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Contrário

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RAPIDINHA

Sempre a confundir a realidade com a ficção. A estratégia de "hollywoodização" nunca esteve tão agressiva. Tem resultado bem, junto da maioria da carneirada.

Jair Bolsonaro já era

Quem viu ou leu as notícias sobre o “ataque” a Jair Bolsonaro, o candidato do PSL à presidência do Brasil, fica com a sensação que aquele pobre e bom homem não merecia uma coisa destas. O próprio Bolsonaro, que numa hora estava às portas da morte, já a atravessar o famoso túnel, na hora seguinte já estava a falar para as câmaras e a lamentar-se que “nunca fez mal a ninguém”.

 

Para quem não conhece Bolsonaro, e eu sou dos que têm imenso prazer em não conhecer, basta conhecer as ideias que defende para poder saber o que tipo de peça que ali está. Bolsonaro disse, entre outras pérolas, que Pinochet devia ter matado mais gente, que preferia que os filhos morressem num acidente do que serem homossexuais, que não corria o risco de ter um filho a relacionar-se com uma mulher negra porque lhes deu uma boa educação, que defende a execução de presidiários, que defende actos de violência contra quem é homossexual, que as mulheres grávidas devem ganhar menos, que as mulheres merecem ser violadas, que pretende fuzilar os petralhas, que é a favor da tortura, que defende a esterilização dos pobres porque, ao contrário dos ricos, eles não param de ter filhos.

 

Por tudo isto e à luz do pensamento do próprio Bolsonaro, é perfeitamente legítimo que muitos possam afirmar que foi uma pena ele não “ter empacotado” já.

 

Na verdade só não empacotou porque não era essa a intenção. O plano parecia ser o de simular um atentado, para fazer subir as intenções de voto na, agora, “vítima” Bolsonaro. Os seus queridos filhinhos vieram logo dizer que o agressor queria “atingir o seu pai no coração”, “que era para o matar”, mas que, na verdade isto só vai fazer com que “seja eleito no primeiro turno”. Pois.

 

Esfaquear um homem no abdómen ao ponto de o matar requer força, rapidez e ângulo de ataque. Como se pode constatar nas imagens, o indivíduo acusado aproximou-se de Bolsonaro (que estava às cavalitas de alguém e rodeado por seguranças) com uma suposta faca, embrulhada naquilo que parece ser um pedaço de jornal e, a uma distância considerável desfere um “golpe” com a mesma destreza de quem está a pendurar bolinhas na árvore de Natal. E, o mais engraçado, é que não se vislumbrou uma única gota de sangue. Será que o homem não tem sangue? É provável que não. Apesar de um médico ter dito que Bolsonaro chegou ao hospital (da Santa Casa, saliente-se) muito fraquinho e esvaído em sangue, a verdade é que ninguém viu uma única gota. Caramba! Não custava nada simular também o sangramento. Fraquinho. Muito fraquinho mesmo. Espero que, pelo menos, saibam engenhar uma cicatriz convincente.

 

Recorde-se ainda que a história que começou a circular foi a de que Bolsonaro havia sofrido vários esfaqueamentos e que tinha uma lesão hepática muito grave. Depois vieram esclarecer que, afinal, a perfuração tinha atingido os intestinos, mas não menos grave. Indagando um pouco mais verificámos que, na verdade, o agressor só lhe fez um cafuné.

 

Ora, posto isto, aqui está uma bela história para uma telenovela. Os queridos apoiantes de Bolsonaro antevêem que o final da história será vencer a eleição logo no primeiro turno. Pois para mim, apesar do que diz uma sondagem relâmpago, o Jair já era.

 

O povo brasileiro não é tão estúpido como a extrema-direita pensa.

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