Um Primeiro-ministro que - ao ser acusado de ter mentido ao país - vai a correr para uma rede social dizer aquilo que disse, só demonstra que ficou DESESPERADO com a acusação de que foi alvo. Só o facto de ter escrito em maiúsculas é suficientemente demonstrativo de um muito incómodo desespero.

Há, neste tipo de reacção, a habitual ligeireza com que a classe política “faz política”. Podem vir com a conversa de que agora é normal, que as redes sociais são um veículo importante de comunicação, mas não deixa de ser absolutamente ridículo que os políticos recorram constantemente às redes sociais – sobretudo esta, que eles tanto demonizam – para fazer queixinhas ou responder a provocações adolescentes.

Também muito engraçado e recorrente é constatar a reacção em cadeia – totalmente orquestrada – de “jornalistas” e seus “comentadeiros” às afirmações proferidas por André Ventura. Uma vez mais, todos se aprontaram a criticar a postura do líder do Chega, acusando-o de se comportar de forma execrável e de acusar o Primeiro-ministro de mentir, algo que - segundo eles – é uma novidade na política em Portugal, já que nunca antes alguém se atreveu a comportar-se desta maneira. Ainda acrescentam que se trata do efeito Trump. Também este nunca fica de fora da equação.

Realmente é preciso uma latosa do tamanho do mundo. Com que então nunca antes algum dirigente político acusou outro – sobretudo governantes – de mentir ao país. Também nenhum havia proferido a palavra “vergonha” na Assembleia da República, não é verdade?

Montenegro mentiu? Bem, relativamente a este caso não sei, não estava lá. Aquilo que sei é que Montenegro mentiu a vida toda, tal como quase todos os políticos dos partidos do poder. Já se esqueceram que, durante a campanha eleitoral, Montenegro afirmou e garantiu que nenhum pensionista teria uma pensão de valor inferior a 600 euros? Fica apenas este exemplo.

Já em relação ao Ventura, importa apenas salientar que este tipo de passaroco só existe – tal como Trump –, precisamente devido à putrefacta classe política que ocupa e usurpa as instituições públicas e do poder há várias décadas. Sendo que não podemos deixar de fora a prostituída comunicação social que - também há décadas – só serve para defender e promover o poder instituído e atacar todos quantos se metam no seu caminho.

Isso é que é realmente grave.