Como se faz a propaganda?
A propaganda não se inicia nos chamados “trolls” das redes sociais. A propaganda inicia-se – sempre – nas instituições do poder que, de seguida, tratam de disseminar a sua narrativa através de um bando de montes de esterco mal engalanados, que eles colocam nos meios de comunicação social tradicionais. Os “trolls” não são o maior problema na cadeia de propaganda, aliás eles são, na sua maioria, as maiores vítimas dessa propaganda. Os “trolls” limitam-se a papaguear duas ou três frases que ouviram ou leram e que conseguiram reter (tal é a dose diária de propaganda), através da comunicação social e seu rebanho de prostituídos.
Vejamos mais um exemplo do que é um monte de esterco mal engalanado, com assento cativo na comunicação social. Pedro Marques Lopes é um dos comentadores do programa Eixo do Mal, da SIC Notícias. Reparem que se trata de um programa de comentário sobre a actualidade, onde estão quatro comentadores a papaguear a mesma opinião, a mesmíssima orientação de “pensamento”. Por que razão é necessário contratar quatro comentadores, se eles falam a uma só voz? Ficaria muito mais barato ter apenas um. A questão é que o Sr. Balsemão sabe que para a propaganda surtir efeito em larga escala, é necessário fazer de conta de que há pluralidade de opiniões, fazer de conta que há contraditório, fazer de conta que há liberdade de expressão, fazer de conta que há democracia. Só assim, a propaganda vai conseguir conquistar a maioria dos receptores, que ao constatar que quatro comentadores dizem exactamente a mesma coisa, é porque é realmente verdade. Claro que, de vez em quando, eles fingem que discordam em alguma coisa, para ludibriar a audiência e promover a ideia de que propagam uma opinião isenta. Ora, quando estão todos de acordo – que é quase sempre –, a maioria das pessoas que os ouve vai pensar que “só pode ser verdade”.
Portanto, os maiores culpados pela propaganda mentirosa e criminosa, aqueles que disseminam desinformação e que conspurcam o espaço dos fazedores da opinião pública, são esse enorme bando de montes de esterco mal engalanados, pois são eles que instruem e arrastam a maioria dos “trolls”. São eles que fazem a chamada “opinião pública”. Por isso são tantos e muito bem pagos. Alguns deles ganham muito mais do que os governantes, vejam bem. Porque as elites do poder que pretendem - a qualquer custo – controlar tudo e todos, pagam em função do alcance do arrebanhamento. Certamente, ninguém duvida que um Marques Mendes arrebanha muito mais gente do que um Nuno Melo.
Voltemos ao monte de esterco mal engalanado, Pedro Marques Lopes (PML). No último programa Eixo do Mal disse tanta porcaria, tanta mentira em tão pouco tempo, que vale a pena dissecar, só para comprovar o grau de servilismo degradante do indivíduo em causa. Então, vejamos: (a reposição da verdade, a azul).
PML disse que “o mundo até estava num caminho bom, eu achava que ia correr bem, mas não, isto vai correr muito mal… nós estamos no limite de termos uma guerra ou pior do que uma guerra, de sermos tornados quase escravos… a democracia liberal está completamente a acabar (há o estertor da democracia liberal) … quer se queira quer não nós dependíamos bastante, em muitos sítios do mundo – com todos os disparates que fez, com todas as barbaridades que fez – dos EUA para defender a democracia liberal.”
Portanto, segundo PML “o mundo até estava num caminho”. Seguramente que no “mundinho” em que vive PML está tudo a correr bem. A inflação não o afecta, a subida das taxas de juro também não, o aumento dos combustíveis e da energia muito menos, ele não tem que esperar horas se tiver que ir a um serviço de urgência, ele terá (pelo menos uma) casa muito confortável e toda a sua família goza de “boa vidinha”. Porque o PML é muito bem pago para mentir e disseminar propaganda da pior espécie. Como possui um nível de rendimento privilegiado, o seu “mundinho” é um lugar encantado.
E depois, basta atentar nas expressões que estes papagaios repetem até à exaustão, tais como “democracia liberal”. E diz ele que “nós dependíamos bastante dos EUA, para defender a democracia liberal”. Ah, como os PMLs desta vida adoram a dependência que nós temos dos EUA. O que representa algo muito abonador para a qualidade da soberania e da democracia europeias.
Disse também que, “agora os EUA já mataram a democracia liberal… nunca nenhum presidente numa democracia liberal conseguiu destruir as mais básicas instituições: o desrespeito pelos checks and balances é completo, já tivemos o anúncio de que pessoas que fizeram um golpe de estado (6 de Janeiro)… mataram gente… vão ser todos tolerados…”.
Na realidade, aquilo que os EUA tiveram, nos últimos quatro anos, foi um Presidente demente, totalmente desacreditado pelo seu próprio partido e, já depois de haver um novo Presidente eleito, a livrar criminosos como o seu próprio filho (Hunter Biden) ou Antony Fauci, com perdões preventivos – notem bem – perdões preventivos. Que tipo de pessoa inocente necessita de um perdão preventivo? Que tipo de inocente necessita que se impeça uma investigação à sua conduta?
O patético PML afirma que “mataram gente” e que houve um “golpe de estado”, a 6 de Janeiro de 2021. É preciso não ter um único resquício de dignidade para mentir com tanta desfaçatez. No dia 6 de Janeiro de 2021, aquando da manifestação junto ao Capitólio, faleceram cinco pessoas. Destas cinco pessoas, nem todas faleceram no próprio dia. A única pessoa assassinada, foi um dos manifestantes que foi abatido pela própria polícia do Capitólio. Houve também um polícia que acabou por falecer no dia seguinte, mas por causas naturais. Houve uma pessoa que morreu de overdose. E mais duas que também faleceram de causas naturais. Mas o PML disse que os algozes de Trump andaram no Capitólio a “matar gente”.
Quanto ao “golpe de estado”, enfim, nem para rir serve essa patranha. Não houve nenhum golpe de estado, nem sequer uma tentativa. O que houve foi um bando de pessoas a protestar contra um resultado eleitoral, cuja esmagadora maioria se comportou de forma ordeira e no estrito respeito pela lei. Milhares de horas de imagens captadas pelo serviço de videovigilância do Capitólio mostram o quão pacíficas e ordeiras foram as pessoas que “invadiram” o Capitólio. Claro que, inicialmente houve alguns excessos, que levaram ao arrombamento de portas e janelas partidas, algo que acontece em muitas outras manifestações e que foram actos praticados por apenas meia dúzia de pessoas. Nada de grave. Mas essas imagens, cirurgicamente recortadas e replicadas até à exaustão, acompanhadas de uma narrativa falaciosa por tudo que é “jornalista” e comentador avençado, levou a maioria dos crentes a acreditar que o dia 6 de Janeiro de 2021 foi o mais negro dia da história dos EUA.
PML ainda referiu – em relação ao fim da “democracia liberal” – que “isto não é de agora, porque Trump já tinha ameaçado antes, (no primeiro mandato)”.
Portanto, PML volta à repetição do bordão “democracia liberal”. Supõe-se que se estava a referir àquela que persegue e despede pessoas porque não tomaram uma vacina, que persegue a classe trabalhadora e ataca os sindicatos como nunca nenhum outro governo havia feito, a democracia liberal que ataca os seus próprios “aliados” (gasodutos Nord Stream), que fomenta guerras em várias partes do globo (Ucrânia e Médio Oriente), que ainda tenta uma confrontação mais feroz com a China, via Taiwan. Entre muitas outras manias imperialistas.
Pouco depois, PML afirma que “curiosamente, em termos económicos, até nisso Trump tem sorte, porque os EUA vivem um período de crescimento económico forte, a inflação a baixar muito, o crime a reduzir, tudo coisas que foram conseguidas pelo Joe Biden”.
Ahahaha! Crescimento económico? Forte? PML alucinou de vez. Chama-se a isto não ter um único poro de dignidade nas ventas. Como é que este indivíduo se senta à mesa com a família, sem se sentir um tremendo de um monte de esterco, que não é digno de se lambuzar nem na pia dos porcos? Tal a quantidade de mentiras que propaga na opinião pública. Inflação a baixar muito? Outra enormíssima mentira. A inflação não está “a baixar muito”, mesmo com os dados económicos fabricados em favor da administração Biden. Crime a reduzir? Nunca a criminalidade esteve tão elevada (só a título de exemplo, nunca antes se havia assistido a uma execução sumária de um CEO, em plena via pública) e, já agora, nunca houve tantos pobres, tanta população sem-abrigo e tanta gente sem acesso a cuidados de saúde. Isto é que são tudo coisas conseguidas por Joe Biden, ou melhor, incrementadas por Joe Biden.
A inflação nos EUA está em níveis elevados, existem ainda as dívidas do consumo através de crédito, que duplicou no último ano (2024), a economia americana caiu face ao crescimento dos BRICS (é só consultar as taxas de crescimento apresentadas pelo próprio FMI, uma instituição ocidental). A economia dos EUA cresceu? Sim, cresceu 2,8%. Mas a China cresceu 4,8%, a Índia cresceu 7%, o que significa uma enormíssima diferença na velocidade do crescimento entre a China e seus principais aliados, face aos EUA e seus aliados. Até a Rússia cresce mais do que os EUA. Logo a Rússia, que os EUA e seus vassalos garantiam que iria cair em desgraça, com mais uma guerra fabricada em Washington.
A administração Biden pode ainda gabar-se das centenas de milhares de milhões de dólares atirados para a guerra na Ucrânia, ou seja atirados para o complexo militar-industrial, via Ucrânia. Uma guerra completamente perdida. O mesmo se efectuou em relação a Israel, com muitos mais milhares de milhões de dólares a apoiar um genocídio. Quando em Los Angeles não há água, nem meios para apagar incêndios. Só a título de exemplo.
Há ainda a registar o aumento das tarifas, 100% nas importações de veículos eléctricos chineses. Recordemos que a luta pela transição de veículos a combustão para eléctricos começou há cerca de 15 anos e, apesar de haver um bilionário norte-americano muito conhecido, que teve muito sucesso na fabricação e venda de carros eléctricos, a China vai muito à frente nessa competição (com os BYD, considerados os melhores carros eléctricos do mundo e com preços bem mais interessantes para os consumidores). Estas tarifas, aparentemente para proteger a economia americana e os postos de trabalho, na verdade têm um efeito muito perverso e contrário aos interesses da economia norte-americana e, sobretudo, na defesa dos postos de trabalho.
Biden também atacou os sindicatos e os direitos dos trabalhadores e – pasmem-se – até atacou os imigrantes. Tudo coisas boas conseguidas pela administração Biden, não haja dúvidas.
PML ainda teve tempo para falar no ataque que Trump faz à Gronelândia, referindo que “é um ataque onde se diz perfeitamente que a NATO morreu, ou se não está morta vai ser adormecida completamente, porque é um país da NATO”.
Se PML entende a NATO como uma organização de defesa e de manutenção da paz, então – como ele aprecia dizer – eu tenho uma novidade para lhe dar: a NATO NUNCA existiu nos termos a que se propôs e que tantos patetas – como ele – apregoam. A OTAN é uma organização terrorista – sempre o foi – que só tem como objectivo criar e fomentar guerras, para servir os desejos do Complexo Militar-Industrial e as pretensões imperialistas de Washington. A OTAN sempre foi o braço armado de Washington, que tem como único objectivo fomentar a economia de guerra.
Diz PML (sem nenhuma vergonha na tromba): “É o desrespeito total pelo direito internacional”.
Onde estava e está o direito internacional na invasão do Afeganistão, na invasão do Iraque, na invasão da Síria, no genocídio na Palestina, no golpe de estado na Líbia, no golpe de estado na Ucrânia, nas tentativas de golpe de estado na Venezuela (aqui Trump também o fez, no primeiro mandato), nas intromissões nos assuntos internos da China (Taiwan), em todos os outros sítios, até mesmo na Europa (na Bósnia dos anos 90) e, mais recentemente, no brutal ataque – o maior de sempre – a uma infra-estrutura industrial/económica essencial à economia da Europa (gasodutos Nord Stream). E aqui nem sequer se trata de apenas desrespeitar o direito internacional, trata-se, antes de tudo, de defecar na boca de um “aliado”, para o subjugar ainda mais. E este pateta ainda tem a puta da lata de falar em desrespeito pelo direito internacional.
PML ainda teve tempo para assumir que não é de esquerda nem de direita. E ainda suplicou para que lhe explicassem o que é ser wokista ou woke.
Sem surpresa, nenhum dos seus correligionários de propaganda “facho-balsemónica” teve a coragem de lhe explicar o que é ser wokista ou woke. E era tão fácil, estava mesmo ali à mão, já que é típico dos wokistas dizerem que “não são de esquerda, nem de direita”. Algo que ele tinha acabado de afirmar. Ser wokista é, acima de tudo, querer fazer-se passar por aquilo que não se é. Mais recentemente os wokistas tendem a dizer que não são de esquerda, nem de direita. Apregoam que estão no centro, que pertencem ao grupo dos “moderados”. Para mais facilmente arrebanharem apoiantes para a sua nojenta causa.
Terminou a dizer que o “Trump quer fazer uma revolução”.
É preciso ser mesmo um verme sem qualquer tenacidade nos tecidos, para dizer que Trump é um revolucionário. Trump não poderia ser menos revolucionário, Trump é um reaccionário e um conservador.
Se gosta de propaganda (da "boa") ou se gosta de se rir com ela, não perca o programa Eixo do Mal. O próximo é já esta noite.