Ai coitadinha da Simone Biles
Ai, coitadinha da Simone Biles, já não bastava ter nascido mulher e negra, ainda tem de lutar contra coisas tão difíceis como a pressão emocional.
Ai, só mesmo uma valente campeã para ter a coragem de parar antes de colocar em causa o seu bem-estar mental.
Ai, como ela é forte ao recusar carregar todo o peso mediático que ousam colocar sobre os seus ombros.
Tenham juízo. Não há nenhum atleta de alta competição que não sofra com a pressão emocional, porque isso é perfeitamente natural. Alguns conseguem lidar melhor com esse factor do que outros. É a vida.
Aliás, sob um ponto de vista mais abrangente, a pressão emocional faz parte da vida de todas as pessoas e, como dizia o outro, “pressão é não ter o que comer”.
Agora que a supercampeã não conseguiu lidar com a pressão e se acagaçou toda, temos de levar com uma data de choninhas que só agora descobriram que a Simone também é humana.
Aquilo que se viu foi uma superatleta a desrespeitar as suas colegas de equipa, o seu país e as suas adversárias – as russas - que, por sinal, tiveram um desempenho imaculado, vencendo a prova com toda a justiça. Mas delas ninguém fala. São umas campeãs de segunda categoria. Só venceram porque a pequena Simone se esqueceu que estava nos Jogos Olímpicos e decidiu fazer uma birrinha.
A Simone Biles tem todo o direito de se ir abaixo, de não aguentar a pressão e de se recusar a competir. Apenas devia tê-lo feito antes de aceitar participar nos Jogos Olímpicos e, assim, permitir que alguém com menos cagufa estivesse à altura de assumir a responsabilidade.