Covid-19: o maior problema é a irresponsabilidade
O número de contágios da Covid-19 tem vindo a aumentar um pouco por toda a Europa e Portugal não é excepção. A uma semana da abertura das escolas, o Governo diz que o país está preparado e acredita que vai correr tudo bem. Pois eu não tenho a menor dúvida de que vai correr mal, porque a questão que se coloca agora é a mesma que se colocava antes, isto é, o cumprimento das regras que evitam ou reduzem o contágio.
Se até agora os casos não aumentaram abruptamente será, provavelmente, porque os principais ajuntamentos de pessoas decorreram em espaços ao ar livre, mas, ainda assim aumentaram. Imaginem, agora, o que acontecerá quando milhares de pessoas se agruparem em espaços FECHADOS.
Como pode o Governo e as autoridades de saúde obrigar ao uso da máscara apenas a partir do 2.º ciclo? É precisamente no primeiro ciclo que o risco é maior. Quanto menor a idade dos alunos maior a probabilidade de não conseguirem respeitar o distanciamento, de não deixar de partilhar objectos e alimentos e de não cumprir as regras de etiqueta respiratória, nomeadamente tossir e expirar para o antebraço. Portanto, os alunos mais velhos, aqueles que têm maior facilidade em compreender a situação estarão obrigados ao uso da máscara, aqueles que têm menor capacidade de cumprir as regras não têm que usar máscara. Já se está a ver no que vai resultar.
Se entendem que é difícil para os mais novos estar na escola (várias horas) com a máscara, então encontrem outra solução, porque aquilo que está previsto vai conduzir indubitavelmente à disseminação massiva do vírus. E se não há outra solução, então, mantenham as aulas não presenciais para as crianças do 1.º ciclo.
Em vários países europeus, várias escolas tiveram que encerrar pouco depois da reabertura. Nalguns países foram os próprios pais que impediram os seus filhos de ir à escola, porque os casos de contágio começaram a aumentar. Aqui vai acontecer o mesmo, porque as entidades (ir)responsáveis, bem como muitas pessoas (ir)responsáveis não aprenderam nada com o período de confinamento.
Nada mudou desde Março/Abril até agora, no que ao vírus diz respeito. A situação face ao contágio e seus efeitos mantém-se inalterável. Será muito difícil antever o que vai acontecer quando as pessoas voltarem a concentrar-se em locais fechados, muitas vezes sem máscara e no período de Outono/Inverno que, como sabemos, é propício ao aumento de episódios de enfermidade, nomeadamente doenças respiratórias?
Se o uso da máscara fosse SEMPRE obrigatório, até mesmo em espaços ao ar livre, principalmente na época que vamos entrar, os casos de contágio não aumentariam significativamente, com toda a certeza. E ainda teríamos a vantagem de reduzir também a disseminação de outras doenças respiratórias, como a gripe.