As ventosidades da comunicação social
A comunicação social portuguesa passou toda a semana a falar das eleições em Espanha, como se isso fosse um assunto importante para a maioria dos portugueses, algo que só vem confirmar ainda mais o facto de a comunicação social estar constantemente ao serviço de uma minoria que detém o poder e que os controla, para que eles possam controlar a opinião pública. É assim há muito tempo e em praticamente todos os assuntos.
Todas as “notícias” que foram dadas resultam sempre na mesma ideia (ou desejo), a de que Espanha vai “virar à direita” e, pasmem-se ou não, a ideia de que “a extrema-direita pode ser a solução”. Sim, foram estas as palavras que abriram o bloco noticiário à hora do almoço domingueiro, no canal com maior audiência em Portugal.
Mas a onda de entusiasmo à volta das eleições espanholas que invadiu a comunicação social portuguesa é transversal. Todos os órgãos de comunicação social abraçaram o desejo de que em Espanha se “vire à direita” e que se acolha a extrema-direita numa “solução” governativa. Assim, como quem não quer a coisa, já está dado o mote para mais uma campanha de propaganda sobre a opinião pública portuguesa, que visa normalizar a aceitação de um cenário idêntico em Portugal.
Nada disto é surpreendente. Uma comunicação social que há não muito tempo se uniu em bloco para exultar com a implementação de políticas fascistas e que, pouco depois, passou a celebrar e a idolatrar nazis, só está a dar seguimento à agenda de propaganda que tem pautado a sua actuação.
Dizem que de Espanha, “nem bons ventos nem bons casamentos”. Quanto aos casamentos não sei, mas os ventos que vêm de Espanha não são piores que as ventosidades diariamente expelidas pela comunicação social. Seguramente.