Gouveia e Melo precisa de conversar mais com o coordenador da task force
O senhor vice-almirante Gouveia e Melo disse, numa entrevista à Renascença e ao Público (não sei como é que esta gente arranja tempo para tantas entrevistas), que “é preciso começar a vacinar por idades e não por ‘grupinhos’”.
Portanto, Gouveia e Melo, na qualidade de figura mediática muito entrevistada disse à comunicação social e ao país, aquilo que o coordenador do Plano de Vacinação contra a Covid-19 – que só por coincidência é ele próprio - deveria fazer.
Ora, importaria sobremaneira que o senhor vice-almirante nos explique melhor o que entende por “grupinhos”. Será que se estava a referir-se aos grupinhos dos profissionais de saúde, do pessoal das forças armadas, dos residentes em lares, das pessoas com mais de 80 anos, das pessoas com doenças graves ou, estaria a referir-se apenas aos professores e pessoal não docente que foram integrados na lista de prioritários? Convinha mesmo que o senhor vice-almirante esclarecesse o que quis dizer com “grupinhos”? Até mesmo, para que o senhor coordenador da task force possa, também ele, ficar esclarecido e assim tomar melhores decisões.
Outra questão importante tem a ver com o facto de Gouveia e Melo ter referido que “não faz sentido ficar a maior parte da população à espera que se vacine os grupinhos todos e acumular vacinas que poderiam estar a dar protecção a pessoas”.
Como assim? Eu julgava que havia um défice muito elevado de vacinas. Aquilo que tem sido dito pelas autoridades é que só não temos mais pessoas vacinadas em Portugal porque não existem vacinas suficientes. Vem agora o vice-almirante Gouveia e Melo e diz que se está a acumular vacinas que poderiam estar a ser aplicadas?
E se por acaso, os “grupinhos” a que se refere Gouveia e Melo ainda não se encontram vacinados, provavelmente deve-se a alguma descoordenação na elaboração e implementação do Plano de Vacinação contra a Covid-19.
Lá está. Seria mesmo muito importante que o senhor vice-almirante Gouveia e Melo, ao invés de se entreter em entrevistas, conversasse mais com o coordenador da task force do Plano de Vacinação, pois é notória a falta de comunicação entre eles.