A infinita cretinice
Dos políticos, aos jornalistas, aos comentadores avençados
Há poucos dias, Vladimir Putin anunciou que a Rússia vai colocar armas nucleares tácticas na Bielorrússia. Esta comunicação do Kremlin só poderia ter a reacção que teve no mundo histérico ocidental.
O “jardineiro” Josep Borrell – representante da União Europeia – veio logo dizer que “o acolhimento de armas nucleares russas pela Bielorrússia constituiria uma escalada irresponsável e uma ameaça à segurança europeia”. E não teve nenhum prurido em voltar a ameaçar com mais sanções. Até porque elas têm resultado lindamente, não haja dúvida.
Em simultâneo, o governo ucraniano gritou aos sete ventos que “o Kremlin tomou a Bielorrússia como refém nuclear”.
A comunicação social, em geral, entrou logo em histeria e tratou de disseminar o pânico nas massas. Para isso servem-se sempre dos seus cães de fila do comentário político, aqueles que dizem tudo aquilo que os órgãos de comunicação social que lhes dão espaço pretendem que eles digam, mas sem se vincular directamente com essa opinião.
Portanto, os líderes europeus e os trolls da comunicação social estão muito preocupados com o facto de a Rússia pretender implantar armas nucleares na vizinha Bielorrússia – esse acto hediondo, perigoso e irresponsável, que só aumenta o risco de uma catástrofe na Europa. "Ah, como se atrevem esses russos irresponsáveis?". Contudo, nunca se incomodaram – e até se sentem confortáveis - com o facto de os EUA terem cerca de 100 ogivas nucleares armazenadas no "belo jardim" que é o espaço europeu, colocadas em bases militares na Bélgica, na Alemanha, em Itália, nos Países Baixos e na Turquia, pelo menos.