Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Está agora bem claro e à vista de todos que Israel é um Estado terrorista e apartheid. Deixou de ser possível – a qualquer pessoa – fazer de conta que não sabe o que se passa na Palestina há largas décadas e que agora se intensificou. Israel tem em marcha um plano de eliminação total e definitiva da população palestiniana da Faixa de Gaza. Até ao momento já conseguiu remover cerca de um milhão de pessoas (quase metade da população em Gaza) da sua área de residência, com a desculpa esfarrapada de que pretende destruir o Hamas. A verdade é que Israel não só não está interessado em eliminar o Hamas (que sempre apoiaram), não está interessado sequer em libertar os reféns (como se isso fosse possível), está somente interessado em proceder a uma limpeza étnica em Gaza e a apropriar-se de mais uma porção de território que não lhes pertence.
Israel continua a sua sórdida campanha de extermínio de um povo indefeso, sustentando a sua actuação nas mais patéticas mentiras (como sempre fez, com o alto patrocínio da escola de Washington). Mentiras que os “líderes” europeus abraçam com a maior desfaçatez.
Israel cortou a água, os alimentos, a energia e os medicamentos a 2,3 milhões de pessoas em Gaza; o que disseram os “líderes” políticos europeus?
Em pouco mais de um mês, Israel liquidou mais de 5 mil crianças; o que disseram os “líderes” europeus? Nenhum se atreveu a dizer o óbvio e necessário, ou seja, dizer que é urgente parar com a carnificina em Gaza.
Quando a energia deixou de chegar a vários hospitais e muitas incubadoras tiveram que deixar de funcionar, levando à morte de centenas de recém-nascidos, o que disseram os “líderes” europeus?
A fasquia do número de pessoas assassinadas em Gaza não pára de aumentar, tendo já ultrapassado as 12 mil, e o que continuam a dizer os “líderes” europeus?
Um povo indefeso está há mais de um mês a ser constantemente bombardeado por uma potência militar. Quantos “líderes” europeus pediram para que isso parasse imediatamente? Quantos pediram a implementação de sanções a Israel? Quantos sugeriram a ajuda militar a Gaza?
O genocídio continua e a União Europeia ainda não se dignou a apresentar um único pedido de cessar-fogo. Pior que isso, ainda se atrevem a continuar a dizer que “Israel tem o direito de se defender”, tal como faz constantemente a corrupta e desprezível Ursula von der Leyen. Já o imbecil Josep Borrell foi a Israel lamber as botas de Netanyahu e segredar-lhe ao ouvido algo do género: “eh pá, veja lá se consegue fazer um intervalinho na matança, só para ver se a gente consegue amansar a opinião pública. Depois pode voltar a chacinar esses animais”.
Nunca se assistiu a uma matança, a um genocídio como o que está a acontecer em Gaza. E, no entanto, os “líderes” europeus, que estão sempre a encher a boca com a defesa da paz, da segurança, da dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade e dos direitos humanos, estão agora caladinhos perante todas estas atrocidades. É que nem sequer se atrevem a exigir um cessar-fogo imediato, o mínimo que alguém com o mínimo de decência deveria fazer.
Portanto, está bem claro aos olhos de todos o quão hipócritas, sem qualquer resquício de dignidade e, até mesmo, o quão corruptos e criminosos são os “líderes” europeus. Está agora claro para todos o quão vassalos são do poder em Washington. Um conjunto de fantoches sem nenhuma verticalidade, que continuadamente conspurcam as instituições europeias e subjugam os seus povos aos interesses instalados em Washington.
Importa ainda referir que, tal como tem sido hábito há já muito tempo, a comunicação social emparelha em perfeita sintonia com toda esta imundice política. E não se limita a fazer parelha, a comunicação social é o maior vector de propaganda inquinada, encomendada pelo poder instituído que mantém toda esta farsa, todo este circo de corrupção moral, política, económica, corrupção a todos os níveis.
Para terminar, convém atentar muito bem na postura que o Primeiro-ministro e o Presidente da República têm tido sobre este assunto. Trata-se de uma postura em linha com a dos demais políticos europeus, que mais não é do que desempenhar com maestria o papel atribuído pelos seus mestres em Washington.
Todos serão muito bem recompensados pelo esforço. E o povo, pá? O povo continuará a ser enxovalhado e muito bem esmifrado pela classe política que o representa.
Vêm aí novas eleições. As Legislativas e as Europeias. Votem nos mesmos. Votem sobretudo no PS e no PSD, porque eles são os moderados e o garante da Democracia que, como se vê, goza de muito boa saúde.
O Polígrafo – sempre muito expedito a verificar histórias de cacaracá – ainda não teve tempo para proceder à verificação de um vídeo que se tornou viral e que apresenta uma falsa enfermeira do hospital Al-Shifa em Gaza.
Nesse vídeo – partilhado pelas autoridades israelitas – aparece uma “actriz” israelita a fazer-se passar por uma enfermeira do hospital Al-Shifa, no qual afirma que o Hamas tomou conta do hospital e que impedem os profissionais de saúde de tratar os doentes e feridos.
Portanto, quando se trata de historinhas de cacaracá que pretendem pôr em causa alguma figura do poder ocidental, o Polígrafo aparece logo, muito lampeiro, a dizer que é tudo mentira e que os “poderosos” ocidentais são gente muito boa. Gente incólume. O objectivo é o de enraizar na opinião pública a ideia de que tudo aquilo que alguém se atreva a apontar ao poder ocidental é mentira.
Já quando se trata de uma enorme patranha que se tornou viral e que tem como objectivo servir a narrativa maliciosa do poder instituído no ocidente e seus “aliados”, o Polígrafo mete o rabinho entre as pernas e fica mudo e quedo. O Polígrafo não quer fazer a verificação deste vídeo viral, porque isso pode ter um efeito contrário às suas pretensões (as do Polígrafo), ou seja, pode levar a que as pessoas fiquem de pé atrás perante toda a falsa e criminosa narrativa israelita, que é a narrativa de Washington e seus lacaios europeus.
E o Polígrafo não quer ver isso a acontecer. O Polígrafo é um exímio servente da narrativa do poder instituído. E por isso ficou caladinho.
Os médicos estão novamente em greve, mesmo sabendo que um governo demissionário jamais atenderá ao conjunto de absurdas pretensões que, durante vários anos, não foram satisfeitas.
Os médicos alegam que está instalado um caos no SNS devido ao encerramento dos serviços de urgência, que obrigam os doentes a terem que se deslocar para outros locais muito distantes. Os médicos também alegam que os utentes têm que esperar muito tempo para serem atendidos, que esperam muito por consultas, exames, cirurgias e que muitos não têm sequer médico de família. Os médicos culpam o governo por toda esta situação, como se não fossem eles – os médicos – os principais culpados.
A verdade é que a máscara dos médicos já caiu há muito tempo. Aquilo que pretendem é apenas mais dinheiro. Apenas isso. E ainda se atrevem a usar a saúde dos doentes como arma para a sua sórdida causa. Se estivessem minimamente preocupados com a saúde das pessoas não faziam a chantagem que fazem, nem sequer abandonavam o serviço público de saúde para trabalhar no sector privado.
Os médicos são trabalhadores como quaisquer outros trabalhadores. No entanto, entre toda a classe de trabalhadores, os médicos fazem parte da “subclasse” que aufere melhores salários. Se acham que têm razões para se queixar, imaginem quantas mais razões têm a maioria dos trabalhadores deste país. Além disso, apesar de integrarem a classe trabalhadora, os médicos agem como se fossem patrões. Toda a gente sabe que, na realidade, ninguém manda neles. Os médicos desenvolvem a sua actividade como bem entendem, quase sem qualquer tipo de supervisão e, agora, ainda querem ter o poder de decidir o seu próprio salário. Quantos trabalhadores em Portugal têm este poder?
É urgente parar com este disparate de achar que os médicos têm que ser alvo de tratamento preferencial. É preciso impedir que usem os salários praticados no sector privado ou lá fora, no estrangeiro, como chantagem para obter aumentos salariais.
Vejam bem que, agora, até se lembraram de dizer que os médicos do SNS ganham cerca de 1/3 dos salários mais altos da Europa. Notem bem, dos salários mais altos da Europa. É preciso muita desfaçatez e completo alheamento da realidade, já que a esmagadora maioria dos portugueses aufere 1/3 (ou até menos) dos salários médios praticados em grande parte dos países europeus.
Esta gente recusa-se a atender pessoas que estão doentes. É o tipo de gente que não se incomoda minimamente se alguém vai sofrer ou morrer por causa dos seus mesquinhos interesses pessoais. Sim, mesquinhos. Porque se os médicos têm moral para exigir aumentos salariais de 30% (com redução do horário do trabalho), imaginem o quanto a maioria dos portugueses deveria estar a exigir de aumento.
Os médicos não são mais nem menos que os demais trabalhadores. E, como bem sabemos, são dos trabalhadores mais bem pagos no país.
A saúde não pode ser mercantilizada. Não é porque no sector privado (ou no estrangeiro) se pode ganhar mais, que os médicos do SNS podem sentir-se no direito de chantagear o Estado. E é por essa razão que os governos têm que implementar medidas radicais. O governo tem que ter a coragem de “obrigar” os médicos a trabalhar em exclusividade no SNS, pelo menos por um período de tempo que não ponha em risco a qualidade do atendimento no SNS.
O Estado deve formar médicos que queiram trabalhar – em exclusividade - no serviço público de saúde. Aqueles que não queiram estar sujeitos a essa condição, que vão tirar o curso e obter a sua especialização noutro sítio.
Entretanto, a Ordem dos Médicos poderia tratar de substituir o “Juramento de Hipócrates” pelo “Juramento dos Hipócritas”. É que o primeiro contém os seguintes preceitos:
“Exercerei a minha arte com consciência e dignidade.”
E,
“A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação.”
Muito desactualizado.
Não é novidade para ninguém que a isenta e muito competente comunicação social do mundo livre ocidental adora glorificar o nazismo. Isso aconteceu na forma como idolatraram os nazis do Batalhão de Azov, na forma como interpretaram a condecoração de nazis no parlamento ucraniano ou, até mesmo, na forma como o parlamento canadiano celebrou e homenageou um nazi do tempo da Segunda Grande Guerra.
A comunicação social continua a dar espaço de destaque a um dos maiores fascistas e genocidas deste século, Benjamin Netanyahu: o “nazionista” que disse – já em 2015 – que Adolf Hitler não pretendia exterminar os judeus. Netanyahu considera que a culpa pela liquidação dos judeus deve ser imputada ao Mufti de Jerusalém. Portanto, a culpa foi dos muçulmanos e não de Hitler que, para Netanyahu era um santo de um homem. E, agora, bem se pode ver que Hitler é o seu maior mentor.
E a comunicação social continua a disseminar as mentiras deste lunático e a fazer das suas maléficas e horrendas intenções, os mais nobres desígnios de democracia e paz.
Esta comunicação social que mais não faz do que propagandear narrativas que sirvam o imperialismo de Washington, pretendem que todos acreditemos que:
- Israel não fazia a mínima ideia daquilo que o Hamas andava a preparar, no entanto, após o ataque do dia sete de Outubro, Israel tudo sabe acerca do Hamas. Agora conhecem cada milímetro dos túneis, sabem que o Hamas tem centros de comando em hospitais, em mesquitas, em escolas, em campos de refugiados, sabem em que ambulâncias circulam… Sabem tudo.
- A culpa pelos milhares de civis mortos é do Hamas e não das bombas (americanas) que Israel atira constantemente para cima da população em Gaza.
- O Hamas está a usar a população em Gaza como “escudos humanos”, no entanto, Israel continua a chacinar milhares de civis, sem causar danos consideráveis nos militantes do Hamas.
- Não é grave liquidar milhares de crianças, mesmo quando estas estão a ser usadas como “escudos humanos”, porque é perfeitamente normal liquidar milhares de crianças que eles próprios – os israelitas - dizem que são reféns do Hamas, para levar a cabo uma operação de libertação de duas centenas de reféns israelitas.
- Que o facto de Israel estar a destruir por completo o norte de Gaza (por enquanto, apenas a parte norte) e a liquidar e/ou expulsar a população - tendo como desculpa atingir alvos do Hamas – faz parecer que Israel só está interessado em proceder a uma limpeza étnica e à destruição total das infra-estruturas. Mas isso é apenas mais uma teoria da conspiração levantada por anti-semitas.
- Que os bombardeamentos israelitas têm como objectivo libertar os reféns israelitas em Gaza, quando dezenas deles já foram mortos precisamente pelos ataques israelitas. E como se destruir o Hamas e libertar os reféns fossem dois objectivos realizáveis e compatíveis.
- Que todos aqueles que se opõem ao bombardeamento constante sobre uma população indefesa e aprisionada - em que metade da população é composta por crianças – são anti-semitas e que andam a propagar mensagens de ódio contra o judaísmo.
- Que o Hamas atacou Israel do nada, numa acto bárbaro e completamente não provocado. Apenas porque eles são a personificação do mal e divertem-se a matar judeus. E todos os ataques que Israel perpetrou durante décadas, sobre Gaza e na Cisjordânia são teorias da conspiração.
- Que os membros do Hamas são tão, mas tão estúpidos, ao ponto de montarem postos de comando em hospitais, quando toda a gente está cansada de saber que os hospitais são um dos alvos preferenciais dos “nazionistas” de Israel.
- Que Washington não pode fazer mais do que dirigir (falsos) apelos a uma “pausa humanitária”, como se não fossem os EUA que estão na linha da frente do apoio à investida de Israel e a fornecer-lhes as armas de que dispõem, desde sempre. Incluindo armas químicas, como as bombas de fósforo branco.
A prostituição mental da escumalha ocidental que se encontra no desempenho de cargos políticos e na comunicação social está constantemente a bater recordes.
No último programa Eixo do Mal da SIC Notícias, o comentador Daniel Oliveira disse o seguinte:
“Acreditava que iríamos ter um confronto ‘Pedro Nuno Santos-Pedro Passos Coelho’. E, aliás, eu o Pedro [Marques Lopes] tivemos aqui uma discordância… eu achava isso saudável para a democracia… Que eram dois projectos claros, distintivos… Uma polarização, mas que não é uma polarização em casos, é uma polarização em projectos políticos, alternativas, diferentes pontos de vista… Isto engrandecia a democracia. Agora, isto que vamos assistir é que é o pior. Vamos assistir a um PSD enfraquecido e a um Chega fortalecido, um PSD mais dependente do Chega e um PS acossado por este processo.”
É esta a opinião que um comentador que se diz “de esquerda” propaga na comunicação social, onde se forma e se manipula a opinião pública.
O Daniel Oliveira não está minimamente interessado em aproveitar o momento actual para catapultar uma verdadeira alternativa de esquerda. Não. O Daniel Oliveira mostra-se muito agastado com o facto de não termos um confronto “Pedro Nuno Santos-Pedro Passos Coelho”. Isso é que o deixaria muito satisfeito, porque só isso garantiria a continuação do famigerado “bloco central”. O Daniel Oliveira considera que só o confronto entre esses dois “titãs” é que poderia gerar engrandecimento para a democracia portuguesa, como se os portugueses já não conhecessem, de ginjeira, estas duas peças da política nacional. Sobretudo o segundo, que já liderou um governo. Talvez o pior entre os piores.
O Daniel Oliveira não ficou por aí e ainda limpou a imagem destes dois políticos – como tão bem sabe e aprecia fazer - quando disse que uma campanha com ambos a liderar os seus respectivos partidos, não seria uma campanha de “casos”, como se ambos não tivessem telhados de vidro.
Quase 50 anos de “democracia” em Portugal não são suficientes para que o Daniel Oliveira consiga compreender ao que vão PS e PSD, aquando da realização de eleições. E não são suficientes, não porque ele tenha falta de capacidade de compreensão, mas apenas pela simples razão de que ele está onde está, precisamente para fazer aquilo que faz constantemente, isto é, defender a continuidade do “bloco central” no poder. E é por isso que o Daniel Oliveira está muito triste com um PSD “fraco” e “dependente”, e com um PS “acossado”. O Daniel Oliveira gosta mesmo é de um PS pujante, como o das últimas Legislativas, e de um PSD vigoroso e livre de qualquer tipo de amarras, como o PSD de 2011-2015.
Gente como o Daniel Oliveira constituem a maior ameaça à verdadeira esquerda política portuguesa, porque eles conseguem – magistralmente - fazer-se passar como “gente de esquerda” e mais não fazem do que servir a narrativa do “bloco central” e, assim, impedir que a verdadeira esquerda seja vista pela opinião pública como uma alternativa.
Toda a gente sabe que a opinião publicada tem uma influência muito grande na opinião pública. Basta recordar o que aconteceu nas últimas eleições legislativas – no ano passado – onde os “fazedores de opinião” como o Daniel Oliveira contribuíram – e bem – para a fatídica maioria absoluta do PS de António Costa.
E é por esta razão que estes comentadores de “esquerda” vão continuar a usar da palavra em tudo que é órgão de comunicação social, mesmo nos alaranjados, sobretudo nos alaranjados. Estes comentadores de “esquerda” são quem mais destrói a esquerda e quem melhor defende a perpetuação do “bloco central” no poder.
A comunicação social especializou-se na arte de criar “momentos zero” na cabeça das pessoas. Os “momentos zero” da comunicação social são aqueles a partir dos quais o passado deixa de existir e a memória colectiva é completamente apagada e reconfigurada para uma nova realidade.
Os últimos anos foram muito profícuos na implementação de “momentos zero”. Foi assim durante a pandemia, foi também na guerra da Ucrânia, mais recentemente, no conflito na Palestina e, agora mesmo, na crise política instalada em Portugal.
Ontem, escassos minutos após a apresentação da demissão do Primeiro-ministro, António Costa, ao Presidente da República, os habituais especialistas na criação de “momentos zero” já estavam em cena, a desempenhar a única tarefa para a qual são pagos.
Portanto, no exacto momento da apresentação da demissão por parte de António Costa, os “fazedores de opinião pública” já estavam a apresentar a solução para o futuro: aquela que todos devem interiorizar e seguir obedientemente. Tal como fizeram na pandemia, na guerra na Ucrânia e na guerra na Palestina.
O Presidente da República ainda nem sequer se pronunciou acerca da sua decisão sobre a crise política instalada no país, mas os jornalistas/comentadores do canal de televisão mais visto no país já deram início à campanha eleitoral. Na verdade, eles fizeram muito mais do que isso. Eles já “decidiram” quem será o próximo Primeiro-ministro, tendo começado a implementar uma narrativa que já faz de Luís Montenegro o próximo Primeiro-ministro.
Vejamos, a narrativa actual é a de que o governo do Partido Socialista é um grupo de malandros que está no poder apenas para servir os interesses instalados, para realizar negociatas a favor dos mais poderosos e a troco de favores pessoais, entre outras maroscas. Esta narrativa não estará muito longe da verdade, já que os últimos quase 50 anos de “democracia” nos mostraram ao que vão os políticos, quando vão para o governo.
Mas aquilo que os “fazedores de opinião” querem implementar, uma vez mais, é um novo “momento zero”. O momento a partir do qual o PSD volta a ser a única alternativa à sucessão no poder, agora que a outra metade do “bloco central” ruiu de podre. Tal como afirmou um anterior líder do PSD, agora é a sua vez de “ir ao pote”.
Cerca de 50 anos de “democracia” mostraram-nos que, ora com o PS, ora com o PSD no poder, a realidade é sempre a mesma. As negociatas, a defesa do superior interesse de meia dúzia de privilegiados, a corrupção, os favores, o nepotismo, a deterioração dos serviços públicos e a completa alienação sobre os verdadeiros problemas do país e das pessoas é uma constante nos sucessivos governos, sejam eles do PS ou do PSD (com ou sem o CDS).
Mas os habituais merdosos da comunicação social querem criar (e já) um novo “momento zero”. Um momento no qual o PSD surge como uma opção imaculada e como a única alternativa à sucessão. O passado de governação do PSD, repleto de casos tão ou mais graves do que aqueles que assolam agora a governação do PS, simplesmente deixou de existir. Já foi apagado. E, segundo estes merdosos, este é um momento muito especial, porque é aquele em que Luís Montenegro e o seu PSD podem mostrar ao país que “são diferentes”, que “têm soluções para o país e para as pessoas” e que “não vão permitir que o governo seja instrumentalizado na prossecução dos interesses de uma minoria de privilegiados que o controla e corrompe”.
É preciso ter uma latosa do tamanho do mundo, para querer apagar da memória das pessoas, aquilo que o PSD tão bem sabe fazer. Eu diria mesmo, a única coisa que o PSD sabe fazer.
Aquilo a que estamos a assistir é à habitual campanha que a comunicação social faz para eternizar o “bloco central” no poder em Portugal. Se o PS cai de podre, venha o PSD. E vice-versa. Foi sempre assim. E a comunicação social fá-lo muito afincadamente, porque a sua existência (os seus tachos, os seus lucros, as suas rendosas conezias) também depende de um “bolco central” em eterna alternância.
A verdade é que PS, PSD e comunicação social – devidamente mancomunados – querem cristalizar na mente das pessoas que só existem duas opções de governação no país. Duas opções que, em boa verdade, são uma e uma só. E chama-se “bloco central”. É definitivamente um “bloco”, porque não quebra este ciclo de “ora governas tu, ora governo eu”. E é indiscutivelmente uma “central”. Uma central de negócios putrefactos, que visa perpetuar o status quo da minoria que controla e corrompe as instituições deste país, que arruína os serviços públicos e que destrói a vida das pessoas.
Perante a barbárie que Israel impõe em Gaza e perante toda a indecente cumplicidade e o criminoso apoio de quase todos os políticos ocidentais, os merdosos da comunicação social continuam de mãos dadas com toda esta campanha genocida de um povo indefeso.
A comunicação social continua a legitimar a actuação dos genocidas fascistas de Israel, tentando justificar o assassinato em massa de uma população indefesa com os ataques perpetrados pelo Hamas, no passado dia sete de Outubro. Uma vez mais, a comunicação social quer fazer de conta que o passado não existe e que é possível determinar o momento inicial de um conflito, consoante a perfídia norte-americana assim o determinar. Mesmo depois de mais de 10 mil civis mortos (mais de quatro mil são crianças) e muitos mais milhares de feridos e desaparecidos, tudo isto em menos de um mês, a comunicação social continua a dedicar mais tempo de antena ao ataque do Hamas, de há um mês, tentando única e exclusivamente justificar, assim, o genocídio de uma população.
O contorcionismo mental de jornalistas e comentadores é de tal forma flagrante que, agora, depois de verificar que a propaganda pró-Israel não está a ter os mesmos resultados que teve a propaganda anti-Rússia, e depois de milhões de pessoas terem saído às ruas de Washington, Londres, Paris, muitas outras cidades ocidentais e até mesmo na capital israelita – algo que a comunicação social esconde (como é seu hábito) – agora, pretendem separar a actuação do governo fascista de Israel com aquilo que é a actuação da administração Biden.
Eles dizem que “Joe Biden é o adulto na sala”. Dizem que Biden “é o único moderado que muito está a fazer para convencer Netanyahu a fazer uma pausa humanitária”. Reparem que eles não defendem um cessar-fogo imediato, eles apenas se referem ao que vem na cartilha norte-americana (como sempre), que apenas fala em “pausa humanitária”.
“Pausa humanitária”? Desde quando é que se pedem “pausas” na liquidação sumária de uma população inocente? Desde quando é que apelar – ainda que com plena falta de intenção – a um intervalinho na matança de pessoas inocentes pode sequer ser entendido como uma posição moderada e decente? Pretendem que se faça uma pausa, para logo depois continuar a exterminá-los.
A administração Biden não quer um cessar-fogo em Gaza. Votou contra o cessar-fogo em Gaza, mesmo sabendo que pelo menos 65% da população norte-americana exige um cessar-fogo imediato. É a democracia norte-americana.
A administração Biden fala apenas numa “pausa humanitária” que não significa outra coisa que não seja tentar convencer a opinião pública de que os malfeitores em Washington – que estão na origem e na alimentação de todas as guerras – são os moderados e os pacificadores.
Joe Biden até chegou a ameaçar, com muita veemência, o Irão – com quem os mestres da guerra em Washington adorariam iniciar mais uma guerra. Ou seja, a estratégia e a vontade de alargar o conflito está lá, como sempre esteve. O maior desejo de Washington é perpetuar conflitos por todo o mundo, menos nos EUA. Contudo, agora, a administração em Washington pretende fazer aquilo que é seu hábito e que melhor sabe fazer: dissimular. O objectivo é parecer que se estão a demarcar do facínora Netanyahu, como se não estivessem com ele desde sempre. O distanciamento visa apenas limpar a imagem da administração Biden que, só por acaso, tem eleições dentro de um ano.
Para os merdosos da comunicação social, a administração Biden tem sido um factor de moderação e de esperança. São mesmo uns invertebrados. Quem deu carta-branca a Netanyahu para fazer o que bem entendesse em Gaza? Quem fornece armas a Netanyahu? Quem enviou mais armamento para a região? Quem enviou – até mesmo – bombas nucleares para o Médio Oriente? Chamam a este bando de criminosos “os moderados”? Aquilo que se passa em Gaza – agora e desde há 75 anos – conta com o mais alto patrocínio de Washington. Todas as décadas de massacre, assassinato em massa, perseguição, ocupação, usurpação, tortura e apartheid perpetrados por Israel contra a Palestina só aconteceram e continua a acontecer por culpa das sucessivas administrações norte-americanas.
Ora, quem defende a administração Biden e diz aquilo que diz na praça pública – para milhões de pessoas ouvir – só está a defender de forma muito clara o genocídio em Gaza. Vejam bem ao ponto a que isto chegou – e eu bem vi e alertei que isto iria acontecer (e vai piorar) – que até vemos, lemos e ouvimos alguns crápulas na comunicação social, que se dizem de esquerda, a defender um regime fascista que implementa uma política de apartheid e um genocídio, ora mais lento, ora mais rápido e violento, como agora. E são os mesmos que culparam e culpam a China por apoiar a Rússia, cujo apoio não tem nenhuma comparação com a relação de concubinato existente entre Washington e Tel Aviv.
Dizer que os EUA, o Biden e a sua administração são os moderados e os que mais estão a trabalhar para resolver a situação em Gaza (e na Cisjordânia, convém não esquecer) é de uma falta de moralidade e de humanismo nunca antes visto. É de uma falta de tudo, menos de perfídia e maldade que só têm como objectivo defender os poderes instituídos, que muito bem lhes pagam, corrompem e mantêm.
Há quase um ano, Zelensky era a capa da revista Time. Zelensky era o escolhido para a “personalidade do ano”. Cerca de um ano depois, Zelensky volta a ser capa da revista Time, mas desta vez, aparece sozinho (de costas) e pequenininho, bem como ele é. E aquilo que sobressai nesta nova capa da revista Time não é um heróico Zelensky como se verificou no ano passado, mas sim um central e majestoso “Nobody”, bem como ele é.
A revista Time dá conta de que a contra-ofensiva ucraniana falhou e que o problema da corrupção na Ucrânia é algo transversal a todas as áreas de poder. A Time informa que um conselheiro de Zelensky garantiu que na Ucrânia “as pessoas [que estão no poder] estão a roubar como se não houvesse amanhã”. Não esqueçamos que apenas um terço das armas enviadas para a Ucrânia é que chegaram às frentes de combate. Ou seja, a esmagadora maioria foi parar ao mercado negro. E cerca de 60% dos americanos já não aceita que o Congresso envie mais armas para a Ucrânia. Em Junho eram cerca de 35%. Acordaram tarde, mas antes tarde do que nunca.
Cerca de 20% da Ucrânia (a leste, onde a população é maioritariamente de etnia russa) continua – e continuará – sob o controlo russo.
Um conselheiro chegado de Zelensky disse à revista Time que “ele [Zelensky] ilude-se a ele próprio. Nós não temos opção. Nós não estamos a vencer. Mas tentem dizer-lhe isto”.
Outra conclusão é a de que a Ucrânia está com muita dificuldade em obter armamento e munições, mas pior que isso, o exército ucraniano foi fortemente desbastado e já está quase sem gente para combater. Eu poria as coisas como elas realmente são e diria que Zelensky está a ficar sem soldados para serem chacinados na frente de batalha, porque é esse o seu único destino. Sempre foi. Só os otários e os malfeitores é que alguma vez puderam conjecturar que o exército ucraniano teria a mínima hipótese de vencer o exército russo.
Agora, o desespero de Zelensky é tanto que até já está a obrigar os jovens de 16 anos a combater e o seu exército não tem parado de recrutar também mulheres, imagine-se. Muitos dos jovens (e não só) estão a ser “apanhados” nos comboios e nos autocarros e obrigados a ir para a frente de combate. Aquilo que Zelensky não admite – nem nunca admitiu – é que os soldados recrutados (muitos contra a sua vontade) vão tornar-se carne para canhão, assim que forem despejados nas frentes de combate.
Provavelmente, o seu órgão de comunicação social preferido andou a dizer-lhe o contrário disto que acabo de referir. Provavelmente andaram a dizer-lhe que a Ucrânia esteve sempre a vencer, que o exército russo esteve sempre em dificuldade e que os militares russos é que eram os impreparados e os que estavam a ser obrigados a combater. Foi assim, não foi? Pois claro que foi. E você acreditou? É claro que acreditou.
Zelensky está agora muito preocupado com o facto de quase ter desaparecido das objectivas mediáticas. Zelensky está possuído com o facto de as atenções terem-se dirigido para o Médio Oriente. E quem acha que isto aconteceu agora por acaso engana-se. Os EUA decidiram propositadamente virar as atenções para o Médio Oriente, porque para alimentar a propaganda e a máquina da guerra é necessário construir uma narrativa. E a narrativa acerca da Ucrânia já não convence, porque os EUA e o seu braço armado (OTAN) foram copiosamente derrotados. E como não têm um único pingo de honestidade para o admitir, têm que procurar outro conflito, outra guerra que apague a derrota na Ucrânia e que continue a catapultar o negócio das armas.
Os últimos números acerca das baixas ucranianas apontam para mais de 500 mil mortos, muitas outras centenas de milhares de mutilados e feridos, e uma parte considerável do país está completamente destruída. Mas o Zelensky continua a propagandear que a Ucrânia não só está a vencer, como vai sair totalmente vencedora no final do conflito. Zelensky ainda fala em expulsar os russos de todas as regiões ocupadas, inclusivamente a Crimeia. Só uma pessoa muito estúpida e completamente delirante é que pode sequer sonhar com tal impossibilidade.
Zelensky sabe perfeitamente que nada disso é possível. Sempre o soube. Mas seguiu obedientemente o guião redigido pelos mestres da guerra em Washington, como bom fantoche que é.
Entretanto, para coroar a estratégia dos senhores da guerra em Washington, o escroque da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi a Kiev garantir mais 50 mil milhões de euros - que sairão dos bolsos dos contribuintes europeus – para ajudar a reconstruir a Ucrânia. Ou seja, os criminosos em Washington usaram a Ucrânia para provocar um conflito com a Rússia e para terminar com o fornecimento de gás natural à União Europeia, através dos gasodutos Nord Stream – aqueles que eles rebentaram, provocando um dos maiores desastres ambientais de que há memória e um desastre económico no seio da UE, que ainda dura e durará – e os corruptos dos políticos europeus aceitaram todos esses crimes, embarcaram na malfeitoria e ainda se prontificam a assumir a reconstrução da Ucrânia e, pior do que isso, comprometem-se a integrar o país mais corrupto da Europa na UE. Bem, mais corrupção, menos corrupção, não vai fazer muita diferença.
Ou seja, mais de um ano e meio depois, a Rússia cumpriu praticamente todos os seus objectivos (desmilitarização, desnazificação, não adesão à OTAN e a defesa das populações de etnia russa) e ainda incrementou a economia do seu país. Os EUA conseguiram injectar milhares de milhões de dólares no complexo militar-industrial norte-americano, nas gigantes empresas da energia, nas gigantes tecnológicas e na banca. Já a União Europeia mergulhou numa profunda crise da qual não conseguirá livrar-se tão cedo. Claro que também os bancos europeus (via decisões do BCE), as empresas de energia e combustíveis e mais alguns privilegiados (nos quais se inclui a classe política) lucraram e vão continuar a lucrar como nunca antes. Ou seja, o mesmo de sempre: a fabricação de conflitos que só têm como objectivo sugar ainda mais a classe trabalhadora e canalizar milhares de milhões para a minoria de privilegiados que controla tudo e todos.
Quem vai continuar a pagar por tudo isto, como sempre, somos nós, o povo. Pena é que a factura não atinja apenas aqueles que estiveram e estão, de corpo e alma, com todas as patéticas e nefastas decisões políticas que foram implementadas pelos invertebrados políticos europeus.