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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

Contrário

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RAPIDINHA

Diz o gajo que proibiu o exercício da actividade política a vários partidos da oposição e que cancelou a realização de eleições no seu país.

Quem brinca com o fogo queima-se

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A Casa Branca e o Pentágono continuam a achar que são os donos do mundo e que podem intrometer-se na política dos outros países como bem entendem. Nota-se que estão muito mal habituados e que não aprenderam nada com o passado. A tentativa de intromissão na Venezuela, por exemplo, saiu-lhes pela culatra. Já a instrumentalização da Ucrânia para fazer guerra à Rússia por interposta nação resultou na perfeição, ou seja, as provocações resultaram no conflito desejado. Contudo, esse conflito tão desejado não está a produzir nenhum dos efeitos pretendidos pelo poder norte-americano, muito pelo contrário, com a excepção do objectivo de encher os cofres da indústria de armamento e das energéticas. Mas o grande objectivo de esmagar o adversário, esse também saiu pela culatra.

E mesmo assim não aprendem. Agora, em pleno decorrer de um conflito que ainda não tem fim à vista e que está a provocar uma enorme crise mundial, a administração norte-americana decide atiçar a China, aumentando a tensão sobre Taiwan.

O Presidente Xi Jinping já avisou a Casa Branca para “não brincar com o fogo”, porque “só se vai queimar”.

Portanto, as provocações de Washington continuam a escalar, sendo que até já anunciaram que Nancy Pelosi iria visitar Taiwan, nem que para isso tenha que ser escoltada por aviões e navios de guerra norte-americanos. Ainda não está confirmado, mas o Contrário sabe, “de fonte segura”, que o Tom Cruise já se disponibilizou para escoltar a senhora Pelosi.

Uma vez mais, aquilo que está à vista de todos é a habitual estratégia sórdida dos mestres da guerra – provocar, provocar, provocar até que o “inimigo” responda com força, depois é só recorrer à comunicação social amestrada para fazer o papel de vítima e doutrinar os patetas que ainda acreditam nas suas “boas intenções”.

Já agora, se a tensão em Taiwan resultar num conflito, eu estou curioso em saber que tipo de sanções a Europa irá aplicar à China. Mais concretamente, que tipo de sanções poderá um país como Portugal infligir à China – a quem os neoliberais entregaram o nosso interruptor da luz numa bandeja. 

A “pessoa” Marcelo Rebelo de Sousa

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Sobre as alegadas ocultações de denúncia de abusos sexuais levadas a cabo pelo antigo e actual cardeal-patriarca de Lisboa (D. José Policarpo e D. Manuel Clemente, respectivamente), Marcelo Rebelo de Sousa disse o seguinte (naquele tom sacerdotal que o caracteriza):

“Aquilo que eu posso dizer – e nem é como Presidente da República, é como pessoa – é que o juízo que formulo sobre as pessoas e não os elementos da hierarquia católica, as pessoas D. José Policarpo e D. Manuel Clemente, é o de que não vejo em nenhum deles nenhuma razão para considerar que pudessem ter querido ocultar da justiça a prática de um crime. É a opinião que eu tenho, pessoal”.

Bem, em primeiro lugar, gostaria de saber se o senhor Presidente da Assembleia da República – Augusto Santos Silva – tomou conhecimento da vacatura interposta pelo Presidente da República. É que, segundo o próprio Marcelo Rebelo de Sousa, pelo menos durante alguns minutos, Augusto Santos Silva esteve a substituir interinamente o Presidente da República. É bom que tenha sido avisado desse pormenor.

Segundo, Marcelo disse que formulava juízos sobre “as pessoas e não os elementos da hierarquia católica”. Seria importante que Marcelo esclarecesse – já que não resistiu a mandar bitaites sobre um assunto que não lhe diz respeito – a diferença que faz, no caso concreto, as pessoas referidas e os seus cargos na hierarquia da Igreja. Além disso, se formula juízos sobre as pessoas, por que razão se refere a elas como “D. José” e “D. Manuel”? Esperava-se que tivesse dito o meu “amigo Zé” e o meu “amigo Manel”.

Enfim, as habituais palermices de Marcelo Rebelo de Sousa, que faz de conta que não percebe o alcance e a responsabilidade das funções que são assumidas pelas “pessoas”. 

“A Rússia está cada vez mais isolada”. Se eles dizem é porque é verdade…

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Há poucos meses, os países ocidentais vaticinaram que iriam deixar a Rússia completamente isolada, algo que iria conduzir à inevitável falência da economia russa, que segundo eles era extremamente débil. Então, os EUA e a Europa aplicaram uma série interminável de sanções à Rússia, aos seus bancos, aos oligarcas e às trocas comerciais em geral. E onde é que isso nos levou? Apesar de a indecente comunicação social ocidental continuar a afirmar que “a Rússia está cada vez mais isolada”, aquilo que se verifica é que enquanto as economias ocidentais estão a lidar com uma inflação insustentável e a caminhar a passos largos para uma recessão, a economia russa está bem melhor do que seria de esperar e a Rússia continua a estabelecer novas relações comerciais com muitos outros países.

É possível que a esmagadora maioria das pessoas nunca tenha ouvido falar nos BRICS, já que a comunicação social não tem por hábito mencionar do que se trata e o que representam. Os BRICS são um conjunto de países (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que estabeleceram entre si inúmeros acordos de cooperação económica, política e militar.

Para que se tenha a noção, estes cinco países representam 3,23 mil milhões de pessoas, cerca de metade da população total do planeta e quase 10 vezes a população dos EUA. O seu PIB total é cerca de 25 triliões de euros e mais de 50% do crescimento económico mundial é realizado por este conjunto de países – um verdadeiro motor da economia mundial.

Todos os integrantes dos BRICS discordam da forma como os EUA e a Europa têm lidado com a situação na Ucrânia. Todos eles discordam da aplicação de sanções à Rússia, e todos estão a incrementar os seus negócios com a Rússia, estando a substituir paulatinamente os EUA e a Europa como parceiros comerciais.

Agora, mais do que nunca, estas cinco economias estão a estreitecer os laços que as une. Com o objectivo de reforçar a aliança, estes países estão a criar condições para desenvolver a sua própria moeda internacional e o seu próprio sistema de pagamentos, o que permite contornar as sanções impostas pelos EUA à Rússia.

E, recentemente, os BRICS estão a considerar a mais do que provável entrada de novos membros no grupo, sendo que vários acordos comerciais firmados com países terceiros já se encontram em vigor. Só a título de exemplo, há poucos dias a Rússia firmou um acordo comercial com o Irão no valor de 40 mil milhões de euros. Entre os países que já demonstraram interesse em aderir ao grupo dos BRICS estão o México, o Irão, o Bangladesh, a Indonésia, a Turquia, o Egipto, a Nigéria, o Sudão, a Síria, a Arábia Saudita, o Paquistão, a Argentina, a Venezuela e a Colômbia. Coisa pouca.

Sabemos também que, a Rússia e a China têm intensificado as suas ligações com inúmeros países do continente africano.

Portanto, dizer-se que “a Rússia está cada vez mais isolada” é uma anedota que só serve para desviar as atenções sobre o brutal falhanço que são as sanções económicas do ocidente, que só servem para piorar a vida dos cidadãos (dos europeus e dos norte-americanos). 

Um patarata com muita visão

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Há poucos dias, um tal de Luís Delgado – com assento fixo na Visão – escreveu que “se [Ronald] Reagan estivesse na Casa Branca, jamais passaria pela cabeça de Putin atacar a Ucrânia e tomar posse do Mar Negro”. Este tipo tem mesmo muita visão. Eu sugiro à comunicação social, que anda sempre a dizer que não se pode confiar em Putin porque ele é imprevisível, que fale com o Luís Delgado da Visão, porque ele sabe o que se passa na cabeça de Putin.

Num artigo intitulado de “A falta que Reagan faz!”, Luís Delgado demonstra todo o seu saudosismo pelas políticas externas levadas a cabo pelo senhor Ronald Reagan. O senhor Delgado, cujo nome faz jus à sua memória, já não se lembra, ignora ou quer fazer os outros esquecer qual foi o papel da administração Reagan na sórdida tentativa de derrubar o governo do partido socialista na Nicarágua (década de 80) – um país independente e soberano. O senhor Reagan patrocinou e armou o grupo terrorista “Contras”, numa tentativa de pôr cobro à Revolução Sandinista que não se vergou ao poder imperialista norte-americano e que libertou a Nicarágua de uma ditadura que vigorava há mais de 40 anos. Portanto, a habitual política externa dos EUA.

Ronald Reagan foi também o primeiro Presidente dos EUA a ser condenado pelo Tribunal Internacional de Justiça, pelos crimes que cometeu.

É este o herói por quem o senhor Luís Delgado – que tem assento fixo na Visão, não sei se já tinha referido – suspira de saudades todas as noites.

Eh pá! A falta que o Salazar faz! Ainda vamos ver títulos desta espécie. 

Christine “la gardienne” da banca

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Para uma situação de insustentável inflação, a resposta do Banco Central Europeu (BCE) é aumentar as taxas de juro, as vezes que forem necessárias disse a representante do FMI, perdão, a representante da Wall Street, bolas, a Presidente do BCE – Christine Lagarde.

Segundo ela e mais um bando de economistas neoliberais de quinta categoria e outros tantos comentadores que pululam no espaço mediático (sem o mínimo de conhecimentos em Economia), esta é a única resposta possível. De facto, as primeiras aulas de Economia I ensinam que o aumento das taxas de juro é “a medida”, por excelência, que melhor permite combater a inflação. O problema é que a maioria das Leis da Economia provém de um tempo em que os mercados funcionavam de forma genuína, em que havia lógica e probidade nas mais diversas interacções económicas. Daí resultava a elaboração de teorias económicas que permitiam estabelecer regras para o bom funcionamento dos mercados.

Contudo, há muito tempo que o capitalismo desenfreado transformou os mercados em algo artificial, sem lógica económica ou social, plenos de perversidade e fora de qualquer controlo. Por exemplo, a actual situação de elevada inflação não decorre do funcionamento normal dos mercados, pelo que o aumento das taxas de juro não trará nada de bom à sobrevivência das famílias e das empresas. Faria todo o sentido aumentar as taxas de juro se este elevado aumento da inflação se devesse a um brutal aumento do poder de compra dos consumidores e consequente elevada procura de bens, mas não é o caso. Ou seja, não se verifica um aumento da procura que justifique este nível de inflação, nem sequer existe uma diminuição do lado da oferta. O que pode haver, pontualmente, é alguma instabilidade no acesso a algumas matérias-primas, mas que também não justifica esta inflação. Aquilo que tem vindo a acontecer é um brutal aumento da energia que, naturalmente, conduz ao aumento dos custos de produção e inevitavelmente ao aumento do preço dos mais diversos bens e serviços. Mas aquilo que está realmente a acontecer é que os aumentos desenfreados nos preços – começando logo pelos preços da energia – não têm correspondência com qualquer lógica sana de mercado ou com qualquer lei económica. Os aumentos verificados nos combustíveis e na energia estão brutalmente inflacionados. E a partir daí, todos os agentes económicos superinflacionam os preços fazendo com que os preços ao consumidor final sejam muito superiores ao que deveriam ser, mesmo considerando as eventuais flutuações de preços nas matérias-primas.

Portanto, estes valores brutais de inflação provêm da especulação e da ganância de quem tem o poder de fixar os preços. E é por isto que o aumento das taxas de juro não vai resolver o problema.

Vejamos, quando se aumentam as taxas de juro, o que é que realmente acontece? Por exemplo, a compra de casa fica muito mais difícil, porque se a taxa de juro é mais elevada, as pessoas vão ver as suas prestações mensais à banca significativamente aumentadas. Portanto, se aumentarmos as taxas de juro, o preço das casas também vai aumentar, o número de pessoas/famílias que querem comprar casa vai diminuir, menos casas se vendem, menos casas se constroem, menos pessoas necessárias para desempenhar todo o trabalho associado à construção e produção de artigos para equipar as casas, ou seja, estaremos a criar mais desemprego, mais crise em cima da crise.

Mas não é apenas isso que vai acontecer. O problema associado à compra de habitação é aquele que mais sobressai, mas outras áreas de actividade serão severamente afectadas. Outro exemplo, a compra de automóveis também vai cair drasticamente, pela mesma razão – as prestações mensais serão muito mais elevadas. Resumindo, tudo aquilo que são compras a crédito sofrerão um elevado aumento devido ao aumento da taxa de juro. Isto constitui um autêntico pesadelo para muitas famílias e empresas.

Falando nas empresas, estas apresentam uma dívida acumulada extremamente elevada, muito por causa da política monetária seguida pelo BCE há já vários anos. Se bem se lembram, o senhor Draghi baixou as taxas de juro para zero, ou até mesmo para valores negativos (virtualmente negativos). Isto fez com que as empresas – sobretudo as empresas – corressem desenfreadamente ao crédito, porque não apresentava custos (juros). Ou seja, ao longo de vários anos, as empresas acumularam um astronómico valor de dívida que agora terá um custo insuportável com a subida das taxas de juro. É fácil de antever que muitas empresas não vão conseguir cumprir com as suas obrigações, muitas irão falir certamente. Ou então, para se aguentarem vão aumentar ainda mais os preços dos seus produtos e serviços, numa tentativa desesperada de poder pagar a dívida acumulada, causando ainda mais inflação.

Então e o Estados? Os Estados também têm dívida acumulada – e no caso de Portugal não é nada pequena. Os Estados também têm que ter dinheiro para fazer face às suas obrigações. Já sabemos o que os governos costumam fazer nestas situações, não sabemos? Claro que sabemos, os governos vão aumentar impostos e cortar na despesa (onde se inclui o serviço de saúde, de educação, segurança social, infra-estruturas, etc.), só para poder pagar (e como!) aos senhores do costume.

Resumindo, estamos a ser novamente levados – como cordeirinhos da Páscoa – em direcção àquela rua escura sem saída que estamos fartos de conhecer. Aquela rua que esbarra sempre na gigantesca parede plutocrática para a qual o sistema capitalista sempre nos conduz. A parede que nos esmaga, nos oprime e nos suga até ao tutano.

E há sempre uma desculpa falsamente sustentada nas Leis da Economia, que não se aplicam a mercados viciados. Ora é uma qualquer crise com um nome bonito, ora uma pandemia, agora é a guerra. Tudo serve sempre para justificar a necessidade de fazer fluir o dinheiro para as manápulas da mesma meia dúzia de sanguessugas de sempre.

E o mais desesperante é notar que os políticos não estão minimamente interessados em resolver o problema. Políticos que não passam de paus-mandados dessa meia dúzia de sanguessugas que comandam o mundo. Nos últimos anos, o sector farmacêutico (big pharma) acumulou e continua a acumular lucros nunca antes vistos, as empresas de energia também estão a lucrar como nunca, a indústria de armamento segue a mesma linha, só faltava mesmo canalizar uma fatia desses sórdidos fluxos monetários para os senhores da banca. Pronto, com o aumento das taxas de juro, também terão direito a sugar a sua parte. Convém ainda adicionar as empresas tecnológicas e os grandes grupos de comunicação social que seguem sempre de mãos dadas com o poder capitalista que os comanda.

Então qual é a solução? A solução passa inevitavelmente por mudar o actual sistema, algo que a referida meia dúzia de predestinados que controlam as economias mundiais nem querem ouvir falar. E tudo farão para garantir que isso nunca vai acontecer. E é-lhes tão fácil, não é? Basta-lhes continuar a comprar e a plantar nas cadeiras do poder a habitual corja de políticos que tomam as decisões em seu favorecimento. 

Rogeiro está confiante que o exército mussolinista vai derrotar a Rússia

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Se for para derrubar a Rússia, Nuno Rogeiro é até capaz de fazer um pacto com o diabo. Ontem, no espaço de comédia que partilha com José Milhazes no Jornal da Noite da SIC, Rogeiro bradou hossanas ao partido italiano Fratelli d’Italia (Irmãos de Itália), mais especificamente à sua líder Giorgia Meloni. Rogeiro apresentou uma fotografia de Meloni ao lado de Viktor Orbán, que até há não muito tempo era o alvo a abater no seio da Europa.

O partido Irmãos de Itália lidera as sondagens para as próximas eleições (em Setembro) com 24% das intenções de voto. E isto parece deixar o tio Rogeiro num estado de sobreexcitação. Rogeiro disse que a possibilidade de o partido da senhora Giorgia Meloni chegar ao poder em Itália “é um balde de água fria para o senhor Lavrov… que com esta senhora não poderá contar”. Rogeiro afirmou que Giorgia Meloni já se comprometeu em apoiar a Ucrânia e em continuar a enviar mais armas para combater a Rússia.

Mas que partido é este - o Fratelli d’Italia? É um partido da extrema-direita neofascista e ultranacionalista. É um partido saudosista e revivalista do mussolinismo, e que até conta com a presença da excelsa neta do não menos ilustre criador desse sistema fascista – a menina Rachele Mussolini.

Quem está mais doente? Putin ou Biden?

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A comunicação social anda há muitas semanas a dizer que Putin “estará” doente com cancro. Volta e meia e lá vêm eles dizer que “Putin está inchado”, que “Putin não está em forma”, que “Putin tem uma cor diferente”, que “Putin tem dificuldade em caminhar”, que “Putin tossiu”, etc.

Há dois dias, Joe Biden disse que tinha cancro e a comunicação social não fez uma única menção sobre o assunto. Se foi uma gafe ou um acto falhado de Joe Biden, pouco importa. Aquilo que se verifica é que a comunicação social nunca faz qualquer referência a algo que seja nocivo para a administração norte-americana, porque está capturada por ela, pelos seus regentes e pelos seus capangas.

Já em relação a Putin, a comunicação social age com o habitual wishful thinking. E fazem-no por saberem que a maioria das pessoas ainda acredita naquilo que é dito nas televisões ou nos jornais.

Para já, não há nada que indique que Putin esteja doente – até a CIA já abandonou essas alegações – mas a comunicação social não desiste de acreditar que uma mentira mil vezes repetida acabará por se tornar verdade. Por outro lado, Biden está cada vez mais incapacitado pelas demências que o afectam, mas isso não constitui qualquer motivo de preocupação, porque não aparece nas notícias.

Nada nem ninguém está mais doente do que a comunicação social - um dos cancros mais agressivos desta sociedade caída em demência. 

Teorias da conspiração que se tornam realidade

E realidades que quase não passam nas notícias

John Bolton – ex-oficial e conselheiro na Casa Branca - admitiu em entrevista à CNN que “ajudou a planear golpes de estado no exterior”, incluindo a Venezuela. Disse-o sem papas na língua demonstrando até um especial orgulho pelo desempenho dessas nobríssimas tarefas que lhe confiaram.

Esperar-se-ia que o mundo inteiro se escandalizasse com tais afirmações, algo que não aconteceu. E não aconteceu porque a comunicação social fez o favor de abafar o caso, não lhe atribuindo qualquer importância jornalística, muito menos qualquer interesse público.

Se bem se lembram, quando um tal de Juan Guaidó tentou derrubar o Presidente da Venezuela, a comunicação social fartou-se de noticiar as façanhas e patranhas deste senhor que, segundo ela própria, era o representante máximo da revolta popular na Venezuela. Um democrata, um herói, portanto, um verdadeiro Zelensky que só estava interessado em devolver a Venezuela aos venezuelanos.

Nessa altura, uns poucos (nos quais me incluo) alertaram para o facto de os tumultos verificados na Venezuela estarem a ser orquestrados por Washington e de Guaidó ser o seu fantoche (o seu Zelensky venezuelano). A comunicação social tratou logo de fazer disso uma “teoria da conspiração” e de “antiamericanismo”. Agora que um dos orquestradores deu com a língua nos dentes e confirmou a “conspiração”, a comunicação social decide não fazer qualquer referência. Muito menos o mea culpa.

Não se esperava outra coisa desta comunicação social.

O cabeção da Europa

A patetice dos líderes ocidentais atinge todo o seu pináculo nas declarações da senhora Ursula von der Leyen. Uma vez mais, a Presidente da Comissão Europeia veio dizer que Putin está a chantagear a Europa e a usar o gás como uma arma. Portanto, depois de levar a cabo um infindável rol de sanções à Rússia – apesar de estar sempre disposta a revertê-las -, depois de estar sempre a dizer que não precisa da Rússia para nada e de que a Europa tem que se libertar rapidamente da dependência do gás russo, a senhora dona Ursula vem a terreiro – com toda a lata do mundo – dizer que Putin está a chantagear a Europa com o “eventual” fecho da torneira do gás.

Até há bem pouco tempo, os líderes europeus cantavam de cima da burra, agora, já vêm com o rabinho entre as pernas apelar aos cidadãos europeus para que comecem já a poupar no gás, porque o próximo Inverno vai ser bastante fresquinho. Parece que, finalmente, os cidadãos da Europa central e do norte vão saber como a maioria dos cidadãos portugueses passam o seu Inverno, em Portugal.

Mas o problema do eventual fecho da torneira do gás russo não se ficará apenas pela inevitabilidade de grande parte dos cidadãos europeus terem que passar um Inverno com menos conforto. O problema é bem mais grave. O fecho da torneira do gás russo conduzirá fatalmente a valentes cortes nos processos produtivos, a quedas acentuadas no PIB das economias europeias, mais desemprego e recessão económica.

É impressionante a falta de capacidade dos líderes europeus para antecipar as consequências das suas decisões (e das dos outros) e a leviandade com que tratam assuntos desta natureza. Ou então é apenas a crua exposição da degradação moral que sempre os caracterizou. 

Bacoquices e dissimulação para iludir a malta

Eles até combinaram a cor da gravata...

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O Primeiro-ministro tem vindo a enfatizar a necessidade de Portugal cumprir o objectivo da transição energética, o mais rápido possível. António Costa entende que Portugal tem que abraçar definitivamente as energias “renováveis” e abdicar totalmente dos combustíveis fósseis.

Ontem, na inauguração de mais uma estação hidroeléctrica, António Costa disse que “não temos mesmo tempo a perder no combate contras as alterações climáticas… e, sobretudo, no investimento crescente nas energias renováveis”.

E acrescentou que Portugal “está em particulares condições, infelizmente, de perceber a urgência e a emergência climática e de todas as formas como se traduzem as alterações climáticas e, infelizmente, todas impactam” sobre o país.

O Primeiro-ministro disse ainda que “nós somos dos territórios que mais tem sofrido com a erosão costeira, nós somos dos países que mais têm sofrido com o aumento da seca e nós sabemos que somos um dos países onde o risco de incêndio florestal mais aumenta”.

Mas será que esta obsessão em reduzir as emissões de dióxido de carbono fazem mesmo sentido para um país como Portugal? Vejamos, em termos globais, a quantidade de gases com efeito de estufa (sobretudo, o dióxido de carbono) que Portugal emite para a atmosfera é absolutamente residual. É uma quantidade tão mínima, mesmo tão mínima, que bastaria que a China, os EUA ou a Índia reduzissem apenas um pelinho das suas emissões para que Portugal não tivesse que efectuar mais reduções.

Será que António Costa considera que o efeito que as alterações climáticas têm e terão no nosso país tem a ver apenas com a quantidade de GEE que Portugal emite? Deve estar mesmo convencido disso.

Portugal até podia reduzir já para zero o valor das suas emissões de gases - se isso fosse possível – que nada, mesmo absolutamente nada mudaria no estado actual das alterações climáticas. A problemática da emissão de GEE e o seu impacto nas alterações climáticas é algo que só pode e deve ser considerado numa perspectiva global. E nessa perspectiva, as emissões de Portugal são inócuas.

Mas António Costa veio pregar a ladainha falaciosa de que Portugal é um excelente exemplo nesta matéria. Ainda há bem pouco tempo mandou fechar a última central a carvão, para depois comprar a energia em falta ao exterior, produzida em centrais a carvão. Ah! Claro. Já me esquecia. Se for em centrais a carvão de outros países já não é um problema para Portugal.

Ontem, António Costa veio mais uma vez vender quimeras aos portugueses, enquanto celebrava mais uma negociata com uma empresa privada de energia, que nem sequer é portuguesa, o que para o caso não faz muita diferença. A verdade é que todo aquele avultado investimento vai sair dos bolsos dos contribuintes portugueses que, com mais ou menos emissões de dióxido de carbono - que como referi são um grão de areia no deserto - vão continuar a pagar bem caro (cada vez mais) o preço da energia.

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