Condecorações? Por mim acabavam todas
Querem retirar as condecorações a Berardo, que foi nomeado comendador por Ramalho Eanes e, mais tarde, distinguido com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, por Jorge Sampaio. Agora, só agora, parecem ter chegado à óbvia conclusão de que Berardo não é merecedor de tais distinções honoríficas.
Anteriormente, a idoneidade de outros agraciados da República também havia sido posta em causa, nomes como Armando Vara e Zeinal Bava, por exemplo.
Pois bem, eu também sou a favor da retirada das condecorações a estes senhores. Contudo, não aprecio a típica e fastidiosa mania que os representantes do poder político têm para resvalar na superfície das coisas. Por mim, acabava-se de vez com todas as condecorações e distinções honoríficas, desde logo, porque entendo que são contrárias ao Princípio da Igualdade, aquele que fica sempre tão bonito nos discursos dos políticos. E na Constituição também. Mas, acima de tudo, porque aqueles que costumam receber distinções são os que menos as merecem, enquanto os verdadeiros e desconhecidos heróis deste país jamais receberão um digno agradecimento.
Se passássemos a pente fino a vida de todos quantos foram condecorados pela República, rapidamente concluiríamos que a maioria não é merecedora de qualquer distinção honorífica, muito pelo contrário. O que me leva a questionar àqueles que defendem as condecorações, se não deveria também existir uma lista de títulos honoríficos para os que depravam e envergonham o Estado. Sei lá, algo mais adequado. Por exemplo, poderiam criar o título da Grã-Cruz da Ordem do Chico-Espertismo, ou a Grã-Cruz da Ordem do Mérito da Aldrabice.
É óbvio que o futuro se encarregará de por em causa a idoneidade de mais uns quantos agraciados da República (outros escaparão incólumes), mas até lá, outros tantos verão os seus nomes figurarem nesse restrito rol de predestinados.
E é assim a vidinha. Mais uma moedinha, mais uma voltinha. E fica tudo na mesma.