Ciência não é opinião. Ou é?
Se a ciência se produz com base em meras opiniões, então somos todos cientistas e não sabíamos. Sim, porque o facto de algumas opiniões contingenciais emanarem de cientistas (e outros que se gostam de fazer passar por), isso, por si só, não é suficiente para ser considerado como um acto científico ou, num sentido mais abrangente, de ciência propriamente dita.
Se é verdade que um cientista é um ser humano como todos os outros, e que padece de todas as idiossincrasias tal como todos os seus semelhantes, também não é menos verdade que um cientista só produz conhecimento científico (ciência) quando esse conhecimento está devidamente sustentado em factos irrefutáveis.
Ora, o decurso da história científica já nos demonstrou, por demasiadas vezes, que aquilo que hoje é verdade amanhã é mentira, como se estivéssemos a discutir futebóis.
Então, nos últimos tempos, temos ouvido a comunidade científica atestar tudo e o seu contrário, sustentando as suas contraditórias conclusões em centenas de artigos científicos, publicados nas mais reputadas revistas científicas. Estudos científicos que pululam como coelhos, de todas as cores e tamanhos.
Em sua defesa, os cientistas alegam que a ciência se faz assim mesmo, isto é, com inúmeros estudos que buscam o conhecimento científico, mesmo que se contradigam. Certo, concordo com a parte de que o conhecimento científico deve ser constantemente perseguido e posto em causa. Aliás, aquilo que mais aprecio num cientista é a sua capacidade para colocar questões e tentar encontrar respostas. O que eu não posso aceitar é que apareçam, numa base quase diária, um manancial de estudos científicos cujas conclusões contrariam os estudos do dia anterior.
A ciência faz-se sustentada em factos e, por essa razão, não pode ser uma coisa hoje e manhã outra completamente diferente, porque os factos não se alteram assim tão rapidamente. Infelizmente, temos testemunhado uma ciência com muito pouca consciência.