Costa à Esquerda vs. Costa à Direita
Quem tem estado atento aos debates para as Legislativas certamente notou que existe um António Costa à Esquerda e outro António Costa à Direita. Há um António Costa que pinta um país de negro, quando está a debater com partidos de Esquerda, e depois há outro António Costa que pinta um país de cor-de-rosa quando está a debater com a Direita.
A debater com a Esquerda, Costa diz que “não pode proceder ao aumento extraordinário das pensões porque está a governar em duodécimos”, algo que não corresponde à verdade. Ou ainda, “nós temos que recuperar a economia, recuperar a sociedade, recuperar as feridas que esta crise brutal deixou no sector da cultura, no sector da restauração, na vida geral em sociedade”.
Quando debate com a direita, Costa pinta um país das maravilhas, que está melhor do que antes do início da pandemia, com “menos desemprego”, “mais exportações” e belas projecções de “crescimento económico”.
E no embalo deste movimento perpétuo de chicana política, António Costa pede uma maioria absoluta – o caminho mais curto e eficaz para ir ao pote -, mas não deixa de lado a possibilidade de voltar a fazer acordos à Esquerda e até também já admitiu essa possibilidade à Direita. Ou seja, Costa admite todos os cenários, algo que para uns demonstra a sua capacidade de diálogo e de estabelecer pontes, quando na verdade apenas revela a verdadeira intenção de António Costa – a de que só está interessado em encontrar um qualquer caminho que lhe permita manter-se no poder. Apenas isso.
Na verdade é o mesmo António Costa de sempre. Para uns poderá ser (ou parecer) um político multifacetado, para mim é um político com duas caras. E políticos destes não são merecedores de confiança.