Não há esperança nem democracia
Não há esperança, quando trabalhadores com salários baixos e reformados com pensões miseráveis se acercam da AD e do PS para lhes suplicar compaixão.
Não há esperança, quando jovens que deixam o país em busca de condições que cá não encontram, continuam a votar – maioritariamente – nos únicos partidos com responsabilidades governativas, nos últimos 50 anos.
Não há esperança, quando tantos eleitores “decidem” votar apenas em dois partidos, como se não houvesse alternativa. Quando “escolhem” o seu voto como quem escolhe o clube que, como sabemos, quase nunca é uma escolha, mas uma imposição ou uma espécie de herança. Tenho visto e ouvido, nesta campanha, muitas pessoas na rua a dizer que vão votar no PSD ou no PS, porque sempre o fizeram.
A vida das pessoas está pior. A saúde está uma desgraça (nunca é demais recordar que os portugueses estão proibidos de ir às urgências, mas os políticos são tratados como VIP), a educação é uma anedota, o acesso a algo tão essencial como a habitação está cada vez mais difícil (mas os políticos compram casas de milhões e sem pagar impostos), o cabaz de compras essenciais está em níveis estratosféricos, o preço da energia, da água e dos combustíveis não param de aumentar e a maioria dos portugueses aufere salários muitos baixos e pensões miseráveis. Mas, fazer o quê? “Nós sempre votamos no PSD e/ou no PS”, “os outros não fariam melhor”, etc.
Assim não há esperança. Nem democracia.