Na era do “jornalismo” que promove a censura
O jornalista Tucker Carlson – sim, jornalista – esteve em Moscovo, onde entrevistou o Presidente da Rússia, Vladimir Putin.
A comunicação social ocidental caiu em cima de Tucker Carlson, porque ele se atreveu a fazer jornalismo, algo que os “jornalistas” que se prostituem em cada esquina da comunicação social ocidental não fazem ideia do que significa.
Independentemente da opinião que cada um possa ter sobre Putin, sobre a Rússia ou sobre o que quer que seja, o acto de um jornalista ter ido ao Kremlin entrevistar o Presidente da Rússia é um acto de jornalismo e de liberdade de imprensa. Jornalismo não é opinião. Jornalismo é reportar factos e ouvir todas as partes envolvidas. Sem censura.
Quantos “jornalistas” dos meios de comunicação ocidental se disponibilizaram para fazer o mesmo? Nenhum. Eles nunca estiveram interessados em entrevistar Putin, porque isso iria desmascarar toda a narrativa que eles andaram e andam a promover. Só a título de exemplo, Putin nunca disse que a invasão da Ucrânia iria durar três dias, no entanto, essa é uma verdade absoluta espalhada pela comunicação social ocidental e que quase todos engoliram e regurgitam a toda a hora.
Outro exemplo, o canal russo RT continua proibido de emitir no espaço europeu. Porquê? Os arautos do ocidente costumam alegar que os órgãos de informação russos são órgãos de desinformação e propaganda do regime. Mas, se isso é verdade, então não impeçam as pessoas de aceder a essa “desinformação” com os seus próprios olhos e de julgarem por si próprias. O quê? Consideram que as pessoas não são capazes de julgar por si próprias? Consideram que o povo ocidental é assim tão estúpido, ao ponto de não conseguir distinguir o que é informação e o que é desinformação? Então, como poderão saber se aquilo que ouvem, vêem e lêem na comunicação social ocidental é fidedigno? Se não têm poder de discernimento. Ah… ficaram sem respostazinhas para estas perguntinhas, não foi? Patetas.
O “jornalismo” que se faz no “mundo ocidental” é algo que deveria envergonhar qualquer “jornalista” que ainda tenha algum resquício de dignidade. Os “jornalistas” ocidentais estão muito preocupados em manter a narrativa que é imposta pela minoria que detém o poder e que os compra e controla – os oligarcas do ocidente. Eles estão em pulgas com esta entrevista porque, de certa maneira, ela expõe toda a hipocrisia, toda a propaganda e toda a dependência que os corrói e corrompe.
Notem que todos os órgãos de comunicação social se referiram a Tucker Carlson como um “apresentador” de TV, quando sabem perfeitamente que se trata de um jornalista. Algo que, uma vez mais, só demonstra que a narrativa que circula na comunicação social ocidental é falsa, totalmente combinada e orquestrada. Por mim, a entrevista poderia ter sido feita por um apresentador ou até mesmo por um canalizador. Só o facto de esta entrevista ter sido feita, algo que nenhum outro jornalista foi capaz de fazer, em dois longos anos, é bastante revelador da independência jornalística que se respira por cá. E são tão patetas, que nem se deram conta que ao chamar-lhe “apresentador” só estão a expor ainda mais a sua incompetência e a sua corrupção. Um apresentador a fazer aquilo que os jornalistas não são capazes de fazer.
Outros patetas chegam mesmo a acusar Tucker Carlson de este fazer uma entrevista com “microfone aberto”. Vejam bem ao ponto a que chegamos, onde é a própria comunicação social a bradar por censura. Onde é que já se viu entrevistar alguém e deixar essa pessoa falar?
Muitos outros optam por salientar que Tucker Carlson foi o “escolhido” por Putin e que se trata de alguém que é “apoiante de Trump”. Chama-se a isto tentar matar dois coelhos com um só tiro. Portanto, a comunicação social que segue os ditames da administração Biden e que se limitou a dar seguimento à campanha de difamação encetada por Hillary Clinton, tenta descredibilizar um jornalista, acusando-o de ele ser aquilo que, na verdade, eles é que o são e em proporções muitíssimo superiores.
Para os palermas dos “jornalistas” ocidentais, Tucker Carlson é um propagandista de Putin. Eles que não fazem outra coisa que não seja propagar a cartilha encomendada por Washington e pela oligarquia ocidental.
Tucker Carlson fez uma entrevista muito mais profissional que qualquer entrevista feita a Zelensky, pelos vassalos jornalistas ocidentais. As entrevistas feitas pelos jornalistas ocidentais ao Presidente da Ucrânia são episódios ainda mais rascas do que o programa “Alta Definição” do Daniel Oliveira. Marcos históricos da mais repugnante propaganda, que estes pulhas não se coibiram de fazer e de que muito se orgulham.
Já agora, a propósito da legitimidade de se dever ou não entrevistar pessoas com as quais não se concorda ou de que não se gosta. Assim de repetente, estou a lembrar-me de a comunicação social ocidental ter entrevistado o Osama bin Laden, no ano de 1997. Entrevista que foi divulgada e promovida em todo o lado e que nunca foi apelidada de ser um “acto de traição” ou de “propaganda”. Foi algo normal, afinal, o Osama bin Laden já foi considerado um herói nos EUA, tal como Saddam Hussein. E depois tiveram o final que se sabe. É por isso que costumo dizer que o Zelensky deve cuidar-se, porque aqueles que são santificados pelo poder em Washington costumam ter finais trágicos, um pouco mais à frente.
Voltando à entrevista de Tucker Carlson a Putin, aquilo que se pôde constatar é que se tratou de uma entrevista muito mais incisiva do que qualquer entrevista que os “jornalistas” ocidentais fazem aos seus líderes políticos. Se algum jornalista fizesse uma entrevista a Joe Biden, nos mesmos termos e modos com que esta foi feita, seria logo apelidado de ser pró-Trump, apologista de Putin ou coisa pior. E toda a comunicação social cair-lhe-ia em cima, para o descredibilizar.
Tucker Carlson até chegou a questionar Putin acerca do jornalista Evan Gershkovich, que se encontra detido na Rússia, por alegada espionagem. No mundo ocidental, algum jornalista digno desse nome questiona Joe Biden ou qualquer outro líder acerca da detenção de Julian Assange? Algum jornalista ocidental questionou o facto de um outro jornalista ocidental (de nacionalidade norte-americana, Gonzalo Lira) ter sido detido pelo regime de Zelensky e de ter “perdido a vida” numa prisão na Ucrânia?
Mais importante do que aquilo que Putin possa ter dito ou omitido nesta entrevista, foi o facto de ela ter acontecido. Algo que traz alguma esperança a quem ainda preza a liberdade de expressão, que não gosta de emprenhar pelos ouvidos e que pretende ouvir todas as partes envolvidas e formar a sua própria opinião.