Ai, coitadinhos dos “senhores doutores”
No país dos “sim, senhor doutor”, a atitude da maioria das pessoas perante as greves realizadas pelas diferentes categorias de trabalhadores é uma verdadeira comédia. Ou será tragédia?
Se os camionistas fazem greve, "ai e tal, isto não pode ser assim. Há falta de produtos no supermercado. Esta gente não respeita ninguém."
Se os maquinistas ou os demais condutores de transportes públicos fazem greve, "ai e tal, isto é uma falta de respeito por quem trabalha. Eu tenho que apanhar o comboio/autocarro para chegar ao emprego… Como é que eu vou fazer?"
Se os trabalhadores da recolha de lixo fazem greve, "ai e tal, isto é uma vergonha. As ruas estão cheias de lixo. Que porcaria vem a ser esta? Parece um país do terceiro mundo…"
Se os professores fazem greve, "ai e tal, o governo tem que pôr os professores na ordem. Os professores não podem brincar com a vida das famílias. Onde é que eu vou deixar os meus filhos?"
Se os médicos fazem greve, "ai e tal, os senhores doutores têm muita razão. Se eles se queixam é porque algo não está bem. É preciso que o governo atenda às exigências dos senhores doutores, porque os senhores doutores têm sempre razão."
Os “senhores doutores”, provavelmente a classe de trabalhadores mais privilegiada deste país.