Não há maior verdade que a da zangada comadre
Para quem já se esqueceu, eu gostaria de relembrar que nas últimas eleições europeias (em 2014), PSD e CDS foram a votos em coligação. As figuras de proa de ambos os partidos eram os mesmos de agora, ou seja, Paulo Rangel do PSD e Nuno Melo do CDS. E que bem eles se entendiam na altura, falavam a uma só voz, caminhavam de mãos dadas e conjugavam o verbo “Sócrates” de manhã à noite.
O cenário em 2019 não mudou muito, já que os dois actuais eurodeputados continuam a encabeçar as listas dos respectivos partidos, só que desta vez concorrem separados. Até agora, a menos de uma semana das eleições, ambos mantinham uma postura semelhante à que tiveram em 2014, sobretudo no que respeita à conjugação do verbo “Sócrates”, mas, eis que surgem novas sondagens, muito desagradáveis para o PSD, que fez soar o alarme e, acima de tudo, fez com que Rangel se irritasse e dissesse que para derrotar António Costa “só há uma alternativa e essa alternativa é votar no PSD. Todo o voto fora do PSD é um voto fútil…”, numa clara alusão ao voto no CDS, a quem Rangel pretende “roubar” votos.
Olhando para a afirmação de Rangel importa desde logo salientar que António Costa não está a concorrer nestas eleições. É certo que António Costa é o líder do PS, o partido do governo, contudo estamos numa campanha para as Europeias, convinha Rangel lembrar-se disso. Se falasse mais da Europa e das propostas que o seu partido tem para o projecto europeu, se é que as tem, talvez tivesse mais sorte.
Mas não podemos ignorar o facto de Rangel ter proferido uma grande verdade, que é o facto de o voto no CDS ser um “voto fútil”, não pela conjuntura actual, simplesmente porque votar no CDS é sempre uma inutilidade.
Mas que diabo! Quem é que se lembra de votar no CDS? Principalmente quando é Nuno Melo a encabeçar a lista…