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RAPIDINHA

Estará o Sapo com medo de deixar de ser pago para plantar "notícias"? Não deve ser isso...

A "pandemia trumpista" e a vã sina do comentariado

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O propagandista Daniel Oliveira escreveu um texto intitulado de “Vai recomeçar a pandemia trumpista”. Ora, como todos bem sabemos, quando há pandemia também há vã sina. Neste caso concreto, será a mais do que previsível e desgastada vã sina dos comentadores e jornalistas que – por obra do diabo, perdão, por obra de Trump - passam a dizer tudo ao contrário do que disseram até agora. Tudo isto será feito com muito rigor, coerência, honestidade e intelectualidade. Ou seja, os habituais predicados de todos quantos têm lugar cativo na comunicação social.

Atentemos nalgumas das afirmações que o Daniel Oliveira escreveu:

Começa por referir que o maior impacto internacional da vitória de Trump não será nas guerras da Ucrânia e de Gaza, porque – acrescentou – as duas já se encaminham para um epílogo trágico. Disse ainda que “Trump só vai abreviar a tragédia”.

Relativamente a estas afirmações, convém começar por esclarecer o Daniel Oliveira de que aquilo que está a acontecer em Gaza não é uma guerra, é um genocídio, um massacre contra uma população totalmente indefesa. Um exército armado com armas, bombas e tecnologia de ponta contra um povo indefeso não é uma guerra, senhor Daniel Oliveira. Não misture o genocídio na Palestina com a guerra na Ucrânia, porque são duas situações completamente distintas. Logo de seguida, afirma que as duas situações já se encaminham para um epílogo trágico. Que estranho! Não foi o Daniel Oliveira que andou – desde Fevereiro de 2022 – a defender o envio de armas para a Ucrânia? Não sabia que, ainda antes de se ter dado a invasão russa, um conflito entre a Ucrânia e a Rússia só poderia ter o desfecho que está a ter? Por que razão defendeu um conflito absolutamente desnecessário, conhecendo-se de antemão todas as trágicas consequências que dele resultariam? O Daniel Oliveira defendeu tudo isso porque Trump não estava no poder. Agora que Trump vai voltar à Casa Branca, o Daniel já vai exigir que se acabe com a guerra na Ucrânia. Aliás, ele próprio assume que “Trump (só) vai abreviar a tragédia”. Bem, eu não sei o que diz o português do Daniel Oliveira. No meu português, abreviar uma tragédia que se encontra em curso há demasiado tempo é uma coisa boa.

O Daniel também escreveu que “na Ucrânia, a guerra está praticamente perdida” e que resta saber se com Trump, Putin decide ir mais longe. Hahaha! F%#/-se! C#*a&%o! Dêem-me só uns instantes para me recompor… É que esta é das mais hilariantes. Então, não foi o Daniel Oliveira que andou a berrar aos sete ventos que, depois de conquistar a Ucrânia, Putin iria seguir para a conquista dos países bálticos e, posteriormente, de toda a Europa e, por essas razões, era necessário parar Putin na Ucrânia? Foi ou não foi isto que ele andou a papaguear? Curiosamente, com o regresso de Trump, o Daniel passou a ter dúvidas acerca das intenções de Putin. E tenho a certeza que, caso a Rússia avance na conquista de mais território ucraniano – nem que seja um singelo centímetro – durante o reinado de Trump, isso constituirá razão mais do que suficiente para o Daniel pedir o impeachment de Donald Trump.

Um pouco mais à frente, o Daniel Oliveira suspira para que a Europa perceba que “os seus interesses são diferentes dos norte-americanos”. Uma vez mais, o Daniel só chega, agora, muito tardia e cirurgicamente a esta conclusão, porque Trump está de regresso ao poder. Se a Kamala tivesse vencido, o Daniel continuaria muito contentito a propagar a narrativa imperialista e pós-capitalista de Washington.

Depois, para parecer que é isento e que ataca os dois lados, o Daniel Oliveira diz que “Biden foi cúmplice do genocídio” (do povo palestiniano). Para logo insinuar que, com Trump, Netanyahu poderá ter carta-branca para anexar Gaza. Não senhor! Joe Biden não foi apenas cúmplice do genocídio, Biden foi (ainda é) um genocida activo e de primeira estirpe. Cúmplice no genocídio é o governo português. Agora, quando mais de 40 mil pessoas são chacinadas com bombas fornecidas por Washington e quando centenas de milhares de pessoas estão a passar a maior das misérias, decorrente das bombas americanas lançadas pelo exército “nazionista” de Israel, Biden não é apenas cúmplice. Biden é um dos maiores criminosos activos (penso que todos ainda se recordam de Biden ter dito que "se Israel não existisse, os EUA teriam de o inventar") e com responsabilidade directa nestes escabrosos crimes contra a humanidade. Mas isto que eu acabei de dizer é o que o Daniel Oliveira vai passar a propagandear, assim que Trump assuma o poder, claro.

E, obviamente, as alterações climáticas que, segundo o próprio Daniel Oliveira, já não havia muitas esperanças no seu combate, mas com Trump, ui, com o Trump vai ser muito pior. Com os “democratas” na Casa Branca e seus vassalos nas instituições europeias a produzir legislação “verde” que, como sempre, só serve para sugar e oprimir ainda mais a classe trabalhadora, e permitir que os “Bill Gates” façam milhões de milhas semanais nos seus aviões a jacto privados e que construam milionárias mansões, mesmo em cima da praia (quando os próprios afirmam que o mar está prestes a engolir a terra), isso é que seria bom e até motivo de esperança para o Daniel Oliveira.

O cartilheiro Daniel Oliveira não conseguiria acabar o seu pequeno texto sem voltar a atacar o Kremlin, que tanta comichão na barba lhe causa. Para o Daniel, o quartel-general da quinta coluna está em Moscovo e passará a ser partilhado com Washington. Bem, eu aconselhava o Daniel Oliveira a focar-se mais nos problemas que assolam o belo jardim do Éden que é a União Europeia. Focando-se mais em Bruxelas e menos em Moscovo, talvez o faça perceber por quem os sinos dobram.

Daniel Oliveira ainda teve tempo para dizer que, agora, só agora, os oligarcas da tecnologia estarão mais próximos da Casa Branca. Ora, que se saiba apenas Elon Musk estará ligado à administração Trump. Mas aquilo que todos deveríamos saber – principalmente, o “jornalista” Daniel Oliveira – é que os oligarcas das empresas tecnológicas sempre estiveram com o poder. Aliás, nunca estiveram tão entrelaçados com o poder, como estiveram no decorrer da administração Biden. Durante o período da pandemia e depois com a guerra na Ucrânia, nunca houve tanta censura, tanta perseguição, tanta propagação de mentiras e, até mesmo, despedimento de trabalhadores nas mais variadas empresas tecnológicas. Nessa altura, o Daniel Oliveira convivia muito bem com esse tipo de capitalismo e de “democracia”. E porquê? Porque o Trump não estava no poder.

É assim mesmo Daniel. Já só te falta mais meio mês para receberes mais uma prebenda “balsemónica”.