O Avante e as avantesmas da comunicação social
Não pretendo pronunciar-me sobre se a Festa do Avante deveria ou não ser cancelada, porque isso levaria a que - por uma questão de honestidade – tivesse que proceder ao mesmo exercício face a todas as outras festas, romarias e eventos que têm decorrido um pouco por todo o país desde o desconfinamento.
Pretendo apenas abordar a postura de alguns jornalistas e comentadores que, protegidos e a soldo dos mais diversos órgãos de comunicação social têm criticado o Partido Comunista por levar avante a realização da Festa do Avante.
Desde Marques Mendes a Sousa Tavares, o que têm dito jornalistas e comentadores sobre este assunto? Desavergonhadas mentiras sustentadas num raciocínio primário e falacioso. É isso que têm feito, nos horários mais nobres dos noticiários e nas mais destacadas páginas da informação.
Entre outros disparates, têm afirmado que o Governo tem uma postura favorável e diferenciada em relação à festa comunista, alegando que António Costa está apenas a piscar o olho ao PCP, com o objectivo de obter o seu apoio em futuras negociações orçamentais. Ora, é preciso ser-se muito estúpido ou fazer-se passar por, para afirmar que o Governo tem uma postura diferenciada em relação à Festa do Avante, no contexto da pandemia. Desde logo, porque não é o Governo que estabelece as regras sanitárias, mas sim as autoridades da saúde. Mas, admitindo que as autoridades de saúde estão na hierarquia do Estado e, por conseguinte, dependentes do seu órgão máximo – o Governo – a verdade é que não há qualquer tratamento preferencial em relação à festa comunista, muito pelo contrário.
Analisando o parecer da DGS sobre a Festa do Avante, facilmente se verifica que as regras são mais apertadas comparativamente a outros eventos e situações de aglomeração populacional.
Alguns comentadores e alguns jornalistas não se coibiram de fazer a habitual triste figurinha ao afirmar que o Governo proibiu a realização dos festivais de Verão, mas não proibiu a Festa do Avante. Ora, mais uma tremenda e descarada mentira. Caros senhores dos espaço nobre da comunicação social, tenho a informar-vos que os festivais de Verão não foram proibidos, aliás, alguns até se realizaram. Provavelmente, os senhores estavam muito entretidos nas praias algarvias, ou a fumar um charuto numa bela esplanada que não deram conta de nada.
Nenhum festival foi proibido, os promotores dos principais festivais de Verão é que optaram por cancelar os respectivos eventos, provavelmente porque a sua realização não era economicamente viável.
Nenhuma destas avantesmas do comentário “nobre” foi ou é capaz de criticar as aglomerações de pessoas nas praias, por exemplo. Provavelmente porque estiveram entre os milhares de pessoas que têm pejado os mais concorridos areais de Portugal. E, como sabem, nas praias não se usa máscara, algo que será obrigatório na Festa do Avante.
Também ninguém parece estar preocupado com as inúmeras enchentes em restaurantes, bares e esplanadas que acontecem todos os dias, onde as pessoas não estão protegidas pelas máscaras, com especial preocupação para os espaços fechados, onde o risco de contágio é muitíssimo maior.
E nenhum desses comentadores encartados, em especial o senhor Sousa Tavares, mostrou preocupação com a realização de touradas no Campo Pequeno, porque só na imensidão de um espaço ao ar livre como é o caso da Quinta da Atalaia é que o bicho se pega.
Tenham vergonha na cara e se querem falar no assunto tenham a coragem de dizer a verdade, porque é para isso que vos atribuíram a carteira profissional e vos permitem actuar como órgãos de comunicação social.
A Festa do Avante é, até ao momento, o evento com aglomeração de pessoas ao ar livre com as regras mais apertadas, ainda mais rigorosas face às que alguns ajuntamentos em espaços fechados estão sujeitos. O número de entradas permitidas naquele espaço apresenta um número inferior ao número utilizado nas praias (n.º de pessoas/área), por exemplo, onde – nunca é demais repetir – ninguém usa máscara. Na Festa do Avante o uso da máscara será obrigatório. Além disso, nos concertos e comício, o público terá que assistir em lugares sentados e devidamente distanciados.
Eu aceito que se possa estar contra a realização da Festa do Avante, desde que os argumentos usados sejam verdadeiros e, acima de tudo, desde que se use o mesmo critério para avaliar a realização de outras situações. O que não é aceitável é constatar que alguns órgãos de comunicação social insistem em perseguir e denegrir a imagem de um partido político, apenas porque a sua ideologia lhes desagrada. Isso é que é profundamente discriminatório e não a atitude das autoridades públicas.