A Caixa e o ziguezagueado de Marques Mendes
A 23 de Outubro de 2016, Marques Mendes dizia que “os administradores da CGD não tinham que apresentar os seus rendimentos”, ao abrigo do DL 39/2016 de 28 de Julho.
A 6 de Novembro, Marques Mendes já dava conta que “o TC deverá notificar os administradores da CGD para declararem o seu património”, aludindo que o TC o faria para “secundar” a interpretação do Presidente da República.
Uma semana depois, Marques Mendes dizia que os “administradores da CGD ou apresentavam a declaração ou deviam sair já”…
A 20 de Novembro, Marques Mendes já dava garantias que António Domingues e a sua equipa de gestores ficariam na CGD e cumpririam a lei, dando conta que iriam solicitar a confidencialidade das suas declarações patrimoniais. Garantiu ainda que “caso o TC não garantisse a confidencialidade, que a maioria dos gestores se manteria em funções, principalmente António Domingues…”, acrescentando que “a decisão já estava tomada”.
Ontem ficámos a saber que, afinal, António Domingues demitiu-se. E o que disse Marques Mendes? Disse que Domingues se demitiu por culpa da lei que o PSD, o CDS e o BE aprovaram na passada semana, que obriga os gestores da CGD a apresentar e tornar públicas as suas declarações de rendimentos.
Oh! Assim também eu acerto sempre... E faço-o por metade do preço.
Durante todo este ziguezagueado, Marques Mendes foi metendo sempre o Governo, em especial o Ministro das Finanças no topo da polémica. E, se bem notaram, este tem sido o principal assunto que o PSD tem usado como arma de arremesso ao actual governo, como se este fosse o principal problema da CGD e não a sua recapitalização, coisa que não foram capazes ou não quiseram fazer enquanto estiveram no poder.
Para terminar, resta salientar que a demissão do senhor Domingues produz efeito apenas a 31 de Dezembro, assim ainda dá para sacar mais uns 30 e tal mil euros para as batatas e o bacalhau.