Marcelo disponível para inverter o ónus da prova
Este post é também um workshop para aqueles que se dizem jornalistas
Relativamente ao escandaloso caso que envolve o tratamento de duas crianças brasileiras no Hospital de Santa Maria (Lisboa), Marcelo Rebelo de Sousa garante que não teve nenhuma influência.
O Presidente da República diz que não falou com ninguém sobre esse assunto, “nem Primeiro-ministro, nem ministra, nem secretário de Estado, nem à presidente do hospital, nem nenhuma responsabilidade de director de serviço do hospital”. Portanto, não falou com ninguém.
Mas depois acrescenta a seguinte afirmação: “Naturalmente que, como em tudo na vida, se vier a aparecer alguém que diga que eu o contactei ou que fiz qualquer pressão ou empenho ou pedido, aí eu sou o primeiro a ir a tribunal para esclarecer isso”.
Ou seja, aquilo que Marcelo Rebelo de Sousa disse foi que se alguém se atrever a inventar semelhante calúnia sobre a sua pessoa, ele será o primeiro a disponibilizar-se para ir a tribunal esclarecer.
Como, senhor Presidente?
Eu julgava que alguém que proceda a uma acusação falsa que fere a honra e a reputação de outra pessoa é que tem de provar aquilo que diz, com factos. Eu achava que o ónus da prova recaía sobre o acusador e não o contrário. Mas como o especialista em direito é Marcelo, devo ser eu que estou errado.
Por fim, só mais um recadinho para os senhores jornalistas. Nenhum teve a perspicácia de confrontar o senhor Presidente da República com a incompatibilidade das suas afirmações. Ou então limitaram-se a cumprir as directrizes que provêm de quem lhes paga. De uma forma ou de outra, não deveriam atrever-se a considerarem-se jornalistas. Jornalismo é outra coisa.