A pandemia, o pandemónio e os políticos pantomineiros
A pandemia apresenta números cada vez mais preocupantes, sobretudo no que respeita ao número de internamentos, internamentos em cuidados intensivos e número de mortes.
Os hospitais vivem uma situação de pandemónio, em que os já bastante desgastados profissionais de saúde têm que lidar com uma enorme pressão nos serviços, e não apenas na área Covid-19.
Esta situação não apareceu do nada, pois há meses que se antevia que isto viesse a acontecer, principalmente quando poder político e autoridade da saúde pouco fizeram para prevenir a situação. O Primeiro-ministro ainda tem dúvidas que os números alarmantes dos últimos dias não sejam consistentes e decidiu ficar à espera pela reunião no Infarmed, talvez porque essa reunião ocorrerá logo a seguir aos dois dias que costumam apresentar (enganadoramente) números mais baixos. Ou então é apenas para envolver todos na decisão final, não para que a decisão seja a melhor, apenas para partilhar a responsabilidade, não vá a coisa correr para o torto. Um Primeiro-ministro e o seu governo têm que estar aptos a tomar decisões no imediato e, para isso, deveriam manter o contacto permanente com todas as partes interessadas. Pelos vistos não é assim.
Entretanto, o Presidente da República já fala que não há alternativa ao confinamento geral, depois de António Costa (e ele próprio) andar meses e meses a garantir que isso jamais voltaria a acontecer. E, principalmente, depois de há dois dias ainda ter tido o descaramento de dizer que as escolas não iriam fechar. António Costa ainda acha que as pessoas que frequentam as escolas – e convém lembrar que não são apenas os alunos que vão às escolas – não são vectores de contágio.
Para adornar ainda mais toda esta patetice dos políticos, temos umas eleições marcadas para daqui a duas semanas. É preciso não ter mesmo nenhuma noção da realidade para ainda não ter adiado a realização das eleições presidenciais.
E pior do que (ainda) não ter havido uma decisão de adiamento, está o facto de as autoridades políticas ainda incentivarem os cidadãos que residem em lares a ir votar. Portanto, há não muito tempo nem sequer podiam receber visitas dos familiares, agora podem e devem sair para votar. Mais, as autoridades políticas – inspiradas em Salvador Malheiro – exortaram as câmaras municipais para que - articuladas com as juntas de freguesia – arranjem umas carripanas para transportar as pessoas dos lares até às assembleias de voto e respectivo regresso. Só faltou dizer em quem votar. Se calhar isso fica para a última da hora.
Tanta insensatez e irresponsabilidade é assustador.