O “debate”. Qual debate?
Tem-se ouvido falar do “debate” entre Joe Biden e Donald Trump, candidatos às eleições presidenciais dos EUA. Sinceramente, não sei onde foram desencantar essa ideia de que houve um debate entre os dois candidatos. Aquilo que se viu foi uma inquirição a cada um dos candidatos. Não houve nenhum debate.
Mas, o facto de não ter havido debate, não significa que o momento não tenha sido importante para o esclarecimento dos eleitores, nomeadamente acerca das capacidades pessoais de cada candidato. E serviu, sobretudo, para expor dois tipos de palermas: aqueles que só agora se aperceberam do estado de senilidade de Joe Biden, e aqueles que andaram todo este tempo a dizer que Joe Biden estava “fit for the job”, que tudo aquilo que poucos se atreveram a dizer sobre o estado de saúde mental de Joe Biden era inventado, que os vídeos que demonstravam categoricamente que Biden está – há muito tempo – num estado de demência avançada eram “montagens”, e que agora aparecem a criticar Biden e a contradizer tudo aquilo que andaram a afirmar – apaixonadamente - até à hora do “debate”. E, uma vez mais, deu para perceber nitidamente que a comunicação social portuguesa apenas se limita a papaguear aquilo que os “media” norte-americanos veiculam. Se a CNN e o The New York Times tivessem dito que a prestação de Biden foi excelente, aqui em Portugal dir-se-ia o mesmo. São tão riquinhos, não são?
O mais engraçado foi constatar que o próprio partido democrata reagiu com absoluta surpresa e muito escandalizado com a prestação de Joe Biden. Obviamente que, se até eu que estou a esta distância sei do estado de saúde mental de Joe Biden, aqueles que estão com ele todos os dias o sabem. E poderíamos apontar o facto de a sua própria mulher estar – há muito tempo – a cometer o crime de abuso de idosos.
É óbvio que os “democratas” estão desesperados por substituir Joe Biden por outro(a) candidato(a) (Michelle Obama? A candidatura de ex-primeiras-damas costuma resultar bem). Os “democratas” ainda alimentavam a esperança de que com as mudanças das regras do “debate”, Trump caísse na armadilha de não resistir ao cumprimento das regras e que interrompesse Biden constantemente. Mas isso não aconteceu. Trump – por iniciativa própria ou por aconselhamento – foi um bocadinho menos burro do que costuma ser e fez aquilo que era suposto fazer, ou seja, deixar Biden entregue a si próprio (e à sua total incapacidade mental) e esbardalhar-se todo.
Contudo, eu gostaria de deixar aqui uma nota em relação à prestação de Joe Biden no “debate”. Tendo em conta que ele nunca tropeçou nem caiu (ainda que tenha sido rebocado do palco pela sua mulher), não adormeceu, não se babou e não fez cocó nas calças, Biden até nem esteve assim tão mal.
E para terminar, se isto foi um “debate” no qual tomaram parte os candidatos às eleições presidenciais dos EUA, onde raio meteram o Robert F. Kennedy Jr.? Não o vi. E também não vi ninguém a reclamar da sua ausência.
É a democracia avançada dos EUA e dos palermas que a seguem e defendem abnegadamente.