Moedas a seguir as pisadas de Relvas
Ainda se lembram quando Miguel Relvas cantarolou o tema “Grândola, Vila Morena”? Pois agora foi a vez de Carlos Moedas trautear, ou melhor, fazer de conta que se alegra e se identifica ao escutar o tema “Bella Ciao”.
O PSD é, de facto, a melhor escola para um político poder fazer uma longa carreira parecendo ser aquilo que não é. Mesmo quando eles não conseguem esconder minimamente os seus tiques fascistas.
Em relação ao boicote que as autoridades israelitas e várias empresas fizeram à Web Summit, apenas porque o seu fundador – Paddy Cosgrave – fez uso do direito à liberdade de expressão, Carlos Moedas vem dizer que “este não é o momento para comentários” e que é preciso distinguir “aquilo que é o fundador e o que é a empresa”. O que significa dizer que Paddy Cosgrave é um indivíduo que tem que ser censurado e cancelado, porque se atreveu a dizer a verdade.
Por outro lado, Moedas não quer que se fale em cancelar a Web Summit, porque considera que a realização do evento é algo superior à paz no mundo e, por essa razão, apela para que se ignore – tal como ele sempre ignorou – os crimes de guerra que Israel perpetra na Palestina, para que se possa realizar tranquilamente o evento em Lisboa e depois, só depois, se houver tempo e pachorra, então lá poderemos dizer uma ou outra coisa sobre o massacre em Gaza. E já sabemos que da parte de Moedas não virá nenhuma crítica a Israel, muito pelo contrário.
Eu não estou a dizer que a Web Summit deva ou não ser cancelada, o que digo é que o seu fundador não deve ser cancelado, muito menos censurado, por ter emitido uma opinião que deveria ser assumida e aplaudida por todos quantos enchem a boca com a “liberdade”, a “democracia” e os “direitos humanos”.
Saliente-se sempre, e uma vez mais, que a Web Summit não tem qualquer interesse para o povo português ou para a cidade de Lisboa. Este evento só interessa a Moedas, pelo palco e projecção que dá à sua imagem de falso benfeitor da cidade e de falso defensor dos valores da democracia.