Bruno Lage merecia mais respeito
Toda a gente sabe que a vida de um treinador está fortemente dependente dos resultados da equipa, é uma lapalissada. E também sabemos que os últimos resultados da equipa do Benfica têm sido desastrosos para a ambição de voltar a vencer o campeonato.
Nestas circunstâncias, o mais comum é vermos rolar a cabeça do treinador, algo que acabou de acontecer a Bruno Lage. A questão que gostaria de salientar não é a saída de Bruno Lage, mas a forma como é forçado a sair com as culpas todas às costas.
Luís Filipe Vieira, que até há bem pouco tempo garantia que Lage era o treinador certo para o Benfica e que se iria manter, pelo menos, até ao final da época, andou, nos últimos dias, a avaliar a disponibilidade de uma série de treinadores para substituir Bruno Lage.
Agora, após a derrota na Madeira, nem sequer esperou por chegar a casa para tomar uma decisão. Não. Obrigou Lage a apresentar a demissão e tratou de o fazer logo no final do jogo frente ao Marítimo, numa tentativa de amansar o descontentamento dos adeptos e evitar uma chegada atribulada ao Seixal. Ninguém acredita que Bruno Lage apresentou a demissão espontaneamente, porque ainda na antevisão deste último jogo dizia que “não se sentia um treinador a prazo” e que “iria estar no banco até ao final do campeonato e na final da Taça de Portugal”.
Vieira demonstrou pouco respeito por Bruno Lage, ao impor a este a obrigação de se demitir e, principalmente por ter sido logo no final do jogo e na casa do adversário. Vieira fê-lo a pensar em si próprio, a pensar na sua recondução na presidência do Benfica, apesar de ter dito que a culpa de tudo o que se está a passar no Benfica é dele próprio e mais ninguém. Se estivesse a ser sincero, ter-se-ia demitido e não sujeitado Lage a este constrangimento.
Vieira sentiu-se à vontade para actuar desta forma porque conhece Bruno Lage e sabe que ele jamais colocaria qualquer entrave à sua saída. Lage é tudo o que Vieira não é. Lage é honesto e íntegro, é um treinador que sempre teve uma postura exemplar.
Esperemos que volte depressa ao activo, não apenas por ser um treinador competente, mas porque é de pessoas como Lage, cordial e educado, que o futebol português precisa.