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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

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RAPIDINHA

Trump deporta imigrantes, porque considera que as pessoas devem viver na sua terra, no seu país de origem, com excepção do povo palestiniano, que deve ser expulso do seu próprio país e entregá-lo aos "nazionistas".

A farsa continua

Passos Coelho e seus fiéis correligionários estão reunidos durante este fim-de-semana, na nave de Espinho, onde decorre o Congresso do PPD/PSD.

 

O mote da campanha de candidatura de Passos Coelho à liderança do seu partido foi “Social Democracia Sempre”, contudo, o que se pode ler (em letras garrafais) na parede de fundo da nave é “Compromisso Reformista”. Quer-me parecer que Passos Coelho conseguiu finalmente perceber que a social-democracia não é a sua praia.

 

Passos Coelho aparece neste congresso com uma nova semântica. Nota-se que também já conseguiu perceber que tão cedo não haverá eleições, coisa que ele não deseja nem nunca desejou. Todos sabemos que Passos Coelho quer “que se lixem as eleições”.

 

O que se pode dizer da “nova” estratégia de Passos e seus fiéis? Bem, apenas se pode inferir que a farsa continua. Passos continua agrilhoado à técnica do disfarce que ele tão bem domina. Vejamos, referiu-se ao actual governo e à maioria parlamentar que o sustenta com brandura, chegando mesmo a pronunciar-se em tom elogioso. E ainda aproveitou para atirar abraços fraternos e beijinhos muito docinhos a "Rebelo de Sousa". Disse que não vai instrumentalizar o Presidente da República, enquanto o fazia despudoradamente, chegando mesmo a alvitrar o que devem ser as funções presidenciais, como se isso não estivesse plasmado na Constituição. Ah pois! Às vezes eu esqueço-me que Passos Coelho desconhece a CRP. Disse que o Presidente da República deve desempenhar o seu cargo assumindo “identidade política”, para logo a seguir meter os pés pelas mãos e acrescentar que aquilo que acabara de dizer “não se prende com a figura de Rebelo de Sousa enquanto Presidente” mas sim “à ideia que temos do que é o Presidente da República enquanto instituição”. Ou seja, Marcelo enquanto Presidente da República não deve assumir identidade política, mas o Presidente da República enquanto instituição sim. Que finura de pensamento!

 

Só quem estiver muito distraído é que não percebe que Passos Coelho está a fazer o habitual número de circo, em que ele costuma vestir a mais que esburacada farpela de ironia saloia. Portanto, mais um congresso, mais do mesmo, dissimulação quanto baste, sarcasmo barato acompanhado de umas valentes doses de labreguice.

 

Resta-me, por último, salientar só mais um ponto que me parece ser digno de destaque e que, no fundo, corrobora tudo o que acabei de escrever. Passos Coelho lançou um repto aos seus adversários políticos, desafiando-os a aceitar rever a Lei Eleitoral. Ou seja, Passos Coelho desafia a nova maioria parlamentar (com pouco mais de 4 meses) a fazer aquilo que ele e a sua maioria não foram capazes, não quiseram e não se interessaram em fazer ao longo de uma inteira legislatura (4 anos). Toda a gente sabe que partidos como o BE e o PCP não estão interessados numa revisão da Lei Eleitoral, que seria penalizadora para a representatividade dos partidos mais pequenos. Portanto, lançar este desafio é uma tremenda idiotice, só aceitável no contexto de um congresso laranja. Será que é a única coisa de que se lembrou para tentar fissurar a actual maioria parlamentar? É muito pouco para o líder de um partido que se afirma como o maior de Portugal.

 

Passos Coelho não consegue ser diferente disto, foram muitos anos de jotice e muitas universidades de verão. Está-lhe no sangue. E, por isso, a farsa continua.

 

P.S. Falta fazer referência à pérola que Passos Coelho nos concedeu... Passos disse: "O Estado não deve negociar com privados". Bem podia ter acrescentado que "os privados é que devem fazer negócios à sombra do Estado", ou que "o Estado deve submeter-se sempre à vontade de privados e nunca negociar", ou ainda, que "com os privados, o Estado só deve negociar contrapartidas em forma de tacho para os amigos", tal como aconteceu na EDP (por exemplo) onde Passos Coelho e Maria Luís negociaram excelentes contrapartidas para Eduardo Catroga e António Albuquerque (marido da ex-ministra, cuja integridade é inquestionável).