A relevante irrelevância dos U2
Ninguém duvida da relevância dos U2. A banda irlandesa é, por tudo aquilo que já fez, uma das mais importantes na história do rock. Álbuns como “The Joshua Tree” ou “Achtung Baby” são dois poderosos marcos históricos do Rock And Roll. Tounées como ZooTv ou PopMart são também dois grandes exemplos de como a banda não se limitou a inovar em estúdio.
Porém, há vários anos (e vários álbuns) que os U2 puseram de parte o seu lado mais inovador, tendo estacionado num estádio frívolo de criatividade musical. Desde o lançamento do álbum Pop (1997) que a banda não consegue surpreender, pelo menos a mim.
Agora, 20 anos depois de Pop e mais 4 álbuns de originais, os U2 confirmaram que vão lançar um novo álbum de originais, ainda este ano, com o nome “Songs of Experience”. O anúncio do lançamento de um novo álbum com este nome já havia sido feito em 2014, na altura em que lançaram o álbum “Songs of Innocence”, mas agora é a valer e os U2 acabam de dar a conhecer o single de apresentação do novo álbum, chama-se “You’re The Best Thing About Me” e pode ouvi-lo aqui. A banda já havia apresentado o tema “The Blackout” e também já andava a tocar ao vivo um outro tema que se chama “The Little Things That Give You Away”, portanto, já são 3 as canções do novo álbum que se conhecem.
E o que posso dizer sobre a experiência destas 3 canções? Posso constatar que os U2 continuam estacionados no parque da criatividade limitada. Dá a sensação que os U2 estão a competir com os seus imitadores ou, pior que isso, parece que estão consecutivamente a copiar deles próprios. Desde o final da década de 90 que os U2 estão completamente viciados em canções demasiado redondas, em álbuns virados para as vendas, para os êxitos fáceis e para a conquista de um público menos exigente. Os álbuns deixaram de ser arriscados e a banda passou a fazer as coisas muito certinhas e previsíveis, com canções monótonas que se confundem com as dos artistas mais popularuchos da actualidade. Falta ousadia e profundidade aos U2.
Como referi logo no início, os U2 têm uma relevância inquestionável no mundo da música, mas isso deve-se, sobretudo, ao que fizeram no século passado. Aquilo que têm produzido desde 2000 é incomparável com o que fizeram até então. Há quase duas décadas que os U2 são uma banda irrelevante no que respeita à inovação, à irreverência, ao experimentalismo e audácia. Os U2 estão estacionados e, ao que parece, bem acomodados na sua magnificente poltrona de uma, cada vez mais, relevante irrelevância.