“Mon corps mon choix”? Oui, mais…
Os franceses são os maiores. Foram os primeiros a consagrar na “sagrada” Constituição, o direito ao aborto ou, como o “mundo livre” gosta de apregoar, a “interrupção voluntária da gravidez”. Não é um aborto. Isso é uma coisa muito feia, que nenhuma mulher seria capaz de fazer. Agora, uma interrupção voluntária da gravidez, sim. Isso é perfeitamente normal, aceitável e, agora, constitucional.
Curiosamente, estes patetas que gostam de atribuir eufemismos a todas as suas campanhas, são os mesmos que caíram em cima do Kremlin por chamar de “operação militar especial” à invasão da Ucrânia. Os russos já deveriam saber que os eufemismos só são permitidos no “mundo livre”.
Portanto, um dos países que mais aprecia desfraldar a bandeira do “mundo livre” decidiu escrever na pedra, que as mulheres devem ter o direito de pôr termo a uma vida, que não é a sua. Saliente-se que não havia qualquer necessidade de o fazer, uma vez que esse “direito” já se encontrava na lei. Mas esta gentinha sentiu a necessidade de ir mais longe, ao ponto de ter que proceder a uma alteração constitucional. Apenas para voltar à carga com um assunto que estava adormecido, mas que muito ajuda na propaganda daqueles que desesperam pela fabricação de assuntos, que desviem a atenção das pessoas daquilo que é essencial.
A lei foi votada pela esmagadora maioria dos senadores e deputados franceses e, de seguida, houve festarola junto à Torre Eiffel a pisca de contente. E não há nada como umas luzinhas a piscar, para encher a maralha de conforto. Bem escarrapachado na torre, voltou a aparecer o slogan de campanha “Mon corps, mon choix” (meu corpo, minha escolha), aquele que foi enfiado na gaveta durante a campanha de vacinação contra a Covid-19.
É assim no “mundo livre”. “Teu corpo, tua escolha”, quando a tua escolha corresponde ao que eu quero. “Teu corpo, minha escolha”, quando ousares contrariar-me.
E quem se atrever a pisar o risco será “emmerdado”. Não é assim, monsieur dictateur Macron?