António Costa é um Primeiro-ministro morninho
São tantas as trapalhadas, as más decisões, as observações e reacções disparatadas – e eu tentei registar todas elas aqui no blog – que António Costa tem protagonizado nos últimos tempos, que eu julgava muito improvável voltar a ser negativamente surpreendido.
Então no que tem a ver com a gestão da situação pandémica, o Primeiro-ministro tem sido uma verdadeira nulidade, aliás, tem feito mais parte do problema do que da solução. Está sempre atrasado na implementação das medidas que são necessárias e sempre desfasado no discurso face à realidade, tal como quando decidiu aliviar as medidas restritivas na quadra natalícia.
Perante os números de contágio cada vez mais elevados, António Costa vem muito prontamente falar ao país para anunciar que “lá prá semana, depois da missa das 11h00, a gente decide o que fazer”. Portanto, como a reunião no Infarmed é só no dia 12 de Janeiro, o país (sobretudo o SNS) que vá aguentando os 10 mil ou mais casos diários. Isto não é novidade, foi assim desde o início. Costa e o seu governo andaram sempre a correr atrás do prejuízo.
Contudo, para não parecer que é um Primeiro-ministro que faz de conta, tratou de anunciar medidas já para este fim-de-semana, mas nada de diferente das medidas que já estavam em vigor. Mas, atenção, Costa voltou a fazer o aviso, aquele aviso que anda a ameaçar desde o desconfinamento em Maio – quando lhe apeteceu ir até à praia -, ou seja, que não se coibirá de adoptar “medidas de confinamento mais geral, como em Março”. No entanto, salientou que, caso avance para um confinamento mais geral, isso não implicará fechar as escolas.
O quê? O Primeiro-ministro considera avançar para uma espécie de confinamento geral, excepto fechar as escolas? É a ideia mais ridícula que já se ouviu desde o início da pandemia. As escolas deveriam ser as primeiras a encerrar, aliás, já deviam estar encerradas.
Costa pode vir com os putativos pareceres de técnicos e especialistas que bem entender – devem ser pareceres com a mesma validade que a célebre carta de recomendações da ministra da justiça – que não vai convencer ninguém de que as escolas não são um dos principais factores de disseminação dos contágios. Basta ver o que aconteceu duas semanas após o início do ano lectivo. E ainda tem o desplante de vir com artificialismos de que o primeiro período decorreu com absoluta normalidade, como se tivesse realizado testes massivos na comunidade escolar para se perceber o potencial de contágio que por lá existe.
O raciocínio do Primeiro-ministro em relação às escolas é: não se realiza testes, logo não há infectados, logo não há contágio. António Costa devia replicar esta sua postura de não realização de testes no resto do país, assim o número de infectados seria igual a zero e estaríamos num paraíso. Nem sei como ainda não se lembrou disso.
Qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe que as deslocações e ajuntamentos relacionados com as rotinas diárias da comunidade escolar são responsáveis por um elevado número de contágios.
Em Inglaterra, o Primeiro-ministro Boris Johnson também dizia que as escolas eram seguras, no entanto, já mudou de ideias e mandou encerrar as escolas. Também na Irlanda, na Alemanha, na Dinamarca, na Ucrânia, em algumas regiões de Itália, entre outros países, as escolas já se encontram encerradas, porque os técnicos e especialistas desses países consideram que os alunos e restante comunidade escolar são importantes vectores de contágio na comunidade.
Por cá, António Costa e a equipa de iluminados que o acompanha continuam a dar marradas na parede e a propalar mentiras. Seja má-fé ou incompetência, pouco importa, em ambos os casos é intolerável.