E você, já tem o seu certificado anti-Putin?
Daniil Medvedev - número um do ranking ATP – foi informado de que não poderá participar no torneio de ténis de Wimbledon, a não ser que denuncie publicamente as acções de Vladimir Putin assegurando que não é apoiante do Presidente russo.
Vejamos, aquilo que nós ouvimos dizer de Vladimir Putin - em todo o lado e a toda a hora – é que se trata de um ditador, um facínora que manda perseguir, prender, torturar e até liquidar todos os seus concidadãos que ousem protestar contra as suas decisões. Eu não sei se isto é verdade, apenas sei que ouço esta narrativa em todo o lado. Ora, como é possível que aqueles que garantem que Putin é tudo o que acabei de referir venham exigir aos cidadãos russos que denunciem publicamente o seu Presidente? Isso não seria o mesmo que assinar uma sentença demasiado pesada? Até de morte, segundo eles próprios?
Esta é mais uma insanidade que vem colocar a narrativa da invasão na Ucrânia no mesmo patamar de insanidade que se verificou na pandemia – agora esquecida. Se bem se lembram, Novak Djokovic também foi impedido de participar no Open da Austrália, apenas por não se encontrar vacinado. Aliás, Djokovic continua impedido de participar em vários torneios, tendo até deixado de liderar o ranking ATP por essa razão. Como sabemos, as vacinas não impedem as pessoas de continuar a contrair o vírus, nem de continuar a propagá-lo.
Portanto, a situação é a mesma. As pessoas são impedidas de continuar as suas carreiras, apenas porque não estão alinhadas com a opinião ou a “moralidade” do poder estabelecido. E quem não obedecer tem que ser punido. É assim que funcionam os sistemas fascistas e ditatoriais.
Ora, sendo a invasão da Ucrânia o novo “prato do dia”, e parecendo a pandemia uma história longínqua, é bem possível que os certificados de vacinação contra a Covid-19 passem a dar lugar aos “certificados anti-Putin”. E quem não tiver o certificado digital anti-Putin, não entra no clube das pessoas exemplares, que fazem deste mundo um lugar maravilhoso.
Há muito tempo escrevi que os certificados de vacinação eram, de facto, um precedente muito perigoso, por se tratar de uma medida completamente inócua em termos de saúde pública e, simultaneamente, brutalmente violadora dos direitos e liberdades de determinados cidadãos. E estranhei muito que aqueles que estão sempre a ligar as sirenes e a berrar muito alto acerca dos perigos dos precedentes – a brigada dos precedentes – não terem dito nada, na altura. Muito pelo contrário, apoiaram cegamente essa medida. Agora, temos a imposição – ainda que virtual, por enquanto – dos certificados anti-Putin.
Continuemos a assistir a toda esta insanidade, como se fosse normal, e um dia destes a imposição (ou inquisição) vai bater à porta de cada um de nós.