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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

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RAPIDINHA

Putanheiros da bola e da política não são corruptos. Apenas estão mais expostos à corrupção. A culpa não é deles, a culpa é da exposição a que estão sujeitos. Tal e qual como a população que foi vítima da exposição à radiação nuclear em Chernobyl. Coitadinhos dos políticos e dos futeboleiros! Eles não têm culpa de incorrerem em tamanha exposição à corrupção. Na verdade, eles deviam ser recompensados por não se acobardarem perante a exposição a tão nefasto perigo.

A “Esquerda” que insiste em sabotar a Esquerda

Há já algum tempo que anda por aí uma certa “Esquerda”, sempre muito em pulgas, mas muito convencida de que está a fazer e a dizer as coisas certas e justas, quando mais não fazem do que destruir as verdadeiras causas da Esquerda.

Depois de tantas décadas a defender a sua principal causa – a Liberdade -, a Esquerda viu-se (e vê-se) a braços com uma agitação interna, protagonizada por um certa “Esquerda” que decidiu enveredar pelo caminho da defesa do corporativismo capitalista e pela defesa de políticas anti-operárias, sob o pretexto de que havia razões de saúde pública que assim o exigia.

Vejamos, nos últimos dois anos, uma certa “Esquerda” defendeu a implementação de políticas de vigilância, de controlo e até de exclusão dos cidadãos. Desde os certificados de vacinação à censura e cancelamento levados a cabo pelo Estado e pelas grandes corporações (big pharma, grupos de comunicação social e tecnológicas). Esta certa “Esquerda” aplaudiu de pé a um conjunto de medidas repressivas que impactaram negativamente, sobretudo a classe trabalhadora. A Esquerda que sempre defendeu a Liberdade e a Ciência, viu uma grande parte dos seus “militantes” a celebrar a imposição de medidas estapafúrdias que muito violaram a liberdade dos cidadãos, desprovidas de qualquer base científica. Ainda pior do que isso, essa certa “Esquerda” chegou mesmo a defender que a vacinação contra a Covid-19 deveria tornar-se obrigatória. Reparem, isto veio daqueles que mais vezes vociferaram a frase: “Meu corpo, minha escolha”.

Também agora, com a invasão russa à Ucrânia, assiste-se a uma certa “Esquerda” que não se deu ao trabalho de parar para pensar, uma certa “Esquerda” desmemoriada, que prefere embarcar de imediato na corrente única de pensamento – se é que lhe podemos chamar “pensamento”. É uma “Esquerda” que não consegue compreender questões ambíguas. Para essa “Esquerda” é tudo a preto e branco. E se os mesmos do costume – aqueles que referi atrás -, o poder político, as grandes corporações de média, as tecnológicas e a indústria de armamento (que neste contexto substitui a big pharma) decidirem que aquilo que está à nossa frente é preto, então é porque é preto e não branco. E se alguém se atrever a dizer que é cinzento, castanho ou azul-escuro será automaticamente enxovalhado e banido, porque alguém decidiu que há assuntos que não são para ser discutidos, que não pode haver contraditório. E esta certa “Esquerda” que, aparentemente, sempre defendeu a liberdade de expressão e o direito à contra-argumentação, é a primeira a enfileirar no discurso único e a atirar pedras a todos quantos se atrevam a pôr em causa os ditames que vêm de cima. Talvez o facto de grande parte dos militantes dessa “Esquerda” serem avençados das entidades poderosas que referi explique a concomitância.  

No que ao conflito na Ucrânia diz respeito, esta “Esquerda” não aceita discussões. Para ela, aquilo que está em causa é que “há um invasor e um invadido” e ponto final. Como se o problema se resolvesse com a simples e óbvia assunção de uma posição contra a invasão.

Não. Para esta “Esquerda”, aos cidadãos de bem resta apenas decidir de que lado querem estar. Do lado do invasor ou do lado do invadido. Como se houvesse alguma contradição entre estar ao lado do povo ucraniano que sofre e estar contra a invasão da Rússia, e simultaneamente não ser um desmemoriado, não ser hipócrita, ser honesto e não ter dois pesos e duas medidas em relação aos crimes de guerra perpetrados pelos EUA (com ou sem OTAN).

Segundo esta certa “Esquerda” há uma enorme contradição por parte de quem ousa ser honesto e por parte de quem se recusa a ter dois pesos e duas medidas. O relativismo moral invadiu de tal forma a mente desta “Esquerda”, que as actuais agressões da Arábia Saudita ao Iémen ou de Israel à Palestina, o conflito na Síria, ou ainda as anteriores e recentes agressões dos EUA ao Afeganistão, ao Iraque, à Somália e à Líbia não têm qualquer paralelo com a agressão da Rússia à Ucrânia. 

Qualquer pessoa que reflicta um pouco sobre o assunto ficará a pensar que esta “Esquerda” é racista, xenófoba e que já abdicou de defender as minorias. Ou será que alguém consegue engolir a desculpa esfarrapada de que “o conflito na Ucrânia diz-nos mais porque é mais perto de nós”. Bem, como se já não bastasse o relativismo moral, ainda temos que levar com a consternação e a solidariedade de proximidade. Ridículo.

Com uma “Esquerda” destas, a Esquerda não precisa de inimigos. 

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