discursar. O mundo actual é tão previsível, que logo se percebeu que todos iriam cair em cima do PCP por causa desta posição. É assim o mundo em que vivemos, quem não alinhar nas carneiradas é imediatamente tornado num alvo a abater. O mundo actual não permite visões diferentes, todos temos que ser autómatos e agir como tal.

A posição do PCP é perfeitamente aceitável e só peca por ser bastante contida, no que respeita às razões que apresentaram para não votar favoravelmente.

Há quem diga que a posição do PCP é inaceitável, porque aquilo que está em causa neste convite é demonstrar de que lado se está nesta guerra – do lado do invasor ou do lado do invadido. Este é o argumento dos autómatos, mas não é isso que está em causa. Aquilo que está aqui claramente em causa é a instrumentalização da Assembleia da República na escalada da guerra. Nada mais. Com este convite, a Assembleia da República será apenas mais um fórum, mais um palco para a actuação do senhor Zelensky, que não tem nada de santo, nem de herói, muito pelo contrário.

E o que é mais espantoso é verificar que a esmagadora maioria das pessoas não faz a mínima ideia de quem é o senhor Zelensky.

Vejamos, Zelensky é um presidente que não apenas não se limitou a dar a mão aos ultranacionalistas neonazis, como ainda ficou refém deles, deixando uma larga fatia do povo ucraniano à mercê das atrocidades desses torcionários. Eu não sei se ele se submete de livre vontade ao poder dos nazistas do Batalhão de Azov ou se o faz por temer pela sua vida e a dos seus. O que é facto é que Zelensky resume-se a isto, a uma de duas coisas: ou se trata de um cobarde que se deixou comandar pelas forças nazistas ucranianas, ou então é um Presidente que morre de medo e que vive ameaçado por aqueles aos quais não consegue fazer frente – aqueles que ele próprio caracterizou da seguinte maneira: “eles [os neonazis] são assim, são o que são”. Portanto, Zelensky é isto e só isto. Não poderia estar mais longe de ser o herói que muita gente julga que ele é.

Só por esta razão, o seu nome NUNCA deveria sequer ter sido colocado como hipótese de ser convidado para discursar na casa da Democracia.

O "democrata" Zelensky baniu três estações de televisão, porque não eram do seu agrado. E proibiu a actividade política a 11 partidos – todos de Esquerda, por curiosidade.

Na Ucrânia é proibido falar da ex-União Soviética e da forma como ela combateu e venceu o nazismo alemão. Quem o fizer publicamente arrisca-se a pena de prisão. Recordemos que a Ucrânia integrou a ex-União Soviética, mas parece que não se orgulha muito com o facto de ter contribuído para a eliminação do nazismo alemão. Estarão até arrependidos.

A Ucrânia do senhor Zelensky está muito longe de representar o sistema democrático, liberal e progressista. Muito pelo contrário. E um dos principais desígnios do senhor Zelensky é tornar a Ucrânia num estado policial, tendo como modelo aquilo que é Israel – esse exemplo de Democracia e de respeito pelos Direitos Humanos.

O senhor Zelensky é também um presidente sempre muito bem acompanhado, já que conta com o apoio constante do senhor Igor Kolomoisky (um oligarca ucraniano), que só por coincidência é um dos maiores financiadores do Batalhão de Azov. Meras coincidências.

O Batalhão de Azov é o maior hub cultural para o movimento fascista internacional. O senhor Zelensky sabe disso, não faz nada para o impedir e ainda integrou estas milícias de nazistas na estrutura do Estado: no Exército e nas polícias. Assim, os neonazistas controlam as forças de segurança da Ucrânia e são um Estado dentro do Estado.

Há pelo menos oito anos que na região de Donbass, milhares de ucranianos (que o senhor Zelensky considera serem de uma casta inferior) vivem em abrigos, crianças que não frequentam a escola, que poucas vezes podem sequer sair dos abrigos e muitos milhares de outras tantas pessoas que perderam as suas vidas às mãos dos nazistas que o senhor Zelensky acoberta na estrutura do “seu” Estado.

Esta guerra não começou em Fevereiro de 2022, começou há muitos anos e já ceifou a vida a cerca de 14 mil pessoas.

Em suma, aqueles que criticam a posição do PCP, alegando que estão a defender o regime de Putin que, por sua vez, não passa de um regime de oligarcas, de extrema-direita, de assassinos e ditadores, só demonstram a sua profunda ignorância ou perfídia. Primeiro, porque o que está aqui em questão não é aquilo que representa o senhor Putin – que pode até ser tudo o que dizem dele -, o que está em causa é quem é o senhor Zelensky e aquilo que ele realmente representa. Que se saiba, o convite foi dirigido ao Presidente ucraniano e não a Putin. Ou seja, quando se convida um chefe de Estado para discursar na Assembleia da República deve-se ter em conta quem é essa pessoa e não outra qualquer. Deve-se fazê-lo considerando aquilo que essa pessoa representa por si só e não os seus inimigos de estimação, porque isso é instrumentalizar a Assembleia da República e contribuir para a escalada do conflito, como referiu o PCP. Segundo, imputar todas as acusações, atrás referidas, ao senhor Putin sem fazer o mesmo em relação ao senhor Zelensky, só pode vir de alguém que não conhece nada daquilo que se passou na Ucrânia nos últimos oito anos, período em que Zelensky presidiu a quase metade do tempo.

E assim, o “herói” Zelensky – que permite a matança de cidadãos ucranianos no leste da Ucrânia - vai entrar, ainda que virtualmente, na Assembleia da República e fazer o seu habitual número de stand up. E aposto que no final, os pategos que o convidaram ainda o vão aplaudir de pé, porque é assim que vem descrito no guião de propaganda made in USA.

Só para terminar, sugiro à Assembleia da República que aproveite a presença do senhor Zelensky, para realizar uma Comissão de Inquérito sobre os Pandora Papers. O “herói” Zelensky  deve ter muito a dizer sobre esse assunto.

Bucha e estica

Desde o passado Domingo que os órgãos de comunicação social não param de massacrar com a repetição de imagens que, segundo eles próprios, constituem a prova da existência de crimes de guerra levados a cabo pelas tropas russas, aparentemente, apenas numa rua da cidade de Bucha.

Alguns canais de televisão até se deram ao “não-trabalho” de apresentar os mesmos blocos noticiários durante pelo menos três dias consecutivos, e pelo menos durante a primeira meia hora de cada bloco. Fica-se com a notória sensação de que a ordem foi para esticar as notícias de Bucha.

O mesmo já havia acontecido com o suposto ataque aéreo que as tropas russas fizeram a uma maternidade, posteriormente desmentido por algumas das grávidas que lá se encontravam. E ainda num suposto ataque das tropas russas a um teatro. Como eu não estava lá para ver, não posso negar ou afirmar que os ataques tenham mesmo acontecido, e nos moldes que correram o mundo. O facto é que os jornalistas que representam os órgãos de comunicação que propagam estas notícias afirmaram – e continuam a afirmar - categoricamente que os supostos crimes de guerra aconteceram mesmo, como se eles lá tivessem estado e pudessem ter testemunhado e verificado tais factos.

Para quem não sabe, os jornalistas da chamada mainstream media que propagam toda a narrativa no mundo ocidental não presenciaram nada daquilo que supostamente pode configurar crimes de guerra. Eles não estão – nunca - nas frentes de combate. E se bem têm notado, não há nenhuma reportagem que ateste a presença de jornalistas nas frentes de combate. Eles aparecem a posteriori, como fazem os abutres. E todas as imagens que o mundo ocidental viu acerca do suposto ataque à maternidade, do suposto ataque ao teatro e, agora, da suposta carnificina em Bucha são imagens captadas pelos jornalistas (escolhidos a dedo) que acompanham e promovem – há vários anos - as chacinas perpetradas pelo Batalhão de Azov que, agora, são os primeiros batedores a “varrer” os locais desocupados pelas forças russas.

Portanto, nos últimos dias, o mundo ocidental foi bombardeado com imagens e fotos de dezenas de cadáveres - alguns com as mãos amarradas - espalhadas pelas ruas de Bucha, nos arredores de Kiev. Lembrem-se que aquelas imagens não representam sequer um trabalho jornalístico, mas sim as imagens captadas e difundidas pelos nazis de Azov.

Verifiquemos a cronologia dos acontecimentos. As tropas russas deixaram a cidade de Bucha no dia 30 de Março e, poucas horas depois, já a 31 de Março, o autarca da cidade de Bucha, o senhor Anatoliy Fedoruk apareceu nas redes sociais, muito sorridente, a anunciar que a sua cidade havia sido libertada dos “orcs russos”, (curioso o facto do senhor Anatoliy ter-se socorrido de um termo amplamente usado pelos neonazistas do Batalhão Azov, ou então não). Na altura, foi noticiado que as tropas russas supostamente haviam deixado minas em alguns prédios, mas não foi feita nenhuma menção sobre qualquer assassinato em massa de cidadãos locais, muito menos dezenas de cadáveres deixados na rua, algo que a ter acontecido esperar-se-ia que fosse a primeira coisa a ser dita sobre a retirada das tropas russas e, portanto, amplamente noticiada por toda a comunicação social ocidental. Isso não aconteceu. É um facto, não são suposições.

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O senhor Anatoliy Fedoruk disse o seguinte (muito sorridente):

"31 de Março ficará na história da nossa comunidade - Bucha - como o Dia da Libertação. A libertação através das nossas Forças Armadas da Ucrânia dos ‘orcs russos’, dos ocupantes russos. Uma grande vitória na região de Kiev! E com certeza vamos esperar para que haja uma grande vitória em toda a Ucrânia”.

Portanto, nem uma palavra sobre a execução de civis.

Dois dias após as declarações de Anatoliy Fedoruk, a 2 de Abril, os órgãos de comunicação social ucranianos informaram que unidades especializadas começaram a “limpar a área de sabotadores e cúmplices das tropas russas”. E, mais uma vez, nada foi dito sobre cadáveres nas ruas.

Também a Polícia Nacional da Ucrânia anunciou naquele dia (2 de Abril) que estava “limpando o território… dos assistentes das tropas russas”, publicando um vídeo que não mostrava quaisquer cadáveres espalhados pelas ruas de Bucha.

Mas que raio. Quem serão os “sabotadores e cúmplices das tropas russas”? Será que se referem a cidadãos ucranianos? E será que o Batalhão de Azov foi capaz de as “limpar”? Não pode ser. Os “nazizinhos” ucranianos não fariam uma coisa dessas ao seus compatriotas, pois não?

Entretanto, também por essa altura, um vídeo daquilo a que as “forças” ucranianas chamaram de “operação de limpeza”, publicado por Sergey Korotkikh, um conhecido membro neonazista do Batalhão de Azov, mostra um membro da sua unidade perguntando a outro se ele poderia atirar em “’gajos’ sem braçadeiras azuis”, referindo-se àqueles que não apresentassem a marca distintiva usada pelas forças militares ucranianas. O outro militante respondeu estridentemente: “claro ca**lh*”. Entretanto, Korotkikh tratou de apagar o vídeo. Mas não apagou a memória de quem o viu.

Atentemos noutro pormenor que não pode ser descurado. Quer aquelas imagens que todos vimos - e continuaremos a ver - sejam verdadeiras ou falsas, e quaisquer que sejam os perpetradores, o suposto extermínio de civis ocorre precisamente num momento crítico para as negociações de paz. Precisamente no final da semana passada foi anunciado que, finalmente Ucrânia e Rússia haviam chegado a um entendimento alargado e que até já existia um esboço do acordo escrito que viria a ser assinado pelos presidentes dos dois países. Ora, quando a Rússia decide retirar as suas tropas da região de Kiev e quando há um acordo de paz quase pronto a ser firmado por ambas as partes, eis que aparecem estas imagens horrorosas que não serviram para mais nada que não fosse perturbar as negociações de paz.

A acrescentar a tudo isto está o facto de, muito recentemente terem vindo a público evidências de atrocidades e crimes de guerra cometidos por tropas ucranianas contra civis e soldados russos capturados – incluindo a tortura e o fuzilamento de prisioneiros de guerra russos.

Mais ainda, a verdade – aquela que as autoridades políticas e a comunicação social ocidentais tentam esconder dos cidadãos – é que a Rússia praticamente eliminou as capacidades de combate e logística da Ucrânia em grande parte do país, incluindo toda a sua marinha, força aérea, defesas aéreas, sistemas de radar, instalações militares e a maioria dos depósitos de combustível e munições, deixando Kiev incapaz de transportar um grande número de tropas entre as várias frentes de combate, e condenando as forças que permanecem no leste do país ao cerco e à derrota quase inevitável. O que contraria toda a narrativa ocidental.

E assim, continuaremos a ver o senhor Volodymyr Zelensky a implorar por uma intervenção directa do Ocidente, recorrendo à propaganda que veicula supostas atrocidades. Propaganda que provém dos “trabalhinhos jornalísticos” encomendados pelos neonazistas do Batalhão de Azov a alguns jornalistas que os acompanham e comem à mesma mesa (há vários anos), tendo em vista acicatar o sentimento anti-Rússia e aumentar a pressão pública por uma grande escalada no conflito, porque é isso que interessa – manter a guerra a qualquer custo.

A quem interessa a guerra? É só seguir o rasto do dinheiro. Podem começar por consultar os Pandora Papers. E depois, basta verificar quem são aqueles que estão a lucrar mais com a existência deste conflito.

A solidariedade dos "donos" do Ocidente

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A dívida externa da Ucrânia ultrapassa os 100 mil milhões de dólares. Como bem sabemos, a esmagadora maioria da dívida externa dos países é para com algumas instituições financeiras internacionais, bancos e fundos de investimento, sendo que uma boa parte da dívida é para com o FMI, o Banco Mundial e o Banco Europeu de Investimento. No caso da Ucrânia, só para que se tenha a noção do que está a acontecer, no decorrer da primeira semana da invasão, ou seja enquanto o país estava debaixo de bombardeamentos, o governo ucraniano foi obrigado a realizar mais um pagamento de juros aos seus credores, que permanecem firmes nas suas intenções de cobrar as suas dívidas, sem que houvesse lugar a qualquer tipo de ajuda, cancelamento ou alargamento do período de cobrança, muito menos a qualquer tipo de perdão de dívida.

Em cima desta hipocrisia dos gigantes da finança privada, vemos – todos os dias – os mais altos governantes ocidentais a falar em ajuda à Ucrânia. É preciso muita lata. Se os governos ocidentais estivessem mesmo interessados em ajudar o povo ucraniano, que se encontra debaixo de uma guerra, eles estariam a pressionar as referidas instituições financeiras para que a dívida ucraniana fosse cancelada.

Portanto, no momento em que o povo ucraniano luta pela sua sobrevivência e enquanto enfrenta enormes necessidades humanitárias, o mundo ocidental – que se desfaz em demonstrar consternação e solidariedade – assiste impávido e sereno à extorsão de importantes recursos que a Ucrânia necessita mais do que nunca, levada a cabo pelos credores estrangeiros. Consta que estas instituições estão a obter lucros de 300% com os empréstimos feitos à Ucrânia. Tudo isto em tempo de emergência humanitária, imagine-se.

Imaginemos também qual será a situação do sistema de saúde ucraniano, do sistema de educação, de toda a estrutura de serviços públicos, bem como a reconstrução de todo o tipo de infra-estruturas que será necessário efectuar – esperemos que a breve trecho. Será que é exigir muito que se proceda urgentemente ao cancelamento da dívida?

Parece que sim. Parece que nem sequer é permitido falar no assunto, já que nenhum líder ocidental sequer se atreveu a tomar tal atitude, quando TODOS deveriam estar a pressionar o FMI e o Banco Mundial para demonstrarem um pinguinho de solidariedade para com o povo ucraniano. Mas não, aliás, muito pelo contrário. Enquanto o conflito decorre e a crise humanitária se acentua, as instituições credoras continuam a sugar enormíssimas quantidades de dinheiro em juros da dívida e, para piorar a situação, ainda estão a realizar novos empréstimos à Ucrânia, com as habituais simpáticas taxas de juro.

A isto chama-se lucrar com a guerra. E é esta a solidariedade de quem manda no Ocidente.

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