A ministra da saúde tem razão quando diz que “é criminoso”
É criminoso um governo que - não apenas por incompetência – ignorou, durante várias semanas, os avisos dos especialistas internacionais (também alguns nacionais, ainda que um pouco tardiamente) acerca do fecho das escolas. E nesta matéria, nem era necessário ser-se especialista. Estava à vista de todos.
É criminoso um governo que, para sustentar as suas pérfidas decisões, rejeita categoricamente os avisos dos especialistas mais cautelosos, em favor de outros que – por pura irresponsabilidade e razões ainda mais pérfidas – sustentavam as falácias governamentais.
É criminoso um governo que ao ver os números de contágios e mortes a aumentar drasticamente decide abrir os ATL, no momento em que todos já exigiam o encerramento de todas as escolas.
É criminoso um governo que, pelo Natal, alivia as medidas de restrição e fomenta vigorosamente o “tão desejado reencontro familiar”.
É criminoso um governo que não foi capaz de prever e evitar o inferno que se vive agora nos hospitais.
É criminoso um governo que teve muitos meses para antever e preparar planos A, B e C, acautelando os vários cenários (mais que prováveis), mas que preferiu cruzar os braços e pôr a barriga ao sol. Não preparou minimamente a abertura do ano lectivo e, como agora se vê, nem sequer pensou na possibilidade de voltar ao ensino à distância, algo que nunca deveria ter abandonado e que pretende fazer agora, em apenas duas semanas. E ainda dizem que estão preocupados com os efeitos nefastos que a perda das actividades lectivas tem nas crianças e jovens.
É criminoso um governo que deturpou a informação disponível e mentiu reiteradamente aos portugueses.
É criminoso um governo que não só não é capaz de reconhecer os erros e pedir desculpa, como ainda se atreve a atirar as culpas para cima dos portugueses, como se coubesse a eles a tomada das decisões políticas necessárias. E como se fosse possível achatar a curva pandémica e retirar a pressão sobre os hospitais sem a tomada dessas decisões fundamentais.