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Contrário

oposto | discordante | inverso | reverso | avesso | antagónico | contra | vice-versa

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RAPIDINHA

Marcelo e Costa deviam pôr a mão na consciência

A actual situação de descontrolo da pandemia que se verifica na região de Lisboa e Vale do Tejo não está desligada daquilo que tem sido o comportamento das mais altas figuras da nação.

Ao contrário do que afirma Marcelo Rebelo de Sousa, parece-me óbvio que há um problema de controlo das cadeias de contágio na região de Lisboa e Vale do Tejo. Marcelo e Costa podem vir com as mais estapafúrdias conjecturas sobre as causas de tal descontrolo, que só vão convencer os convencidos. Podem ainda querer alijar culpas e insinuar que o problema é da construção civil e coisa e tal, como se no resto do país a construção civil estivesse parada.

Para mim está claro que o descontrolo se deve à falta de civismo e mau comportamento de algumas pessoas, sobretudo as camadas mais jovens da população, mas não exclusivamente. É óbvio que situações como a dos transportes públicos apinhados de pessoas também não ajuda nada mas, pelo menos aí, as pessoas estão com as máscaras colocadas, algo que não se verifica noutros sítios.

Ora são festas privadas, ora enormes filas de jovens em postos de combustível, ora voluptuosas aglomerações em espaços públicos, tudo isto com muito álcool à mistura e, claro está, sem qualquer tipo de preocupação com distanciamento e protecção das vias respiratórias.

Nada alheio a tudo isto estão o comportamento e as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa, aquando das diversas fases do desconfinamento. Se bem se lembram, mesmo fora da época balnear (ainda em pleno mês de Maio) Marcelo e Costa foram a correr para a praia, incentivando a população (que estava fartinha de estar confinada) a sair de casa, a ir às praias, às esplanadas, aos restaurantes, às lojas, ao Campo Pequeno assistir a espectáculos para mais de duas mil pessoas, entre outros impetuosos apelos.

De entre todas estas sandices, a pior é mesmo a da ida à praia em pleno mês de Maio. Vejam bem, em pleno período de pandemia, quando o hospital de campanha de Ovar ainda recebia doentes, Presidente da República e Primeiro-Ministro decidem ir à praia, porque estava um calorzinho bom. Como se as praias não fossem locais de aglomeração de pessoas e como se a distância de 1,5 metros fosse suficiente para impedir a propagação do vírus.

Isto são comportamentos absolutamente inaceitáveis neste contexto. Não me venham com desculpas de que é necessário incentivar a economia, porque não é possível ter as duas coisas. E os primeiros sinais já estão à vista de todos.

Primeiro foram a correr para a praia e agora atiram-nos areia para os olhos.

Não quero com isto dizer que aquilo que se está a passar na região de Lisboa e Vale do Tejo é da exclusiva responsabilidade de Marcelo e Costa, mas nenhum deles se pode orgulhar das atitudes que tiveram assim que se começou a desconfinar. É óbvio que as pessoas mais imaturas e irresponsáveis (e são tantas) viram nos comportamentos do Presidente da República e do Primeiro-Ministro uma auto-estrada (sem portagens) para o relaxamento desregrado e para a prevaricação.

Então não sabem que muitos portugueses só são cumpridores dos preceitos cívicos quando têm medo ou se sentem ameaçados? Assim que o medo é vencido, neste caso por pura estupidez e não por valentia, são os primeiros a desrespeitar tudo e todos.

 

P.S. Gostaria apenas de lembrar que a época balnear no norte do país ainda nem sequer teve início.