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Ontem à noite, no telejornal da RTP1, Paulo Raimundo foi convidado para uma entrevista sujeita ao tema das “Legislativas 2025”. No entanto, aquilo que se verificou foi uma inquirição pidesca, realizada por José Rodrigues dos Santos.
Portanto, tendo em conta o esclarecimento dos portugueses para as próximas eleições legislativas, José Rodrigues dos Santos (JRS) actuou, mais ou menos, da seguinte forma:
JRS: Portugal vai a votos a 18 de Maio. Hoje entrevistamos Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP.
JRS (pergunta 1): Por que razão não aplaudiu os deputados ucranianos na Assembleia da República?
JRS (pergunta 2): Foi a União Europeia [nós, disse ele] que iniciou a guerra na Ucrânia?
JRS (pergunta 3): Mas não acha que cabe à Ucrânia decidir se deve lutar ou não?
JRS (pergunta 4): É contra o envio de armas para ajudar a Ucrânia a defender-se?
Pelo meio, o versado e letrado José Rodrigues dos Santos, ainda teve tempo para criar um verbo (que seguramente, ele pratica diariamente e com muito afinco). JRS disse que “o objectivo da Rússia era vassalizar a Ucrânia…”.
JRS (pergunta 5): Opõe-se ao envio de armas para a Ucrânia?
JRS (perguntas 6, 7 e 8): a mesma pergunta anterior.
JRS (pergunta 9): ainda a mesma pergunta, mas feita de outra forma.
JRS (pergunta 10): e essa é uma posição universal ou é uma posição específica para a Ucrânia? (considerando que o PCP se opõe contra o envio de armas para prolongar conflitos)
JRS (pergunta 11): portanto, opõe-se sempre aio envio de armas para ajudar um país a defender-se de uma invasão?
JRS (pergunta 12): quando um país é invadido, não se deve ajudá-lo?
JRS (pergunta 13): E defende que se fizesse isso? (armas para a Palestina se defender)
JRS (pergunta 14): E há alguma situação em que defenda o envio de armas para um país que é atacado?
JRS (pergunta 15): Os aliados enviaram armas para a URSS se defender dos nazis. Acha que fizeram mal?
E depois de mais duas perguntas repetidas (sempre sobre a Ucrânia), deu por terminada a entrevista, porque “já se esgotou o tempo”, disse ele com um ar de muita satisfação.
Estupefacto, Paulo Raimundo perguntou: “Ai já está?”. Ao que JRS retorqui: “Sim. São 10 minutos”. Só faltou dizer que eram "10 minutos à Benfica".
Portanto, numa entrevista sobre as eleições legislativas em Portugal, José Rodrigues dos Santos resolveu metralhar o Paulo Raimundo com perguntas sobre… a Ucrânia. Vejam bem a insanidade a que determinada gentalha chega. E uma insanidade repleta de impunidade, porque esta gentalha faz o quer e lhe apetece, sem que nada lhes aconteça.
Quão imbecil tem que ser um jornalista, para começar a entrevistar um candidato às Legislativas com o tema da Ucrânia. Pior que isso, fazer toda a “entrevista” sobe esse tema. E não foram poucas as perguntas que ele efectuou, mas sempre sobre o mesmo tema. Porque lhe interessava falar sobre a Ucrânia e não sobre Portugal. E porque a intenção da comunicação social é mesmo essa, ou seja, fazer com que os portugueses se interessem mais pela situação na Ucrânia do que aquela que aqui se vive.
E depois, ainda se admiram que o PCP se queixe de discriminação e perseguição, por parte da comunicação social. As queixas do PCP têm todo o fundamento. E esta é só mais uma prova.
No lugar de Paulo Raimundo, eu teria posto travão logo na primeira pergunta. Então, um indivíduo desloca-se a um canal de televisão para uma entrevista sobre as eleições legislativas, e a primeira questão colocada é sobre a Ucrânia? Eu teria posto o energúmeno no seu devido lugar e perguntava-lhe se não tinha nenhuma questão sobre a situação que se vive em Portugal. Sobre a saúde, sobre a educação, sobre o trabalho e os salários, sobre o custo de vida, sobre os custos da habitação, sobre a corrupção, etc.
Eu fazia mais. Informava o senhor José Rodrigues dos Santos que aqui não é a Ucrânia. Até porque se fosse, não haveria eleições. E quando as houvesse, partidos como o PCP estariam proibidos de se candidatar. Porque é isso que acontece na bela democracia ucraniana.
Agora, estou muito curioso para ver se o José Rodrigues dos Santos vai metralhar todos os outros líderes partidários com perguntas sobre a Palestina. Ou seja, para ser minimamente coerente, JRS terá que perguntar - incessantemente - aos líderes dos outros partidos, por que razão não defendem o envio de armas para a Palestina. Para que o povo palestiniano se possa defender dos seus agressores, invasores e genocidas.
Este é apenas mais um episódio de degradante “jornalismo” para juntar a muitos outros protagonizados por José Rodrigues dos Santos, que há muitos anos faz do Telejornal da RTP1 a sua tasca, sem que ninguém sequer ouse chamá-lo à atenção.
O que é que ainda falta para demitir este crápula, com justa causa?