Crimes em plena televisão pública
Há muito, muito tempo que a comunicação social se dedica ao mais depravado jornalismo prostituído. Mas o nível de prostituição do jornalismo e do comentário é, agora, de tal forma flagrante, que atingiu um nível de criminalidade impensável. Sim, o jornalismo dos dias de hoje é um crime. E que passa incólume, como se vivêssemos numa república das bananas (ou dos bananas), num estado sem direito e onde o Ministério Público, bem como a Entidade Reguladora para a Comunicação Social fazem as mais ridículas figurinhas de corpo presente e/ou de simples sugadores de uma qualquer teta do poder instituído.
Nem os canais públicos escapam à mais depravada propaganda. Hoje, no canal RTP3, um tal de João Annes (mais um tacho que o sistema pariu), em representação do Observatório de Segurança e Defesa da SEDES (organismo criado pela “outra senhora”), proferiu uma série de mentiras, incontestadas pelo “jornalista” de serviço e corroboradas por um outro “jornalista” da casa. E tudo isto passou como se fosse normal e sem qualquer consequência para os envolvidos.
No dia em que se inicia mais um cessar-fogo em Gaza, já se percebeu que a propaganda “nazionista” ganhou um novo fôlego, até mesmo aqui em Portugal, algo que só vem comprovar que as suspeitas de que o cessar-fogo não será respeitado têm razão de ser.
Esse João Annes – mais um FdP (Fanático da Propaganda) com cara de demente – disse que seria muito importante ouvir o que os reféns israelitas que vão ser libertados pelo Hamas têm para dizer, acerca do tempo que passaram em cativeiro. Esse FdP disse – antecipando a propagação da cartilha “nazionista” – as mulheres vão testemunhar que foram muito mal tratadas, que foram violadas e que – notem bem – muito provavelmente até tiveram filhos dos “terroristas” do Hamas.
Baseado em que factos é que um FdP desta estirpe propaga tal mentira na televisão nacional?
Aquilo que nós sabemos é que quem viola as mulheres e crianças de Gaza são os “nazionistas” israelitas. São factos comprovados pelos verdadeiros jornalistas que se encontram em Gaza e na Cisjordânia. Comprovados também por várias ONGs e outras associações humanitárias que se encontram no local. Os poucos jornalistas que estão em Gaza são jornalistas a sério, dignos desse título, não são como estes montes de esterco que mais não fazem do que se sentarem confortavelmente nas suas cadeiras encardidas, nos seus estúdios com ar-condicionado que ficam a milhares de quilómetros de distância, e a partir dos quais regurgitam a propaganda mentirosa, criminosa e genocida made in Washington e Tel Aviv.
Este pateta ainda acrescentou que há portugueses entre os reféns, e que importa saber se vão ser libertados na primeira troca de prisioneiros. Portugueses? São tão portugueses quanto ele é honesto, inteligente e credível. A nacionalidade não se compra. E nenhum país verdadeiramente sério, digno e soberano vende a sua nacionalidade. Pois foi isso que aconteceu e ainda acontece, ou seja, o governo de Portugal vende comprovativos de nacionalidade portuguesa, a troco de meia dúzia de patacos ou a troco do tráfico de influências e, claro, por mero servilismo aos imperialistas facho-capitalistas.
E também não teve nenhuma vergonha na cara em vomitar a asquerosa e criminosa propaganda “nazionista”, ao dizer que o Hamas exige a troca de algumas dezenas de reféns, por milhares de prisioneiros palestinianos que se encontram nas prisões israelitas. Este FdP e outros como ele, deveriam começar por esclarecer a razão pela qual os “nazionistas” aceitam trocar largas centenas de prisioneiros por apenas umas parcas dezenas de reféns. Aceitam por duas razões essenciais; uma tem que ver com o facto de acharem que uma vida israelita vale tanto como várias vidas palestinianas; a outra tem a ver com o facto de esses prisioneiros palestinianos estarem encarcerados nas prisões israelitas – há muito mais tempo – e sem qualquer razão para tal, apenas porque se atreveram a defender o que é deles, a defender as suas terras, as suas casas, as suas vidas. Saliente-se que muitas das pessoas palestinianas que estão presas em Israel são crianças. Mas este energúmeno diz que são terroristas.
Eu sugiro que as pessoas prestem atenção no aspecto físico dos reféns libertados pelo Hamas e dos prisioneiros libertados por Israel. Só isso já é bem demonstrativo do tratamento que cada uma dessas pessoas teve, durante o tempo que estiveram detidas. E, se quiserem, podem já antecipar aqui, as devidas diferenças.
Portanto, em plena estação pública de televisão, um indivíduo – supostamente entendido na matéria – a propagar as mais criminosas mentiras sobre o que se passa em Gaza e em Israel. A servir desavergonhadamente os interesses imperialistas e genocidas, borrifando-se completamente para o Direito Internacional ou para a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Logo ele, que está a comentar na qualidade de representante de uma associação que apregoa estar sustentada na defesa dos valores do humanismo e da democracia.
Mas que bando interminável de FdP.