Falem com o Carlos Queiroz
Na primeira conferência de imprensa no Catar, Carlos Queiroz - seleccionador do Irão – não se acobardou perante um representante da comunicação social ocidental.
A dada altura, um “jornalista” da Sky perguntou a Carlos Queiroz se este se sentia bem a representar um país como o Irão, que reprime os direitos das mulheres? Por seu turno, Queiroz retorquiu perguntando ao jornalista: “Para que canal trabalha?” e “Quanto me paga para responder a essa pergunta?”. Visivelmente incomodado – e com razão –, Queiroz levantou-se e abandonou a sala de conferências de imprensa, sem antes deixar um conselho precioso ao autómato da Sky, dizendo-lhe que “começasse a pensar sobre o que aconteceu aos imigrantes em Inglaterra”.
É óbvio que aquilo que Carlos Queiroz disse – ironicamente – foi que a empresa para a qual o jornalista trabalha, não está minimamente interessada em fazer jornalismo, muito menos preocupada com os direitos das mulheres iranianas. Trata-se apenas de mais um órgão de comunicação social ao serviço do poder estabelecido, que tem como objectivo incendiar e desestabilizar os países que consideram seus inimigos e, claro, fazer muito dinheiro com isso.
O “jornalista” da Sky não só deveria seguir o conselho de Carlos Queiroz, como ainda deveria ir mais longe e indagar sobre o tipo de regime democrático vigente no seu país. Poderia começar por explicar como é que numa democracia como a britânica, os profissionais de saúde são perseguidos e demitidos, apenas porque recusaram as vacinas contra a Covid-19. É só mais um exemplo.
O “jornalista” da Sky cumpre bem a missão de apontar os defeitos dos outros países para esconder os do seu próprio país e seus semelhantes ocidentais, mas desta vez não teve sorte. O Carlos Queiroz não deu para o seu peditório.
Como disse o outro, em 2010, “falem com o Carlos Queiroz”.